Bangue-bangue: nas imagens da boate, é possível ver o PM passando em frente ao policial civil. Eles se esbarram e o agente saca a arma. O policial militar também chega a pegar sua pistola, mas é alvejado antes. Pai e namorada da vítima passam mal em velório
Redação PragmatismoEditor(a)
O policial civil Péricles Marques Portela Júnior, de 39 anos, matou o policial militar Herison Oliveira Bezerra, de 38 anos, na madrugada da última segunda-feira (15) na casa noturna Barril 66, em Brasília (DF).
Câmeras da boate flagraram o momento do assassinato. Nas imagens (assisa abaixo), é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram e o policial civil saca a arma. O PM também chega a pegar a sua pistola, mas é alvejado antes.
Toda a cena ocorre diante de vários civis que estavam no local para se divertir. No momento dos disparos, a boate estava lotada. O estabelecimento tem capacidade para 1,5 mil pessoas.
A vítima levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos.
Testemunhas disseram que os dois já haviam discutido antes de ocorrerem os disparos. O militar teria ido ao banheiro e o agente ficou esperando na porta.
Outras testemunhas relataram que o agente mexeu com a namorada do militar. O tenente teria flagrado e repreendido a atitude do policial. Disse que ela estava acompanhada e pediu para o homem respeitá-la.
Péricles tentou fugir depois de matar Herison, mas foi contido por uma viatura da PM que estava próxima ao local do crime. Aos delegados, o policial civil alegou legítima defesa.
A esposa do PM quase foi atingida. Nas imagens flagradas pelas câmeras de segurança, ela aparece tentando socorrer o marido. Herison deixa um filho adolescente, de 16 anos.
VÍDEO:
Pessoas armadas na boate
Um policial militar que atendeu a ocorrência disse que estava na viatura, perto da boate, quando ouviu os disparos.
“Presenciamos muitas pessoas correndo, pulando a grade, as janelas. Tentamos ver se alguém estava armado, mas não vimos nada. Nos informaram que tinha um policial baleado no banheiro. Entramos e encontramos ao menos cinco pessoas armadas na boate, entre policiais civis e militares”, destacou o PM.
Ainda de acordo com o militar, o tenente Herison estava deitado no chão, ferido, em estado grave. O Corpo de Bombeiros foi acionado e a equipe tentou localizar o atirador.
“Uma testemunha afirmou que o atirador estava saindo do local. Corremos, pulamos a cerca e conseguimos detê-lo. Ele ficou dizendo que ia se entregar, mas demos voz de prisão e pedimos a arma”, contou.
Juíza mantém policial preso
Em audiência de custódia, a juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira converteu a prisão em flagrante de Péricles em preventiva. A decisão ocorreu na manhã desta terça-feira (16).
O policial civil Péricles Marques Portela Júnior
De acordo com a magistrada, “a análise dos autos revela a elevada periculosidade social do autuado, tendo em vista que, após um simples esbarrão em um estabelecimento comercial, que estava muito cheio, teria sacado sua arma de fogo e efetuado quatro disparos em desfavor da vítima, deixando-a totalmente sem possibilidade de reação”.
Para Flávia Oliveira, “o fato é grave e a prisão se mostra necessária”. “Ressalte-se que a atitude do autuado colocou em risco a vida de milhares de pessoas que estavam no local em busca de diversão”, assinalou a juíza.
Outro agravante, no entendimento da magistrada, é o fato de Péricles ser policial civil, “o que torna ainda mais reprovável a sua conduta, uma vez que deveria zelar pela garantia da segurança das pessoas e, no caso, de forma diametralmente oposta, criou a situação de absoluta insegurança no local”.
Velório
Herison Oliveira foi enterrado nesta terça. Familiares e colegas de trabalho da Polícia Militar do Distrito Federal prestaram as últimas homenagens ao PM.
A namorada do PM estava inconsolável e passou mal. “Volta para casa, meu amor”, pediu, aos prantos, durante o sepultamento. O pai de Herison também precisou de atendimento médico.
Colega do tenente, o soldado Miguel Pereira diz que o sentimento é de revolta e dor. “Era algo que poderia ter sido evitado”, destacou.
O policial militar Herison Oliveira Bezerra
Armas de fogo
Nas redes sociais, internautas lamentaram a tragédia e alertaram sobre os riscos do afrouxamento da posse de armas de fogo no Brasil. “Eram dois profissionais treinados. Imaginem os não-profissionais mal treinados”, observou um usuário.
A facilitação da posse das armas de fogo no Brasil foi publicada em um decreto pelo presidente Jair Bolsonaro no início do mês de janeiro.
O texto do decreto permite aos cidadãos residentes em área urbana ou rural manter até 4 armas de fogo em casa. O decreto também aumentou o prazo de validade do registro da arma. Era de cinco anos e passou para dez anos.
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 31 de dezembro, 61% dos entrevistados consideram que a posse de armas de fogo deve ser proibida por representar ameaça à vida de outras pessoas.
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