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sábado, 1 de dezembro de 2018

PMs investigados por atirar em carro e causar mortes de refém e assaltante..

Os dois policiais estão detidos no presídio militar, em Goiânia. Juiz também ordenou que outros dois agentes sejam afastados de todas as funções.

Por Paula Resende , G1 GO

 




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Imagens mostram policiais atirando várias vezes contra carro com refém e assaltante
https://g1.globo.com/go/goias/noticia/pms-investigados-por-atirar-em-carro-e-causar-mortes-de-refem-e-assaltante-sao-presos-em-goias.ghtml

Após ordem judicial, foram presos na noite desta quinta-feira (30) dois policiais militares que são investigados por atirar em um carro roubado e causar a morte do assaltante e do refém, em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia. Após os disparos, imagens indicam que os PMs simularam uma troca de tiros e alteraram o local do crime (veja acima). Paulo Márcio Tavares e Gilmar Alves dos Santos estão detidos no Presídio Militar, na capital.


Além da detenção dos dois PMs, o juiz Thulio Marco Miranda determinou o afastamento dos militares Solimon José Martins e Flávio da Penha Gomes de todas as suas funções. A medida também já foi cumprida. A defesa dos policiais informou que recorrerá das medidas



crime ocorreu na noite de sábado (25). O auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, de 31 anos, foi abordado pelo assaltante na chácara onde mora com a família, em Senador Canedo. Ele foi obrigado a entrar no carro, um VW Gol, e dirigir para o assaltante, que entrou no banco do passageiro. O tiroteio ocorreu próximo a um posto de gasolina.

Gilmar Alves dos Santos e Paulo Márcio Tavares são investigados por ação que terminou com morte de refém — Foto: TV Anhanguera/ Reprodução
Gilmar Alves dos Santos e Paulo Márcio Tavares são investigados por ação que terminou com morte de refém — Foto: TV Anhanguera/ Reprodução


Responsáveis pelos pedidos de prisão e afastamento, o Ministério Público de Goiás ( MP-GO) e a Polícia Civil informaram, em nota conjunta que, com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar, "deram cumprimento aos mandados de prisão temporária" nesta noite. Eles reforçaram ainda que o inquérito policial tem o prazo de 30 dias para ser concluído.


Por sua vez, a defesa dos PMs disse que os próprios PMs procuraram a Corregedoria. "Assim que soubemos dos decretos de prisão, pedimos que eles se apresentassem, o que foi feito", afirmou o advogado Tadeu Bastos .



O advogado Ricardo Naves, que também faz a defesa dos PMs, disse que os militares se desesperaram ao notar que atingiram uma vítima. “Foi um ato que foi praticado em absoluto desespero, a partir do momento que o policial percebe que alvejou ou permitiu que fosse alvejada uma vítima, não a identificaram como tal, tenta minimizar uma situação que era legítima", defende.

Tiago Messias morreu enquanto era feito refém em Senador Canedo — Foto: Facebook/Reprodução

Tiago Messias morreu enquanto era feito refém em Senador Canedo — Foto: Facebook/Reprodução


A própria Corregedoria da Polícia Militar havia a pedido a prisão dos quatro envolvidos na ação. O pedido foi feito na última terça-feira (28) à Justiça Militar, mas, segundo a assessoria de imprensa doTribunal de Justiça de Goiás, ainda não há um parecer sobre a solicitação da corporação até as 18h desta quinta-feira.


No mesmo dia, o comandante da corporação, coronel Divino Alves, admitiu que houve um erro na ação e que os agentes envolvidos já estavam afastados das ruas.

Vídeos



Imagens do sistema de monitoramento do posto de combustíveis registraram quando o carro, seguido por um veículo da PM, foi cercado. O condutor freou, e dois policiais começaram a atirar. Em seguida, eles rodearam o veículo e efetuam mais disparos. Logo depois, um dos agentes abre a porta do passageiro, onde o assaltante estava, e o arrasta para fora do automóvel.


