Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Policias militares torturando um homem, no município de Carauari
sexta-feira, 25 de agosto de 2023
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terça-feira, 22 de agosto de 2023
Policiais são flagrados agredindo e humilhando morador de rua
Na cidade de Pitanga, no Paraná, os militares foram filmados dando tapa no rosto e arrastando homem pelo chão
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Atualizado em
Na última sexta-feira (18), um vídeo divulgado na internet mostrou o momento em que um morador de de rua, identificado como Derinaldo Carraro dos Santos, é agredido e em seguida arrastado inconsciente, por uma equipe de Policiais Militares. O caso ocorreu na cidade de Pitanga, no Paraná, após os agentes receberem uma ocorrência em um supermercado da região, por volta das 21h.
De acordo com imagens divulgadas pelo portal Banda B, é
possível ver o homem sendo abordado por uma equipe de três policiais, um deles
é uma oficial mulher. No vídeo, Derinaldo, acompanhado por outro morador de
rua, parece conversar com os policiais que o levantam do chão, e, após alguns
segundos, um dos agentes que tinha se afastado do homem retorna para perto do
mesmo e estende a mão, dando um forte tapa no rosto do morador de rua.
Derinaldo imediatamente cai ao chão perdendo a consciência.
Visualmente alterado, o mesmo policial, juntamente com seu parceiro, o arrastam
pelos braços na calçada do supermercado, enquanto a oficial mulher acompanha
tudo sem nenhuma intervenção e rindo da situação deplorável. Um tempo depois, a
câmera vira para a entrada do estabelecimento onde os dois policiais são vistos
ainda arrastando o morador de rua, que estava desmaiado, para fora do local.
Em uma entrevista cedida ao portal Banda B, Jackson Willam Bahls Rodrigues, advogado contratado pela família de Derinaldo afirma que, pelo registro, é notável o quanto a abordagem dos policiais mostra que os mesmos já estavam alterados e que a agressão deixou a vítima inconsciente e sem poder se defender de tal ato.
“Um funcionário do supermercado sentiu-se incomodado com a
presença dos moradores de rua ali, e segundo soubemos a ordem é que não tenha
nenhum pedinte no estacionamento. A PM chegou no local já bastante exaltada,
pedindo para que os dois homens saíssem. Os dois amigos estavam embriagados,
quando já estavam saindo, um PM acabou desferindo um golpe bastante violento
contra face, desacordando por quase 1h30”, afirma o advogado.
De acordo com informações sobre o caso, o responsável por
acionar os primeiros socorros a Derinaldo foi seu irmão, que afirmou também em
entrevista, estar passando pela região quando soube do ataque sofrido pelo
irmão. Derinaldo faz parte de uma família bastante influente na cidade, mas
que, de acordo com o parente, o homem está nas ruas por sofrer com alguns
problemas psicológicos.
Ao portal, Derinaldo Carraro também participou de uma
entrevista onde deu seu depoimento sobre o momento. O morador de rua conta que
não entende o motivo do ataque, pois em momento nenhum o mesmo afirma ter
proferido algum xingamento ou tipo de insulto. Ele deseja que os agentes sejam
afastadose expulsos da corporação.
“Eu estava escapando da chuva, não sou uma pessoa maldosa,
nem mal-educada. A hora que levantei recebi a agressão. Ninguém estava fazendo
nada, não reagi, não ameacei e não xinguei. A PM foi mandada por pessoas do
mercado. Espero que eles percam a farda”, lamenta o homem.
Depois que o caso ganhou atenção, a Polícia Militar do
Paraná divulgou um comunicado informando que irá iniciar uma investigação sobre
o caso. As agressões, que foram registradas em vídeo por uma testemunha,
levarão à abertura de um processo de apuração para examinar todas as
circunstâncias ligadas ao ocorrido. Isso será feito seguindo rigorosamente as
leis e os procedimentos protocolares que guiam as ações policiais.
