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sexta-feira, 9 de julho de 2021
Mulher agredida por PM diz que ficou trancada em sala 'suja e escura' em delegacia de SP
Mesmo com a perna quebrada, ela disse que passou a noite sentada em uma cadeira em uma sala do 101º DP. Ainda de acordo com a mulher, o tratamento só mudou quando a vítima foi levada para o 89º DP, onde os policiais a orientaram a procurar um advogado.
Por Walace Lara, SP2
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Dona de bar agredida por policial militar em Parelheiros dá novos detalhes do caso
A dona de bar que foi agredida por policiais militares em Parelheiros, no extremo da Zona Sul de São Paulo, disse nesta segunda-feira (13) que ficou trancada em uma sala "suja e escura" no 101º Distrito Policial após ser levada pelos agressores. Imagens divulgadas pelo Fantástico neste domingo (12) mostram um policial militar pisando no pescoço da mulher de 51 anos para imobilizá-la.
Ela afirmou que não pretende voltar a trabalhar tão cedo, pois está com a perna quebrada e ainda se recupera da agressão sofrida no dia 30 de maio.
Após o episódio registrado nas imagens, a dona do bar revela que foi levada para o 101º DP, onde o caso foi registrado. Ela disse que passou a noite sentada em uma cadeira numa sala escura e fedida.
"Passei por uma recepção que a frente é de vidro. Aí eles me levaram pra uma celinha pequena, no qual estava muito fedida, entendeu? E me colocaram lá dentro e mandaram sentar. Aí policial falou 'ela não tem condições de sentar no chão, porque ela está engessada. Aí o outro foi e me trouxe uma cadeira de escritório e uma caixa de isopor grande na qual coloquei a perna e fiquei na cadeira de escritório e me fecharam no escuro, numa porta com cadeado e fiquei lá até 08h20 da manhã", lembra.
Ainda de acordo com a dona do bar, o tratamento só mudou quando a vítima foi levada para o 89º DP, onde os policiais a orientaram a procurar um advogado.
Para o ex-ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Mariano, a agressão policial em Parelheiros não é um caso pontual. "Quem mora na periferia, quem mora nas regiões periféricas sabe que esse tipo de ação acontece sistematicamente nas regiões periféricas. Então tem que mudar a formação e mudar a formação é assumir que existe um preconceito histórico das policiais em relação a pobres e negros", disse Mariano.
"A gente tem que deixar claro que essas imagens não são erros de procedimentos. Houve violação de normas. Os procedimentos são vistos, estudados e apurados. No caso das imagens demonstra que não é um procedimento adotado pela Polícia Militar. Ali é um erro, ali é a ação do policial que foi errada", disse o capitão Osmário Ferreira, porta-voz da PM.
O atual ouvidor das Polícias quer formar uma câmara de discussão para debater casos como esse. "Porque uma pessoa que pisa no pescoço de outra não é uma atitude humana, não é atitude de um bom policial. Policial é pra proteger a vida das pessoas, não pra fazer o que nos vimos", disse Elizeu Lopes
O porta-voz da PM afirmou nesta segunda-feira (13) que os dois policiais envolvidos na ação foram afastados e o caso está sob investigação.
Sobre o fato da mulher ter passado a noite presa numa sala escura com a perna quebrada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que ela ficou na unidade o tempo necessário para trâmites legais. A Corregedoria da Polícia Civil, no entanto, instaurou inquérito para apurar os procedimentos da equipe do 101º DP.
A Procuradoria Geral de Justiça designou dois promotores para acompanhar as investigações das Corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil sobre o caso.
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PMs são afastados após policial pisar em pescoço de mulher negra em SP
A reportagem do SP2 não encontrou a delegada que prendeu em flagrante da mulher agredida e os dois rapazes que estavam no carro. No Boletim de Ocorrência, ela disse que os três deveriam ser presos por lesão corporal, desacato, resistência à prisão e desobediência.
Os três foram soltos no dia seguinte por um juiz, após passarem por audiência de custódia.
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Número de PMs presos no estado de SP subiu 26% entre janeiro e maio deste ano
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