Já uma câmera de monitoramento de Senador Canedo flagrou quando os milirates retiraram Tiago do veículo. Ele foi colocado no porta-malas do veículo da PM.

Enquanto isso, um outro policial entrou no VW Gol pela porta do passageiro, se abaixou e atirou várias vezes contra o para-brisas do veículo.

Vídeos mostram policiais militares cercando carro roubado com refém — Foto: Polícia Civil/ Reprodução

Vídeos mostram policiais militares cercando carro roubado com refém — Foto: Polícia Civil/ Reprodução

Fraude processual



O Ministério Público acredita que os disparos foram exclusivamente com o intuito de matar os dois homens. "É uma verdadeira execução e, depois os policiais militares alterando a cena do crime para tentar se livrar do ato penal", opina.

Para a Polícia Civil, que também investiga o acaso, as imagens indicam que os PMs alteraram o local do crime.


"Infelizmente, retrataram uma fraude processual, não há como negar, mas o inquérito precisa ser apurado além disso", disse o delegado responsável pelo caso, Matheus Noleto.


O investigador ressaltou que o inquérito visa apontar se realmente houve um confronto, e os militares agiram em legítima defesa, ou se ocorreram dois homicídios.


"É importante deixar claro que o objetivo da Polícia Civil é chegar à verdade dos fatos de maneira isenta e justa. A eventual conduta de alguns policiais militares não tem a capacidade de macular a honra da conduta de uma instituição bicentenária como a Polícia Militar, composta majoritariamente por homens e mulheres corretos", disse.


Uma mulher que estava no momento dos tiros revelou, com exclusividade à TV Anhanguera, que a situação já estava normalizada quando um policial fez outros disparos.


”Estava todo mundo meio que acalmado com a situação, tentando ver o que tinha acontecido realmente, e aí aconteceram mais disparos”, contou a testemunha.


‘Por que atiraram nele?’



Advogado da família de Tiago, Éder Porfírio Muniz disse que está acompanhado a investigação e espera que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível. "A única coisa que queremos falar é que o Tiago é uma pessoa honrada, pai de família, não é bandido. Estamos aqui em busca da honra dele, foi morto de forma brutal e estamos em busca da verdade", afirmou.

Mulher de Tiago, a dona de casa Rowena Gonçalves questiona o motivo do marido ter sido baleado. Na segunda-feira, ela disse que se lembra do terror vivido momentos antes do marido ser levado por um assaltante, que queria levar o carro, mas não conseguiu dirigir e pediu para que Tiago o levasse.


Vídeo mostra momento em que disparos são feitos em Senador Canedo — Foto: TV Globo/Reprodução

Vídeo mostra momento em que disparos são feitos em Senador Canedo — Foto: TV Globo/Reproduç


Logo após o rapto, a mulher conta que ligou para o 190 e descreveu a situação. “Eu só quero saber: Por que atiraram nele? Uma vez que eu descrevi claramente como ele era, qual era a situação. Ele levou um tiro no peito. Eu liguei pedindo um socorro, e não para que matassem ele. Eu estou com um filho que não está conseguindo dormir à noite, ele treme a noite inteira. A minha filha está revoltada porque colocaram na mídia que ele era bandido”.


Na quarta-feira, o coronel Divino Alves, recebeu a família do auxiliar de produção. "Ela [a ação] foi repleta de erros da minha corporação, da PM, e eu assumo, diante de vocês esses erros que foram cometidos. Sei que o fato de eu assumir esses erros não vai trazer o Tiago de volta", disse.

Rowena prestou depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira. Ela deixou a delegacia sem dar novas declarações.

Veja mais notícias da região no G1 Goiás.

 Comandante da PM recebe família de Tiago — Foto: TV Anhanguera/Reprodução
Comandante da PM recebe família de Tiago — Foto: TV Anhanguera/Reprodução


PMs investigados por atirar em carro e causar mortes de refém e assaltante são presos em Goiás | Goiás | G1

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