domingo, 13 de agosto de 2023
MT tem enterros da época da ditadura
Pesquisadores comprovam por meio de escavações arqueológicas a existência de vala comum na Terra Indígena de São Marcos, onde foram enterrados indígenas vítimas de violações de direitos
Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil - São Paulo
09/08/2023 11h36 Atualizado há 4 dias
Escavações arqueológicas revelam vala comum em terra
indígena xavante
Escavações arqueológicas revelam vala comum em terra
indígena xavante — Foto: Arquivo Agência Brasil
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Pesquisadores comprovam por meio de escavações arqueológicas
a existência de vala comum na Terra Indígena de São Marcos, no Mato Grosso
(MT), onde foram enterrados indígenas vítimas de violações de direitos na
ditadura militar. O projeto envolve cientistas da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), da Polish Academy of Science, na Polônia, e da Universidade de
Winnipeg, no Canadá.
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do bioma
Em 1966, a população xavante de Marãiwatsédé foi vítima de remoção compulsória de seu território tradicional para a região de São Marcos, localizada a cerca de 500 quilômetros (km) de distância, onde viviam outros grupos xavante.
A transferência foi feita em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em um contexto de epidemia de sarampo. Dezenas de indígenas foram acometidos pela doença e morreram em poucos dias. Os mortos foram enterrados em uma vala comum na terra indígena.
A arqueóloga forense Claudia Plens aponta que os relatos dessa ocorrência já eram públicos, mas ainda careciam de evidências materiais para que as comunidades, que sofrem o impacto de desestruturação social até hoje, pudessem lutar por alguma forma de reparação.
“Embora existam relatos diversos sobre o processo histórico que culminou na vala comum, a materialidade da vala só foi confirmada agora”, disse Plens, que é professora do departamento de história da Unifesp e lidera a pesquisa.
“Por meio das entrevistas e, posteriormente, pelo georadar [método de investigação subterrânea], conseguimos localizar a vala comum. Não houve preservação dos esqueletos. Mas, do ponto de vista da arqueologia forense, os dados do georadar, associados às feições no sedimento, são suficientes para identificar a vala comum”, apontou a pesquisadora.
Segundo Plens, a confirmação é resultado do cruzamento de
diversas informações. Primeiramente, havia indicação da localização da vala em
uma diligência realizada pelo Ministério Público Federal (MPF), em 2017.
Embora não haja preservação dos esqueletos, as entrevistas
no local e o uso do georadar acrescentaram elementos que levaram finalmente às
escavações. Já a escavação mostrou a estratigrafia da vala – uma leitura das
camadas de sedimento – que demonstrou a materialidade da vala.
“A posição e direção da vala, conforme lembrado pelos
habitantes locais, foram confirmadas pelos dados do georadar. Isso mostrou que
a nossa técnica de mapeamento foi capaz de detectar esta assinatura no solo,
aproximando ciência e memória no registro de um doloroso episódio histórico
ainda muito vivo entre aqueles que o testemunharam”, ressaltou.
A etapa de campo da pesquisa já foi toda executada. Além
disso, entrevistas compuseram a fase de linguística do projeto e contribuem
para compreensão da ocupação tradicional do território. Segundo Plens, as
entrevistas com os anciãos da etnia foram reveladoras quanto ao crime cometido
pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.
A análise dos dados preliminares da pesquisa aponta que as
primeiras vítimas foram enterradas em covas individuais. “No entanto, a
voracidade e o impacto do sarampo foi de tal forma que dezenas de pessoas
morriam diariamente, sendo impossível os sepultamentos individuais. Neste
sentido, as vítimas passaram a ser sepultadas em vala comum”, revelou a
arqueóloga.
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De acordo com a pesquisadora, a comunidade de São Marcos já
vinha sendo acometida pelo sarampo ao longo dos anos devido ao contato com os
não indígenas, o que já havia resultado em dezenas de vítimas. “Para isso
[transferência dos indígenas], houve toda uma articulação entre o pessoal da
agropecuária Suiá Missu, militares e os missionários salesianos que estavam em
São Marcos”, acrescentou.
O antropólogo Paulo Delgado, professor da Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT) e integrante da equipe, lembrou que o contexto da
tragédia que vitimou dezenas de xavante se insere nos grandes projetos de cunho
desenvolvimentistas do governo militar. “Naquela época, por meio de incentivos
fiscais do governo federal, houve financiamentos de grandes empreendimentos
agropecuários na região Centro-Oeste. Um destes empreendimentos atingiu em
cheio o território xavante de Maraiwatsédé”, disse.
