Parlamentares ligados a comissões de direitos humanos colheram depoimento do ativista, preso após estender uma faixa com a mensagem “Bolsonaro genocida”
Por Redação RBA
Publicado 04/05/2021 - 17h07
Rodrigo Pilha está preso por estender faixa com dizeres "Bolsonaro Genocida"
São Paulo – Os deputados Erika Kokay (PT-DF) e Alencar Santana (PT-SP) afirmaram que há indícios concretos de agressões contra Rodrigo Grassi Cademartori dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Conhecido como Rodrigo Pilha, ele está preso desde 18 de março após estender uma faixa em que o presidente Jair Bolsonaro era chamado de genocida. Em 12 de abril, Pilha deixou o regime fechado e passou para o semiaberto, trabalhando no período da manhã.
“Realizamos diligência hoje (4/5) para investigar denúncias de tortura e colher o depoimento do Rodrigo Pilha. Há indícios concretos de que Pilha foi torturado por questões políticas. Vamos produzir relatório pela Comissão de DH e exigir profunda investigação e punição dos responsáveis”, publicou Erika Kokay, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, em sua conta oficial no Twitter.
Ao Brasil de Fato, ela acrescentou: “Temos denúncias que implicam em uma situação de naturalização de tortura e maus tratos em unidades prisionais do DF e, particularmente, uma ação extremamente violenta que teve conotações políticas. Quando (Pilha) foi agredido, o agressor deixava claro que o estava agredindo em função de sua posição política”, disse. “Acompanharemos o caso para que haja uma apuração rigorosa e, ao mesmo tempo, para que haja punição e devidas sanções aos envolvidos.”
Alencar Santana confirmou, via Twitter, as palavras da colega: “Rodrigo Pilha relatou as agressões que sofreu dos agentes, pelo fato de ser petista, e aproveitamos para ouvir outros presos sobre as condições do local e identificamos problemas sérios nas instalações sanitárias.” Fábio Felix (PSOL), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa do Distrito Federal, completou o grupo que foi à Papuda.
Chutes, murros e sufocamento
As denúncias de agressões contra Rodrigo Pilha, dentro da prisão, foram reveladas pelo jornalista Guga Noblat em seu Twitter e ampliadas pelo editor da revista Fórum, Renato Rovai, no final de abril. A barbárie, sempre segundo a reportagem de Rovai, começou logo na chegada do ativista ao Centro de Detenção Provisória (CDP) II para onde foi levado incialmente, antes de ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda. Assim que entrou pelo pátio do presídio, já era esperado por agentes que perguntavam a todos os custodiados “quem era o petista”.
Identificado, Pilha foi recepcionado com chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça. A reportagem descreve que “enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia, e do qual a família e advogados têm a identificação, perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista”. O agente ainda dizia que “Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara”, cita o veículo.
A sessão de tortura continuou quando o ativista já estava na cela. Os mesmos agentes foram fazer uma blitz no local e deixaram todos os detentos nus, enquanto os agrediam com chutes e pontapés. “Com Pilha, foram mais cruéis. Esparramaram um saco de sabão em pó na sua cabeça, jogaram água e depois o sufocaram com um balde. Todos foram avisados que estavam sendo agredidos por culpa de Pilha. Do petista que não era bem-vindo na cadeia”, relata Rovai.
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Rodrigo Pilha: deputados veem indícios concretos de agressões na prisão
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