23/07/2013 - 19h23
Suspeitos de corrupção, diz Promotoria
LUCAS SAMPAIO
DE CAMPINAS
DE CAMPINAS
Seis policiais civis do Denarc (departamento de narcóticos) suspeitos de cobrar propina de traficantes ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Campinas (a 93 km de São Paulo) foram reconhecidos pelos supostos traficantes, informou o Ministério Público.
Oito pessoas fizeram o reconhecimento, entre elas cinco que estão detidas e três testemunhas.
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Dos nove policiais do Denarc detidos por suspeita de participação no suposto esquema, sete foram colocados frente a frente nesta terça-feira (23), em Campinas, com os supostos traficantes, também presos durante a investigação do Ministério Público.
Segundo o promotor Amauri Silveira Filho, apenas o policial civil Rodrigo De Longhi Gomes de Mello não foi reconhecido. Ele deverá ser liberado.
Entre os reconhecidos está o delegado Fábio Alcântara. Seu advogado, Márcio Sayeg, diz que ele é inocente. "Eles [os detidos] reconhecem o Fábio como o delegado do Denarc que presidiu os flagrantes. Mais nada. O Fábio é inocente."
Os supostos traficantes detidos foram liberados no fim da tarde e deixaram a sede do Ministério Público sob a escolta de PMs. Não houve acareação entre os policiais civis, como estava previsto.
A operação desencadeada na semana passada resulta de investigação iniciada em outubro de 2012 contra Wanderson Nilton Paula Lima, o Andinho, preso desde 2002. Segundo as investigações, ele ainda comanda o tráfico na região.
Escutas telefônicas realizadas durante as apurações levaram à identificação dos policiais, segundo o Ministério Público. Eles são suspeitos dos crimes de formação de quadrilha, extorsão, extorsão mediante sequestro e corrupção.
Dos seis policiais que estavam foragidos, três se entregaram nos últimos dias e participaram do reconhecimento de hoje: Danilo da Silva Nascimento, Jandre Gomes Lopes de Souza e Gilson dos Santos. Continuam foragidos Daniel Dreyer Bazzan, Leonel Rodrigues Santos e Silvio Cesar de Carvalho Videira.
SILÊNCIO
Dois policiais não quiseram participar nesta tarde do reconhecimento, organizado por promotores do Gaeco (grupo que investiga o crime organizado) de Campinas. São eles Mark de Castro Pestana e Renato Peixeiro Pinto, investigadores do 10º DP da cidade.
Os dois também se recusaram a depor, seguindo recomendação do advogado de ambos, Ralph Sttetinger Filho.
Na última quarta (17), eles já haviam adotado a mesma estratégia, alegando tempo escasso para análise do inquérito.
LIBERADOS
Clemente Castilhone Júnior, chefe da inteligência do Denarc, depôs no dia 17 e acabou sendo liberado no dia seguinte, após decisão da 6ª Vara Criminal de Campinas.
Ele havia sido detido sob suspeita de vazar informações da investigação. Sua liberação teve aval do Ministério Público, que descartou seu envolvimento com os traficantes.
Segundo o promotor Ricardo Schade, do Gaeco, o Ministério Público pedirá a soltura de Rodrigo De Longhi Gomes de Mello porque uma das testemunhas titubeou na hora de reconhecê-lo nesta tarde.
"Como o Ministério Público trabalha com 100% de certeza, por cautela, decidimos pedir a soltura desse policial."
Ainda de acordo com o promotor, os depoimentos e reconhecimentos serviram para reforçar as investigações.
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