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Sindicato afirma que delegado preso por matar esposa tinha acesso a sistemas de dentro da prisão
Um delegado que foi preso, acusado de matar a esposa e a enteada, teria acesso a sistemas da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR). A denúncia foi feita nesta sexta-feira (11) pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol).
Redação Bem Paraná | 11/08/2023 às 21:31
O delegado Erik Wermelinger Busetti (reprodução / Sesp)
Um delegado que foi preso, acusado de matar a esposa e a enteada, teria acesso a sistemas da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR). A denúncia foi feita nesta sexta-feira (11) pelo Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol).
“Mesmo preso, o delegado Erik Wermelinger Busetti, mantinha acesso indevido aos sistemas da SESP/PR”, disse o Sinclapol, em postagem nas redes sociais. “O acesso por parte do delegado acontecia do interior do Complexo Médico Penal (CMP), onde ele se encontra preso após o assassinato covarde da esposa, a Escrivã da Polícia Civil Maritza Guimarães e da enteada Ana Carolina de Souza”.
O Sinclapol ainda afirmou que, após pedido do Ministério Público do Paraná, a Celepar encaminhou relatório dos dados confirmando que Busetti teve privilégios indevidos na Unidade Penal em questão. Os relatórios apontam acessos a informações sobre pessoas que estão presas no Paraná.
“O Sinclapol-PR reforça sua satisfação perante a confirmação da denúncia, tendo em vista que a credibilidade da entidade foi colocada em cheque na época. Este sindicato anseia que as devidas providências sejam tomadas, bem como que o acesso do delegado às informações seja bloqueado.
Além disso, espera-se uma manifestação efetiva e segura do Departamento da Polícia Civil e do Secretário de Segurança Pública”.
Segundo o Governo do Estado, a Polícia Penal abriu inquérito para investigar o ocorrido.
O CRIME
Busetti é acusado de matar Maritza Guimarães de Souza, escrivã da Polícia Civil, de 41 anos, e Ana Carolina de Souza, filha dela de 16 anos. O crime ocorreu em 4 de março de 2020. O delegado está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo a denúncia do MPPR, Busetti não aceitava os termos do fim da relação com Maritza. Ele foi autuado em flagrante por feminicídio.
Ex-PM e GCM acusados da maior chacina de SP começam a ser julgados em novo júri por 17 mortes em 2015
Ex-cabo Victor Cristilder e guarda-civil Sérgio Manhanhã são acusados de integrar grupo que matou vítimas em Osasco e Barueri para vingar assassinatos de policial militar e GCM. Eles tiveram júris anteriores anulados e, por isso, começaram a ser julgados novamente nesta segunda (22) em Osasco.
Por Kleber Tomaz e Filippo Mancuso, G1 SP e TV Globo — São Paulo
22/02/2021 06h00
Atualizado há 2 anos
O ex-PM Victor Cristilder e o GCM Sérgio Manhanhã são acusados de 17 mortes na maior chacina do estado de São Paulo, em 2015 — Foto: Reprodução/TV Globo
O ex-cabo da Polícia Militar (PM) Victor Cristilder Silva
dos Santos, de 37 anos, e o guarda-civil municipal Sérgio Manhanhã, de 48,
começaram a ser julgados, na manhã desta segunda-feira (22), pela maior chacina
da história do estado de São Paulo, em 2015.
Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça
(TJ), o novo julgamento do ex-PM e do agente da Guarda Civil Municipal (GCM) de
Barueri teve início por volta das 11h no Fórum Criminal de Osasco, na região
metropolitana. Os júris anteriores que condenaram os réus pela mesma chacina
foram anulados pelo Tribunal de Justiça , que marcou um novo e único júri para
ambos (saiba mais abaixo). A previsão da Justiça é a de que esse outro júri
popular possa durar até quatro dias.
