Até as 14h desta sexta, 80 PMs haviam sido presos na Operação Calabar, que busca 96 policiais acusados de corrupção. Ação também apreendeu armas, munições, drogas e dinheiro; veja lista.
Por Felipe Freire, Leslie Leitão e Diego Haidar, RJTV
Escutas telefônicas gravadas na operação Calabar, obtidas
pelo RJTV, mostram PMs negociando armas com traficantes e até aceitando
pagamentos parcelados. Até as 14h desta sexta-feira (30), 80 policiais e 22
traficantes haviam sido presos na maior operação de combate à corrupção de
policias da história do Rio de Janeiro.
No total, a ação busca cumprir 184 mandados de prisão, 96
deles contra policiais acusados de integrar esquema criminoso na região de São
Gonçalo. Armas, drogas e dinheiro foram apreendidos com a quadrilha (veja a
lista abaixo).
Várias gravações de conversas foram usadas pelos
investigadores para concluir a denúncia.
Em uma das escutas, um PM negocia diretamente a venda de
pistolas 9mm com um traficante.
Traficante: "E aquela nove lá que você falou em 2
x?"
PM: "tá interessado?"
Traficante: "tá interessado, 6 em 2 vezes que tu
falou".
PM: "faço, pra você eu faço, pô".
Em outra gravação, um traficante reclama com um dos PMs
envolvidos no esquema por não ter sido avisado sobre uma operação contra o
tráfico na região. "O mano falou que não tem como seguir assim, muita
polícia, agarrou no miolo, aí perdemos um dinheiro para soltar, aí soltaram um
miolo, aí ficaram com um monte de parada, pô, o bagulho nem parece ser papo de
homem, na moral", diz o bandido.
Nos grampos, um traficante negocia com um intermediário a
compra de um fuzil .556, que seria vendido por um PM. A arma custaria R$ 45
mil.
Traficante: "Pô, nós tem que comprar calibre grosso,
cara".
Intermediário: "Pode aguardar pra comprar, só que é
mais caro, é quarenta e cinco".
Traficante: "Se a gente chegar com 40 na mão, ele não
vende pra gente".
Intermediário: "40 tem que ser com o dinheiro dele já
incluído".
Apreensões
Os PMs envolvidos no esquema arrecadavam R$ 1 milhão por mês
com a venda de armas e de proteção para o tráfico. Durante a operação, foram
apreendidos os seguintes itens:
11 pistolas
3 simulacros de arma
29 carregadores
2 espingardas
712 munições
29 carregadores
60 celulares
119 frascos de pó branco
2 facas
R$ 10 mil reais
19 agendas, além de anotações do tráfico
8 relógios e joias
33 radinhos
3 placas frias de carro
3 computadores
2 facas
PMs de UPPs deslocados
A operação Calabar esvaziou o 7º Batalhão (São Gonçalo), já
que os presos eram lotados ou tinham alguma ligação com os PMs de lá. Por isso,
40 PMs que estavam trabalhando em UPPs foram chamados para substituir os que
estão na cadeia.
Outros 26 vão entrar no 12º Batalhão (Niterói), pois parte
dos PMs presos tinha sido transferida para lá durante as investigações.
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