Celular registra mortos de chacina em SP, no chão, com as mãos na nuca
Investigadores suspeitam que policiais mudaram a cena do crime, em Carapicuíba. Três policiais militares foram presos.
09/10/2015 21h36 - Atualizado em 09/10/2015 21h36
Em São Paulo, um vídeo gravado por celular foi decisivo na prisão de três policiais militares suspeitos de alterar a cena de uma chacina, no mês passado.
Carapicuíba, na Grande São Paulo, às 00h20 do dia 19 de setembro, logo depois de uma chacina, uma pessoa gravou imagens com celular. Os quatro rapazes já estavam mortos quando a primeira equipe da polícia chegou. Dois deles estavam com as mãos atrás da nuca quando foram executados.
Naquela madrugada da chacina, a perícia foi até Carapicuíba. Os peritos recolheram cápsulas de balas que ficaram no chão e fotografaram cada uma das vítimas. Na semana passada, os investigadores compararam o vídeo com fotos e aí notaram que que havia algo errado.
Para os investigadores, ficou claro que alguém tinha mexido nos corpos. O rapaz de camisa de escura, visto com a mão na nuca, já estava com os braços abertos. Na quinta-feira (8), três policiais militares foram presos. Eles estavam juntos, no primeiro carro da polícia que chegou no local da chacina. Segundo a corregedoria, eles alteraram a cena do crime para enganar a perícia.
Um outro PM já havia sido preso. O soldado Douglas Gomes Medeiros é um dos suspeitos de atirar nos rapazes. A investigaçã mostrou que o PM, que estava de folga, quis se vingar porque dois rapazes tinham roubado a bolsa e agredido a mulher dele.
O relatório da investigação diz que houve uma divisão de tarefas entre os assassinos e os policiais militares que estavam de serviço.
Num depoimento, o vídeo foi mostrado para o sargento Aquiles, chefe da equipe suspeita de ter alterado a cena do crime. Primeiro ele confirmou que os corpos estavam na mesma posição das fotos. Depois de assistir o vídeo, disse que não consegui ver com detalhes a posição dos corpos porque estava escuro.
Na quinta-feira (8), ao falar sobre o caso, o secretário de segurança de São Paulo disse que a colaboração das testemunhas foi essencial.
“Nós, após analisarmos as imagens, falarmos com testemunhas, vocês acompanharam que havia imagens em que eles estavam com os braços atrás da nuca e depois eles estavam de outra forma. Há indícios que esses três policiais que chegaram, os primeiros a atender a ocorrência, esses três policiais mudaram a cena do crime”, disse Alexandre de Moraes, secretário da Segurança Pública-SP.
A multiplicação de câmeras de segurança e a coragem das testemunhas estão ajudando a esclarecer outros crimes recentes, como o dos dois rapazes que fugiram depois de roubar uma moto na Zona Oeste de São Paulo.
Um foi morto diante de uma câmera de segurança, depois de estar dominado. E com um celular, um morador da região gravou o outro suspeito sendo jogado de um telhado. E registrou o barulho de dois tiros num intervalo de 13 segundos. Ao todo, 11 policiais foram presos.
Na chacina de Osasco e de Barueri, câmeras de segurança de um bar gravaram a chegada de cinco homens encapuzados e o assassinato de dois rapazes. Uma jaqueta azul, igual a de um dos atiradores, foi apreendida na quinta-feira.
Imagens de dois carros usados pelos assassinos, e que aparecem em câmeras de segurança, mostraram que o mesmo grupo participou dos ataques. Seis policiais militares de Osasco e um Guarda Civil de Barueri estão presos.
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