Cristilder e Manhanhã alegam inocência, mas estão presos
preventivamente acusados de matar a tiros 17 pessoas e ter baleado e ferido
outras sete na noite de 13 de agosto de 2015 em Barueri e Osasco. Câmeras de
segurança gravaram as execuções que foram cometidas por homens armados e
encapuzados (veja o vídeo abaixo).
Segundo o Ministério Público (MP), o ex-PM e o GCM integravam esse grupo de extermínio, que era formado por agentes das forças de segurança pública. Ainda de acordo com a acusação, os atiradores executaram as vítimas para vingar os assassinatos de um policial militar e de um guarda-civil, respectivamente nos dias 8 e 12 de agosto de 2015.
Polícia de São Paulo cria força-tarefa para investigar 18 assassinatos
Júri sem público
Por causa da pandemia de coronavírus, o novo júri do ex-PM e
do GCM não terá a presença da plateia ou da imprensa. Ao todo, 40 testemunhas,
entre acusação e defesa, deverão ser ouvidas, segundo o TJ. O MP apresentou um
número diferente do total de testemunhas: 20.
Também participarão do julgamento o Ministério Público e
advogados dos réus. Os acusados serão interrogados por último. Sete jurados vão
decidir se absolvem ou condenam os réus. Até a última atualização desta
reportagem, quatro mulheres e três homens haviam sido escolhidos como jurados.
Após a votação, a juíza Elia Kinosita dará a sentença e, no caso de condenação,
a pena.
É a segunda vez que Cristilder e Manhanhã vão a júri popular
pelos mesmos crimes. Na primeira, entre 2017 e 2018, ambos foram condenados
pela chacina a penas, que somadas, chegam a mais de 200 anos.
Mas a defesa recorreu e o Tribunal de Justiça anulou essas condenações em 2019. A alegação foi de que os jurados votaram contra as provas do processo, que já tem mais de 30 mil páginas. Por esse motivo, o TJ determinou que os acusados fossem julgados novamente num único júri.
Outros dois policiais militares acusados da chacina continuam presos após terem sido condenados em 2017 pelos homicídios. As penas deles somam mais de 500 anos (saiba mais abaixo).
Parentes das vítimas da chacina de 2015 colocaram faixas em frente ao Fórum de Osasco para pedir a condenação dos réus — Foto: Filippo Mancuso/TV Globo
O que diz a defesa
O novo júri de Cristilder e Manhanhã já deveria ter ocorrido
em novembro de 2020, mas foi adiado pela Justiça porque o advogado deles, João
Carlos Campanini, estava com suspeita de Covid-19, que foi descartada depois.
“Já ficou comprovado nos autos que eles não participaram da
chacina. As provas documentais, periciais e testemunhais tornam evidente a
inocência de ambos”, afirmou Campanini, na semana passada, ao G1, sobre como
será a defesa de seus clientes no novo julgamento.
De acordo com o advogado, o fato de Cristilder ter fraturado a perna jogando bola na prisão, no dia 15, na capital, não impedirá que ele compareça à nova audiência.
“Já foi operado. Assim, o júri vai acontecer”, falou
Campanini, que até a última atualização desta reportagem aguardava a alta
médica de Cristilder na sexta-feira (19). O ex-PM passou por cirurgia no
Hospital das Clínicas (HC).
O que diz a acusação
Por causa da pandemia de Covid, os sete jurados ficarão no plenário do Fórum de Osasco, afastados com distanciamento social — Foto: Divulgação/TJ-SP
O promotor Marcelo Oliveira acusa Cristilder e Manhanhã
pelos crimes de homicídio doloso qualificado (meio cruel e recurso que
dificultou a defesa das vítimas), tentativa de homicídio e formação de
quadrilha.
“O Ministério Público pedirá a condenação e espera
serenamente que eles sejam condenados, como já o foram, quando do primeiro
julgamento”, disse Oliveira à reportagem. "Verdadeiro ato terrorista que
foi praticado em Osasco e Barueri".
A defensora pública Maira Coraci Diniz será assistente do MP na acusação. Ela defende os interesses das famílias das vítimas.
