Uma estudante de jornalismo de 18 anos abriu boletim de ocorrência contra dois policiais militares na tarde de hoje na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher, em Manaus (AM).
A jovem, que pediu para não ser identificada, foi vítima de violência policial durante uma abordagem realizada na tarde de ontem, no centro da capital. A ação aconteceu em uma praça do conjunto residencial Prosamim do Mestre Chico, em plena luz do dia, e foi flagrada por uma testemunha não identificada.
O vídeo que mostra a agressão viralizou nas redes sociais e tem causado revolta. Nas imagens, é possível ver a vítima sentada no banco da praça quando, aparentemente sem motivo, um dos PMs dá um tapa em seu rosto. Com a força da agressão, a jovem caí no chão e é ajudada por um rapaz.
Ela conta ao UOL, porém, que antes disso um dos policiais já havia tentado quebrar o braço dela. De acordo com a vítima, a agressão aconteceu após os polícias acusarem a vítima de estar filmando a abordagem.
"Foi uma coisa bem inusitada porque eu não esperava. Um dos policiais já chegou perguntando se eu estava filmando. Respondi que não. Ele pediu para eu mostrar meu celular. Mostrei e ele ficou três minutos mexendo no meu celular. Na hora que eu estiquei minha mão para pedir meu celular de volta, ele tentou quebrar meu braço", contou a jovem.
A jovem diz que depois disso os dois PMs tentaram levá-la à delegacia e, após terem a conduta questionada, aconteceram agressões físicas e verbais.
"Questionei se era dessa forma que eles honravam as fardas e ele me xingou de quenga e me deu um tapa no rosto somente porque pedi meu celular. Eu não estava filmando", afirmou.
A estudante declara que está bem fisicamente, mas não esconde que tem medo de ser identificada por membros da corporação, já que o local onde aconteceram as agressões faz parte de seu itinerário.
"Eu estava na praça que fica perto da faculdade onde estudo. Estava de passagem porque fica perto da minha casa. Não sei como me sinto. Fico revoltada em saber que isso pode não resultar em nada. Sei que eles foram afastados, mas e depois? E quando eles voltarem a trabalhar? Como vai ser? Eu ando por ali diariamente. Essa é uma situação que não pode ficar impune. Não tenho como confiar [na polícia]", finalizou.
Por meio de nota, a Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da Polícia Militar do Amazonas informou que os policiais envolvidos serão afastados e um Inquérito Policial Militar vai analisar a conduta dos profissionais da 24° Companhia Interativa Comunitária que participaram da abordagem.
Veja a nota na íntegra:
Informamos que a Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da PMAM está acompanhando o caso e será instaurado Inquérito Policial Militar para analisar a conduta dos policiais da 24° Companhia Interativa Comunitária envolvidos em uma ocorrência na tarde da última terça-feira (06.09).
Ressaltamos que os policiais serão afastados de suas atividades operacionais até a conclusão do processo. Todos os elementos apresentados durante a ação investigatória serão apurados da forma transparente que o caso requer, respeitando o direito ao contraditório e à ampla defesa.
A Polícia Militar não compactua com abusos, excessos e comportamentos que contrariem a lei e a ordem. A Corporação preza sempre pelo bem comum, com o dever de servir, proteger e preservar os direitos individuais e coletivos".
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