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quinta-feira, 2 de abril de 2020

Justiça solta major da PM suspeito de ameaçar promotor e jornalista

Allan Pereira
Um major da Polícia Militar Wanderson da Costa Castro ganhou a liberdade, após ser preso preventivamente suspeito de ameaçar o promotor Allan Sdney do Ó Souza, que ofereceu denúncia contra ele. Segundo a assessoria de imprensa da PM, o major chegou a ser preso neste domingo (3), devido decisão do juiz Wladymir Perri, mas conseguiu reverter a decisão. Em nota, a Corregedoria esclarece que foi instaurado um inquérito para apurar a denúncia do promotor.
major da policial militar Wanderson da Costa Castro
Juiz cita gravidade de atos e manda prender major da PM Wanderson da Costa Castro 
Na decisão que determinou a sua prisão, o juiz Wladymir entendeu que a intimidação supostamente praticada por ele contra o promotor foi um fato grave. "O que demonstra a periculosidade do acusado que, na função de militar (detentor do poder bélico), coloca em risco o Estado Democrático de Direito por intimidação ao Ministério Público", escreveu.
No despacho, o magistrado ressalta a preocupação com os demais registros de antecedentes criminais do policial. Wanderson também responde a dois processos por homicídio. E é investigado pela Corregedoria da Polícia Militar por ameaça, lesão corporal e injúria.
"Vejo a ocorrência de grave atentado contra as instituições democráticas de direito, o que requer resposta estatal de maior intensidade, ou seja, a decretação da prisão preventiva para garantia da ordem pública, já que a Constituição Federal delegou a competência privativa ao Ministério Público. (art. 129, I, do CF) e o ato intimatório foi extremamente grave", completa.
Na nota, a Corregedoria ressalta que sobre homicídios, citados na decisão, eles ocorreram "durante o exercício da função policial, sendo que para um dos casos, devidamente apurado por essa Casa Corretiva, e que a instrução investigativa apontou excludente de ilicitude. Já o segundo caso ainda está sob apuração", diz trecho.
Caso
Além do promotor, Wladymir levou em consideração as ameaças feitas a um jornalista da TV Nativa, em Alta Floresta, depois de invadir o estúdio durante a transmissão ao vivo de um programa em abril do ano passado. "Na medida em que deverá ser preso cautelarmente, porque amanhã poderá vir a coagir membros do Poder Judiciário", pontua.
Segundo a decisão, o jornalista e apresentador do programa contou que, no dia anterior, cobriu uma ocorrência policial de suspeitos que foram presos e que um tenente responsável pelo caso teria dito a ele: "vocês e essa insistência em vir no local da ocorrência; porque vocês não esperam no Copom?".
O jornalista se defendeu e disse que "precisava das imagens porque estava a serviço de uma emissora de TV". O tenente teria rebatido a resposta e, pouco tempo depois, determinou a guarnição que desse por encerrada a ocorrência. Contudo, o jornalista precisava do boletim de ocorrência, mas não obteve ajuda.
O tenente teria aberto então uma denúncia contra o jornalista e como vítima os suspeitos detidos pelo tenente por suposta violação de direito de imagem. O major Wanderson tentou entrar em contato com o jornalista, mas ele não atendia as ligações.
Contudo, os dois trocaram mensagens por WhatsApp na noite daquele mesmo dia. O jornalista então criticou a condução da ocorrência e disse que o tenente estaria prejudicando o trabalho da imprensa. O major Wanderson, por sua vez, apoiou a atitude.
"O major afirmou que a partir dessa data a cada ida no local ocorrência haveria uma representação por dano moral e que aquela seria apenas a primeira, que a testemunha respondeu ser este um problema do setor jurídico da emissora e que faz parte da rotina sendo que o major respondeu excelente. Uma hora as coisas se resolve por bem ou por mal'", registra.
No dia seguinte, o jornalista comentou sobre a suposta ameaça em um programa de rádio. Às 12h15, Wanderson teria invadindo a transmissão ao vivo do programa. O major disse que queria exercer o direito de resposta. De acordo com a peça judicial, a presença do major trouxe constrangimento. O juiz marcou para o dia 10 de abril a sessão de instrução e julgamento. A Corregedoria da PM ressalta que o caso também é apurado.

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