Detido em flagrante e autuado por homicídio, o policial militar Francisco Erlan Borges de Jesus teve a prisão convertida para preventiva, após passar por audiência de custódia. Ele foi apontado como autor do disparo que matou Everton dos Santos Silva, de 28 anos, sexta-feira (28), durante operação da Polícia Militar (PMES) no bairro Central Carapina, na Serra.
Por nota, a PMES informou que o militar foi afastado de suas atividades e se encontra recolhido no presídio do Quartel da Corporação, em Maruípe, Vitória, após ser autuado por homicídio.
Neste sábado (29), o Serviço de Plantão de Flagrantes do Poder Judiciário do Espírito Santo realizou audiência de custódia . Em sua decisão, o juiz Roberto Luiz Ferreira Santos relata o que foi descrito no Auto de Prisão em Flagrante e Delito (APFD) do policial.
“O indiciado, policial militar, participando de operação de 'blitz', avistou a vítima conduzindo motocicleta que, ao perceber os policiais, tentou se evadir dos mesmos, jogando o veículo contra o autuado, oportunidade em que o indiciado sacou sua pistola e desferiu disparo na cabeça da vítima, que veio a óbito”, diz o texto da decisão.
Após a análise, o juiz decidiu converter a prisão em flagrante para preventiva. “Em análise dos autos é possível concluir que existem provas suficientes da existência de crime a ensejar a materialidade do delito e fortes indícios de que o autuado realmente tenha praticado o crime que lhe foi atribuído”.
O juiz informa ainda em seu texto: “A liberdade do autuado, neste momento, se mostra temerária e a prisão preventiva oportuna, eis que a gravidade da conduta do indiciado, com extrema desproporcionalidade na atuação policial e, nessa oportunidade, demonstrando despreocupação com as consequências de sua conduta, quando confrontados com seus registros anteriores demonstram clara necessidade de se resguardar à Ordem Pública”.
A PM também informou, por nota, que “em paralelo ao inquérito policial conduzido pela Polícia Civil, um procedimento criminal e administrativo militar será aberto pela Corregedoria da instituição para apurar a conduta do servidor (policial)”.
PROTESTO APÓS A MORTE
Após a morte de Everton, ocorrida no meio da rua de Central Carapina, os moradores da região realizaram um protesto, e revoltados, lançaram pedras em direção aos militares, que revidaram com tiros de bala de borracha e gás de pimenta para dispersá-los.
À reportagem da TV Gazeta, o líder comunitário do bairro, Jeferson Barbosa, disse que a vítima do disparo era um trabalhador, que não estava envolvido com a criminalidade e que estava passando de moto quando a polícia teria atirado. Jeferson também é dono de uma empresa de material de construção e disse que a vítima era funcionário dele.
“O Everton estava passando na rua de moto e aqui existe uma base da PM. Policiais faziam abordagens. Everton não tem carteira (CNH) e foi abordado também. Ele passou por trás do policial, que sacou a arma e deu um tiro na nuca dele, dizendo depois que foi acidental, mas não foi", explicou Jefferson.
Everton dos Santos Silva, 28 anos, foi morto em Central Carapina. Crédito: Reprodução | TV Gazeta
No local, o irmão do rapaz baleado afirmou que estava no trabalho quando recebeu a informação da morte. "Vim para cá e os policiais não queriam deixar eu chegar perto do corpo dele, mas é meu direito. Outro policial militar queria colocar o corpo dele em uma viatura e não deixei. Aí fui alvejado sete vezes com bala de borracha. Eu sou trabalhador, não sou bandido. Quero justiça e isso não é a primeira vez que acontece aqui no bairro. Eles querem descontar na população", desabafou.
Por nota, a PMES informou que, de acordo com a equipe que participou da ocorrência, a ação policial se deu em decorrência de uma infração de trânsito, sendo que “após receber ordem de parada, o motociclista não a acatou, jogando o veículo em cima dos militares, ocasionando uma reação instintiva do policial, que efetuou um disparo que acabou levando o cidadão a óbito. O policiamento no bairro Central Carapina continua reforçado durante esse sábado (29)”, diz o texto.
A reportagem tenta identificar o responsável pela defesa do policial para que possa se manifestar sobre o assunto. Assim que isto ocorrer, esta matéria será atualizada.
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