Uma operação feita pela Polícia Civil e pelo Ministério Público nesta quinta-feira, cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão para desarticular uma narcomilícia que atua em bairros da Zona Oeste do Rio. A quadrilha é conhecida por atuar com extrema violência e dividir seus integrantes em núcleos, seguindo uma hierarquia. Entre eles, mãe e filho atuavam juntos.
Ana Lúcia da Silva Alves, de 54 anos, é mãe de Gabriel da Silva Alves, o Biel, considerado o número três na hierarquia do grupo paramilitar e que continuava foragido até o fechamento desta reportagem. Ela foi presa em casa, na comunidade Pombo sem Asa, em Vargem Grande. Em interceptação telefônica autorizada pela Justiça, os investigadores descobriram que Ana Lúcia teria ordenado a morte de policiais civis que estavam investigando a quadrilha.
A Operação Porto Firme foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, com apoio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e da Corregedoria da Polícia Militar. Os agentes tinham 16 mandados de prisão e 51 de busca e apreensão em diversos bairros para cumprir. A quadrilha é acusada de praticar crimes como extorsão, ameaças e homicídios e tem como chefe um oficial da Polícia Militar. Ao todo, três PMs foram alvo da ação.
De acordo com promotores do MP, na estrutura do grupo, o capitão da Polícia Militar Leonardo Magalhães Gomes da Silva, também conhecido como Capitão, assumia o topo do comando, tendo o cabo Fernando Mendes Alves, o Biro, como braço-direito.
Leonardo atualmente está lotado na Diretoria Geral de Pessoal, chamada de “geladeira da PM”. Ele já é considerado foragido e estaria em Búzios, na Região dos Lagos do Rio. Já Biro estava trabalhando na Operação Centro Presente quando foi preso ontem.
Além do cabo Fernando e de Ana Lúcia, foram presos Celso Marcelino da Silva, de 29 anos; Pedro Caíque Barbosa Pereira, de 27, e Marlone Ferreira dos Santos Costa, o Baiano, de 29.
Dois anos de investigação
De acordo com a denúncia do Ministério Público, por meio do Gaeco/MPRJ, o capitão Leonardo é acusado de tráfico de drogas, extorsão, agiotagem, corrupção, além de grilarem de terra, mesmo estando na PM. A Draco e a Corregedoria da Polícia Militar apoiaram a ação de ontem, que contou com o trabalho de 200 policiais.
— Lamentamos que esses (policiais) estejam envolvidos nesse tipo de criminalidade. Hoje é mais uma ação de combate às organizações criminosas — disse o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP).
A investigação, que culminou na Operação Porto Firme, começou em dezembro de 2018, após o desmembramento da apuração do assassinato do também miliciano Marcus Vinícius Calixto.
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Os policiais descobriram que a quadrilha traficava drogas e armas e atuava como uma milícia armada em diversos bairros da Zona Oeste (entre eles, Jacarepaguá, Vargem Grande e Vargem Pequena). A apuração chegou também a um oficial da PM, apontado como chefe do tráfico de drogas e da milícia que atua em diversos pontos de Jacarepaguá.
Mãe e filho que atuavam juntos em milícia são alvo de operação: Ana Lúcia teria mandado matar policiais
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