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terça-feira, 6 de julho de 2021

RJ: Delegado da PC lavava dinheiro com carros de luxo, segundo denúncia

 De acordo com documento do órgão, Maurício Demétrio Afonso Alves não registrou veículos junto ao Detran; Sistema de estacionamento do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, comprovou uso regular

Por 

Tânia Rêgo/ABr

Maurício Demétrio seria o comandante da quadrilha
Apontado como o responsável pelo comando de uma quadrilha, sendo alvo de uma operação do Ministério Público na manhã desta quarta-feira, o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, titular da Delegacia do Consumidor (Decon) , da Polícia Civil do Rio de Janeiro, segundo a denúncia, usava carros de luxo para encobrir os ganhos irregulares. De acordo com o MP, o grupo, que tem a participação de mais agentes, cobrava vantagens ilegais para permitir a venda de roupas falsificadas em lojas da Rua Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

Por "pirataria": Delegado da Polícia Civil do Rio é preso em operação do Ministério Público

O MP classificou Demétrio como o "capo da organização". Para os promotores, o delegado desfruta de um "padrão de vida incompatível com seus recursos de origem lícita conhecida". O policial mora em um condômino de classe alta na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde foi preso nesta manhã. O delegado está na Polícia Civil há mais de 19 anos. A denúncia cita três veículos de luxo que eram usados por Demétrio — inclusive com registro na administração de seu condomínio para a liberação de entrada automática —, mas não constavam no Detran-RJ em nome do delegado.

O documento cita o carro Land Rover, modelo Evoque, que após a aquisição, em julho de 2019, foi registrado em nome da pessoa jurídica DPM Som Acessórios e Equipamentos para Autos LTDA, que tem Alberto Pinto Coelho como sócio administrador. O veículo, então, passou para o nome de Verlane da Costa Pereira Alves, mulher do Demétrio, no último dia 10, para, de acordo com o MP, convertê-lo em um ativo lícito. A mudança teria ocorrido após o delegado saber da investigação sobre o grupo em que é apontado como o líder.

Maurício Demétrio também dirigia um Toyota Hilux SW4, veículo sem registro junto ao Detran-RJ em seu nome. O documento indica que o delegado adquiriu o carro antes de março deste ano, período do primeiro registro de entrada no condomínio onde mora. Para não o cadastrar na administração, Demétrio continuou a usar o passe eletrônico (tag) emitido para um veículo o qual dirigia anteriormente, um Ford Fusion, sendo vendido a um empresário em setembro de 2019.

"Evidente, portanto, que o denunciado Mauricio Demétrio, com claro intuito de desvincular o referido bem de sua pessoa, se omitiu no dever de providenciar as alterações pertinentes no registro junto ao DETRAN-RJ, bem como deixou de atualizar o cadastro junto ao condomínio, empregando há mais de 18 meses passe eletrônico vinculado à automóvel já vendido", diz trecho da denúncia.

O delegado também não teria registrado em seu nome um Mercedes-Benz GL 350 junto ao Detran-RJ. O veículo, no entanto, está cadastrado para entrada no condomínio vinculado ao apartamento do delegado, no bloco 3, há no mínimo 10 meses. Neste período foram computadas entrada e saída do veículo, inclusive de Demétrio acompanhado por sua mulher.

A operação

A operação Carta de Corso do Ministério Público tem como alvo a organização criminosa que, segundo o órgão, está sob comando do delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, titular da Delegacia do Consumidor (Decon). O grupo, ao invés de reprimir crimes — em especial a “pirataria” — exigia dos lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana, o pagamento de vantagens ilegais para permitir que continuassem vendendo roupas falsificadas.

De acordo com o MP, a organização criminosa surgiu na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), quando era comandada por Demétrio, entre março de 2018 e março de 2021. Outros policiais lotados na delegacia, um perito criminal e algumas outras pessoas compunham o grupo, indicaram as investigações. Além de oito mandados de prisão, outros 19 de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça e são cumpridos nesta quarta-feira.

A Corregedoria de Polícia Civil, que não participou da operação dessa quarta-feira, informou por nota que já possui procedimentos abertos sobre este caso e solicitará informações ao Ministério Público sobre a operação de hoje para juntar nas investigações.

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