Que sofreu na ditadura...
Enviado por luisnassif, seg, 27/05/2013 - 14:02Por Paulo Kautscher
Do Fuxico
O cantor deu entrevista no De Frente com Gabi e falou sobre quando foi preso pelos militares
Na madrugada desta segunda-feira (27) foi ao ar a entrevista de Marília Gabriela com Amado Batista no programa De Frente com Gabí do SBT.
E quando a entrevistadora falou sobre o Regime Militar, um dos momentos mais terríveis da história do Brasil, o papo ficou polêmico.
Amado contou que quando era jovem, entre 18 e 19 anos, trabalhava numa livraria e com este empregoconheceu e facilitou o acesso de alguns escritores, jornalistas e intelectuais aos livros proibidos na época, geralmente de filosofia, política, etc.
Foi aí que quando os militares investigaram aqueles intelectuais acabam chegando até ele, e prenderam Amado Batista, que ainda não cantava. Levaram-no à uma cela e o torturaram, e Amado contou:
“Me bateram muito. Me deram choques elétrico, e ainda um dia me colocaram com uma cobra”.
O músico ainda conta que fizeram muitas torturas psicológicas e ameaçam de morte o tempo todo, disse ele:
“Um dia me soltaram. Todo machucado. Fiquei tão atordoado que pensei em ser mendigo. Queria largar tudo. E virar andarilho”.
Marília citou a atual Comissão da Verdade que está ouvindo as pessoas e investigando alguns acontecimentos da tortura militar, e fez-lhe uma pergunta:
“Você não tem vontade de encontrar os caras que fizeram isso contigo? Ir a fundo, limpar esse passado?"
Amado causou surpresa em Gabí com sua resposta:
“Não. Eu acho que eu mereci. Eu fiz coisas erradas, então eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho”.
Marília boquiaberta retrucou: “Que coisa errada você fez?”
Amado prontamente disse:
“Eu acho que eu estava errado de estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o país à força”, e acrescentou: “Fui torturado, mas merecia”.
A repórter foi enfática: “Você passou para o lado de quem te torturou!”.
O cantor tentou finalizar o assunto dizendo que era passado e que achou que os militares estavam certos, pois se eles não fizessem “aquilo” o Brasil poderia ter se tornado uma Cuba.
Gabí disse que entendia a posição do músico, mas contou que Amado recebe uma indenização pela tortura no tempo da Ditadura Militar, oferecido pela Comissão de Direitos Humanos e da Lei de Anistia e quis saber o valor do salário mensal.
Amado resistiu um pouco, mas depois respondeu: “Eu recebo um salário de R$1 mil e pouco, todo mês desde algum tempo”, finalizou ele.
Marília lembrou-o que os militares também tomaram o poder à força e continuou a entrevista focando o papo em sua carreira e também em sua relação com os fãs.
Outra explicação, tão plausível quanto aquela, se encontra na dosimetria da pena imposta ao “arrependido”.
Alega o indigit., digo, indignado, que lhe bateram muito e até lhe colocaram junto com uma cobra.
Outros torturados não tiveram a mesma sorte: a remissão fálica da cobra lembra que estes, além de barbaramente torturados, foram seviciados, no sentido mais pungente da palavra…
♦ tido todas as suas unhas arrancadas, com torqueses ou congêneres;
♦ sido, realmente, torturado, à frente de seus familiares, às vezes, crianças, as quais carregam até hoje o trauma da imagem dos seus pais sendo massacrados;
♦ recebido “telefones”, “caldos” e simulações de execução, sentado, um dia só, na “cadeira do dragão”; e, por fim;
♦ tivesse tido que passar, um dia que fosse, escutando (não ouvindo — escutando) suas próprias “melodias”, ou, similarmente, um Sandy & Junior da vida, de forma irritantemente ininterrupta, como alguns meus vizinhos “Tibiriçá” sempre o fazem, talvez aí sim, achasse ele que o Brasil não estaria se tornando uma Cuba. O brasil estaria, isto sim, se tornando o Centro de Operações Condor. Mas aí ele precisaria dispor de alguma consciência política. Não é, definitivamente, o caso.