A droga arrochada está avaliada em R$ 12 milhões. Agora, o Denarc corre atrás para descobrir onde foi parar todo o entorpecente
Joana Queiroz
Os policiais militares presos em operações do Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) roubaram pelo menos 800 quilos de entorpecentes de traficantes, segundo investigações preliminares. Em um intervalo de 33 dias, foram duas operações com foco nesse crime, chamado popularmente de “arrocha”.
A droga arrochada está avaliada em R$ 12 milhões. Agora, o Denarc corre atrás para descobrir onde foi parar todo o entorpecente.
O titular do Denarc, delegado Rodrigo Torres, prefere não comentar o caso, mas garante que está trabalhando para chegar ao destino do material ilícito.
Os suspeitos, em seus interrogatórios após a prisão, preferiram ficar calados. Eles deveriam combater crimes, no entanto, de acordo com o delegado, estavam atuando no tráfico de drogas no Estado, e por consequência, estimulando diversos outros crimes contra o patrimônio e até homicídios.
PRIMEIRA OPERAÇÃO
A primeira operação ocorreu no dia 12 de janeiro, quando foram presos os policiais militares José Ricardo Martins Pereira, Heverson Socorro Pereira, Elson Carvalho, Canavarro, Enoque Nóbrega Gomes, Esdaile Silva da Costa e Magson Gomes de Souza. Eles são acusados de tirar de traficantes 250 quilos de droga, avaliados em R$ 3,7 milhões.
De acordo com as investigações do Denarc, a droga estava em um comboio de nove balsas petroleiras que tinha chegado a Manaus no dia 24 de novembro de 2023. O comboio estava transportando drogas em uma de suas 132 escotilhas da balsa 44.
Mais de 200 kg de drogas estavam em balsa petroleira. (Foto: Divulgação)
No dia 27 de novembro, policiais civis do Denarc foram até o porto do Itacal, no bairro Santo Agostinho, onde o comboio estava atracado. Eles agendaram inspeção nas balsas, que ocorreria no dia seguinte, às 09h30, com o auxílio do canil da Polícia Militar.
Ao chegarem ao local no dia marcado para a inspeção, os policiais do Denarc foram informados que fazia trinta minutos que policiais militares tinham ido até o local, em uma viatura, acompanhados de dois homens encapuzados.
Segundo testemunhas, os policiais militares retiraram dez sacos de dentro de uma das escotilhas e avisaram aos tripulantes para não comentarem nada, pois poderia “sobrar” flagrante para todos eles.
Os agentes do Denarc passaram a investigar o caso e, semanas depois, chegaram até a viatura caracterizada da PM, de prefixo 25-7117, pertencente ao Comando de Policiamento da Área Leste, 29ª Cicom, no bairro Mauazinho, e também aos policiais envolvidos, que acabaram sendo presos.
SEGUNDA OPERAÇÃO
Na operação do dia 15 de fevereiro, nove policiais militares foram presos, sendo oito da Força Tática. Eles são suspeitos de roubar mais meia tonelada de drogas.
Desta vez, usando as viaturas prefixos 25-7018 e 25-7019 da Polícia Militar, eles teriam buscado o entorpecente que estava enterrado em um sítio no município de Novo Airão (a 194 quilômetros de Manaus).
Os militares foram identificados como 1º Tenente Ricardo Lima, os cabos Caves, Melo, e D. Jansen; o 3º Sargento Melo Ribeiro, sargento S. Almeida; soldados A. Bezerra e F. Gomes
De acordo com as investigações, no dia 10 de janeiro deste ano, por volta das 12h, os policiais militares chegaram até uma residência na travessa Ariri, comunidade Mundo Novo, em Manaus, onde arrombaram o portão e renderam pessoas suspeitas de tráfico de droga: Marcos Ribeiro Ramos e outros dois homens.
Eles foram ameaçados e agredidos pelos militares, que também roubaram objetos pessoais, pegaram toda a droga que encontraram e, após serem informados sobre a existência de mais drogas enterradas em Novo Airão, se deslocaram em comboio até lá.
Segundo a investigação, foram usadas as duas viaturas prefixos 25-7018 e 25-7019 da Força Tática e mais o veículo modelo Tracker, de cor prata, placas QXV-1B24, para ir até o município buscar a droga.
Duas pessoas da casa foram levadas com eles. No local, foram desenterradas quase 600 kg de drogas do tipo maconha. Os homens foram liberados em Novo Airão e os policiais voltaram para a capital trazendo a droga, que não foi apresentada em nenhuma delegacia de polícia.
Após denúncia feita ao Ministério Público, os agentes do Denarc passaram a investigar o caso e conseguiram identificar as viaturas e os policiais envolvidos no desvio do material ilícito. Eles ainda não conseguiram saber o destino que foi dado à droga arrochada.
Material apreendido e a droga vinha do Peru pelos rios do Amazonas. (Foto: Divulgação)
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