Como foi a chacina
Local da série de ataques em Osasco e Barueri — Foto: Nivaldo Lima/Estadão Conteúdo
Ao todo, 23 pessoas foram mortas a tiros por encapuzados
armados em agosto de 2015. Mas somente 17 mortes foram atribuídas ao grupo de
extermínio formado por agentes de segurança (saiba mais abaixo).
De acordo com a Promotoria, a chacina foi cometida pelos
agentes para vingar os assassinatos do policial militar Admilson Pereira de
Oliveira, em 8 de agosto de 2015, em Osasco e do guarda-civil Jeferson Luiz
Rodrigues da Silva, no dia 12 de agosto do mesmo ano, em Barueri.
Ainda no dia 8 de agosto de 2015, homens armados mataram
seis vítimas em Carapicuíba, Itapevi e Osasco. Mas a Polícia Civil e o
Ministério Público não conseguiram identificar a autoria de cinco dessas
mortes. Além disso, na morte cometida em Carapicuíba, o único acusado,
Cristilder, foi julgado e inocentado pela Justiça em 2020.
A investigação só conseguiu confirmar a autoria das mortes
cometidas na chacina do dia 13 de agosto de 2015: sendo 14 delas em Osasco e
outras três em Barueri (veja no quadro abaixo).
Quatro agentes, três policiais militares e um guarda-civil
municipal, estão presos atualmente por esses 17 assassinatos. Todos os acusados
negam os crimes.
Segundo o Ministério Público, Cristilder e Manhanhã se
uniram ao grupo de milicianos para cometer os ataques à época que trabalhavam,
respectivamente, no 20º Batalhão da PM e na Guarda Civil Municipal de Barueri.
As vítimas foram escolhidas aleatoriamente, segundo a
denúncia do MP. Algumas tinham ficha criminal. Estavam em ruas e em bares.
Dezesseis eram do sexo masculino e uma do feminino, uma adolescente de 15 anos
(veja aqui e abaixo quem são).
Veja acima como foi a chacina que deixou 17 mortos em Osasco
e Barueri em 2015 — Foto: G1 Arte
Condenações anteriores
Em 2017, os então policiais militares Fabrício Eleutério,
soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), e Thiago Henklain, do
42º BPM, foram condenados a penas de 255 e 247 anos de reclusão em regime
fechado, respectivamente. Eles foram acusados de matar 17 pessoas e ferir
outras sete no dia 13 de agosto de 2015 em Osasco e Barueri.
Nesse mesmo júri de 2017, Manhanhã também foi julgado e
condenado. Recebeu pena de 100 anos e 10 meses por participação em 11 mortes e
duas tentativas de assassinatos. Segundo o TJ, essa punição foi reduzida depois
para 94 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão.
Cristilder foi julgado sozinho em 2018. Havia sido condenado
a 119 anos, 4 meses e 4 dias de prisão por 12 das mortes e quatro tentativas de
assassinatos.
Apesar de receberem penas que ultrapassam o período de um
século de prisão, pela lei brasileira nenhum deles poderá ficar mais de 30 anos
preso.
Em 2019, depois da condenação dos seus agentes, a Polícia Militar
expulsou os três PMs da corporação. Manhanhã continua na GCM.
Todos os quatro acusados da maior chacina do estado de São
Paulo permanecem presos. O G1 não conseguiu localizar as defesas de Eleutério e
Henklein para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem.
Famílias
Parentes do ex-PM e do GCM devem comparecer na frente do
fórum de Osasco para pedir a absolvição dos réus. Já os familiares das vítimas
da chacina pretendem protestar no local durante os dias do novo julgamento para
cobrar as condenações do ex-PM e do GCM. Assim como fizeram nos júris
anteriores.
"Não tem um dia que eu não lembre do meu filho. Ele era
bonzinho", disse Aparecida Gomes da Silva Assunção, mãe do mecânico
Leandro Pereira Assunção, uma das vítimas mortas. "Os filhos sentem muito
a falta do pai. Eles choram. Ficou o vazio, a tristeza, a saudade. Então eles
têm que pagar pelo que fizeram. Eles destruíram muitas famílias".
Familiares das vítimas da chacina de 2015 protestam com cartazes em frente ao Fórum de Osasco — Foto: Filippo Mancuso/TV Globo1