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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

PM suspeito de atirar contra juiz está preso

O policial militar, 29 anos, suspeito de ter atirado em um juiz de direito, 28, após um acidente de trânsito na

Por Sandra Zanella

23/04/2011 às 17h46





Na madrugada da Sexta-feira Santa, no Bairro São Pedro, na Cidade Alta, está preso desde a tarde do mesmo dia no 2º Batalhão da PM, em Santa Terezinha, região Nordeste. Ele é lotado na 4ª Região da PM e trabalha em Juiz de Fora. Já a vítima de disparo, pertencente à comarca de Ponte Nova, foi alvejada no tornozelo direito, passou por cirurgia para colocação de platina e parafusos, e permanece internada no Hospital Monte Sinai. O caso ganhou repercussão principalmente pelas profissões dos envolvidos e trouxe à cidade o presidente da Associação dos Magistrados de Minas Gerais, Bruno Terra Dias. Acompanhado do juiz da 8ª Vara Cível e diretor do interior da entidade, Paulo Tristão Machado Júnior, ele visitou o colega na manhã deste sábado e afirmou que ele não agrediu o soldado da PM.

No entanto, de acordo com o comandante da 3ª Companhia de Missões Especiais, a qual foi responsável pelo registro da ocorrência, major Paulo Henrique da Silva, "os dois motoristas entraram em vias de fato, mas um não sabia sobre a autoridade do outro". Segundo ele, teria havido uma desavença no trânsito após uma colisão lateral entre os carros dos envolvidos. O policial conduzia um Fox pela Avenida Presidente Costa e Silva e, após uma colisão lateral com o Vectra, dirigido pelo juiz, o veículo do militar chocou-se contra uma árvore. "Depois da discussão e das lesões mútuas, houve o disparo efetuado pelo PM, que atingiu o tornozelo do juiz." Ambos os envolvidos estavam acompanhados das namoradas, e a companheira do policial precisou ser medicada.

Após ter alta médica, o militar prestou declarações na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil. Ele admitiu ter efetuado, de dentro do carro, três disparos contra o magistrado, mas alegou ter agido em legítima defesa porque ele e a namorada teriam sido agredidos a socos pelo juiz. Ele foi autuado em flagrante por lesão corporal de natureza grave, cuja pena prevista é de reclusão de um a cinco anos. O revólver utilizado na ação, com seis munições, sendo três deflagradas, foi apreendido. Segundo o major, o soldado está à disposição da Justiça. "Ele estava fora do horário de serviço e portava arma particular. Por se tratar de crime comum, o policial foi encaminhado para a Polícia Civil. Paralelamente, vamos instaurar um procedimento administrativo para apurar se houve falha do militar que atinja a corporação. Ele pode receber punição disciplinar ou até ser excluído." Segundo o comandante, o suspeito de atirar é policial militar há cinco anos e tem bom comportamento. "Ele não tem problemas junto à corregedoria."


Amagis

O presidente da Associação dos Magistrados de Minas, Bruno Dias, também defendeu o juiz. "Ele está há quase um ano na magistratura e sempre ouvi falar bem dele. O disparo foi feito no instante em que ele já estava de costas", afirmou. "Ele me contou que foi verificar se o motorista do carro que colidiu contra a árvore precisava de socorro. Mas quando se aproximou, o condutor estava transtornado, xingando muito. O juiz saiu de perto e foi retirar os galhos que caíram na via para desobstruir a pista e evitar outro acidente. Ele ouviu a população gritando e, quando olhou para trás, viu o homem apontando a arma. Ainda tentou correr, mas ouviu dois ou três disparos e caiu no chão."

O magistrado Bruno Dias insistiu que não houve agressões anteriores ao tiro, apesar de o policial ter afirmado, em depoimento, que ele e a namorada foram agredidos a socos. A suposta agressão ao condutor do Fox também consta no boletim de ocorrência como relato do próprio juiz. Enquanto estava no hospital, ele teria dito aos policiais que "deu alguns socos" no motorista e que, quando se virou, ouviu os disparos. A namorada do soldado também afirmou à Polícia Civil que foi agredida pelo magistrado com socos no rosto, costas e braços e que chegou a desmaiar, tendo acordado apenas no hospital. Ela disse, ainda, que teria sido puxada pelo cabelo para ser retirada do carro.

"Não houve, em momento algum, agressão por parte do juiz. Eu não estava lá, mas, do que eu conversei com ele, não houve isso. Ele se portou como um cidadão exemplar e foi conferir se o outro precisava de ajuda. O tiro foi algo surpreendente, e ele não havia se identificado como juiz." Bruno informou que o juiz autorizou revista no veículo e se colocou à disposição para o teste do bafômetro. "Ele é um homem muito tranquilo e pacífico, e nunca teve problemas nesse tempo em que está na magistratura."

Conforme o comandante da 3ª CME, nenhum dos condutores foi submetido ao teste do bafômetro. "Eles passaram por exames médicos periciais, que superam a questão do etilômetro", informou, afirmando que não teve acesso aos resultados. Segundo o presidente da Associação dos Magistrados, a entidade ainda está apurando os fatos. "Nossos advogados virão à cidade tomar conhecimento da ação policial, para saber, por exemplo, quais exames foram feitos e quais testemunhas foram ouvidas. Depois vamos deliberar sobre as providências que serão tomadas."

https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/23-04-2011/pm-suspeito-de-atirar-contra-juiz-esta-preso.html

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