Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Coronel Fernando da Graça Lemos, assessor de imprensa do Comando Militar do Leste: "99% da imprensa apoiou a nossa ação"

Por Pedro Venceslau, enviado ao Rio de Janeiro
Fotos: Sergio Huoliver
 28/03/2006 12:20
Durante a polêmica ocupação do Exército aos morros do Rio de Janeiro para recuperar as armas roubadas por traficantes de um quartel, coube ao coronel Fernando da Graça Lemos, assessor de imprensa do Comando Militar do Leste, fazer o meio de campo com os jornalistas. Na área de comunicação há 3 anos, Lemos é parada obrigatória para os repórteres que desejam ouvir a versão oficial do Exército ou acompanhar de perto as ações dos militares contra o tráfico. Nesta entrevista para Portal Imprensa, concedida em sua sala, no 8º andar do Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro, Lemos rebate a Folha de S.Paulo, que denunciou um suposto acordo entre traficantes e Exército. Confira:

Portal Imprensa - O senhor reconhece que houve, como noticiou a Folha de S.Paulo, um acordo entre o Exército e o Comando Vermelho?
Cel. Graça Lemos -
O Exército não reconhece que tenha havido esse acordo. Não negocia com bandidos. Os traficantes resolveram devolver o armamento porque era mais barato do que ter prejuízo pela venda de drogas.

Portal Imprensa - Se não houve acordo, por que o Exército demorou tanto para chamar a imprensa? É verdade que as armas estavam aqui (no Comando Militar do Leste) desde domingo?
Cel. Graça Lemos - 
Isso não tem cabimento. Quanto mais cedo nós recuperássemos o nosso armamento, melhor seria. Estamos falando da eficiência e da eficácia do Exército. As nossas tropas estavam começando a ficar desgastadas. Por que forçaríamos mais três dias de cansaço?.
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"Isso (o acordo com o tráfico) não tem cabimento. Quanto mais cedo recuperássemos nosso armamento, melhor seria"
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Portal Imprensa - A imprensa teve acesso irrestrito às ações do Exército?
Cel. Graça Lemos - 
Em 94 (quando o Exército ocupou os morros) a imprensa foi proibida de seguir a nossa tropa nas ações. Nesse ano, foi totalmente liberado. Inclusive, no morro da Providência, quando houve troca de tiros entre o Exército e os traficantes, uma jornalista que ficou no meio do fogo me ligou pelo celular pedindo pelo amor de Deus para que alguém fosse retirá-la do local... Essa repórter se distanciou um pouco mais do que devia e acabou no meio do tiroteio. Aí nós mandamos uma patrulha ir até ela para retirá-la do local.



Portal Imprensa - Quem é responsável pela segurança dos jornalistas em uma ação como esta?
Cel. Graça Lemos - 
O risco eles assumem. Quando os jornalistas chegavam ao local, recebiam do comandante quais eram as áreas de risco. E depois estavam livres para cumprir a sua missão.
Não proibimos ninguém de ir a lugar nenhum para não dizer que nós estávamos retirando liberdade da imprensa.

Portal Imprensa - O senhor acha que a Folha errou ao publicar a matéria que denunciou o suposto acordo?.
Cel. Graça Lemos -
 O Exército e a imprensa investigativa trabalham com informantes. Dependendo do que nós sentimos do informante, acreditamos ou não na informação. A imprensa também deve agir assim.
Nesse caso, a fonte deve ter elucubrado mais do que deveria. Ou, quem sabe, se desviado da verdade.

Portal Imprensa - O senhor acha que a imagem do Exército saiu fortalecida ou enfraquecida depois da ocupação? A matéria sobre o acordo abalou a moral da tropa?
Cel. Graça Lemos -
 99% da imprensa apoiou a nossa ação. Cheguei a receber 105 telefonemas de jornalistas. Eu não conseguia falar com todo mundo, mas tentei dar à imprensa todas as informações que eu possuía. E eles sentiram-se motivados a não fazer elucubrações. Agora, a Folha de S.Paulo (que fez a matéria sobre o acordo), está a quinhentos quilômetros do Rio de Janeiro. Ela não vive a nossa rotina. Já os jornais do Rio O Dia, o ExtraO GloboJornal do Brasil, nos deram apoio total. Em São Paulo, o Estadão também nos apoiou.



Portal Imprensa - O Exército pretende mover alguma ação judicial contra a Folha?.
Cel. Graça Lemos - 
Eu acho que não. Até o momento nós não recebemos nenhuma notícia sobre esse fato.

Portal Imprensa - Por que o Exército liberou a participação dos jornalistas nas ações do Exército dessa vez?
Cel. Graça Lemos -
 Isso vem acontecendo no mundo inteiro. Hoje em dia, numa Guerra do Iraque, por exemplo, o que morre de jornalistas...Eles estão na frente do combate. Querem é a notícia. Certo? Então nós achamos que deveríamos agir da maneira como está sendo. Como o mundo inteiro faz.

Portal Imprensa - Por que só a Globo estava no local onde as armas foram encontradas?
Cel. Graça Lemos - 
Por acaso só a Globo estava no local e informou na hora, em reportagem especial.

Portal Imprensa - E por que a Globo não pode ver as armas?
Cel. Graça Lemos - 
Porque o General decidiu que as armas deveriam ser apresentadas à imprensa aqui (Comando Militar do Leste), às oito horas da noite.
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"Uma jornalista que ficou no meio do fogo cruzado me ligou no celular pedindo pelo amor de deus para alguém tirá-la do local"
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Portal Imprensa - Por que não no local da ação?
Cel. Graça Lemos -
 Porque o local da ação não tinha um local preparado para isso. E porque queríamos apresentar (as armas) junto com Secretário de Segurança. Fizemos questão disso.

Portal Imprensa - Para finalizar: o Exército avalia que a Folha errou ao noticiar o acordo?
Cel. Graça Lemos - 
O jornal errou. Cabe a ele, agora, comprovar. Isso é a imprensa. Nós temos que nos habituar com ela. Não podemos ficar brigando, a não ser que ela nos ofenda a moral e a dignidade.

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