segunda-feira, 5 de março de 2012
NO IRAQUE E AFEGANISTÃO....
[OBS deste blog ‘democracia&política’:
Em várias postagens, já mencionamos o artifício utilizado pelo governo dos Estados Unidos para driblar as leis internacionais e agir abusivamente pelo mundo. Um desses artifícios é o Pentágono contratar, sem licitação e por centenas de milhões de dólares, empresas de mercenários militares/“civis” . Muita corrupção e súbitos enriquecimentos estratosféricos de altas autoridades acontecem nas esteiras desses contratos. Uma das principais é a “Blackwater”, ligada a Dick Cheney [Richard Bruce "Dick" Cheney], vice-presidente dos EUA no governo Bush e um dos principais promotores da invasão norte-americana no Iraque.
“Blackwater is a subsidiary of Halliburton, on whose Board Lynne Cheney [esposa de Dick Cheney] sits, through whom the Vice President still profits from stock holdings and to whom he will probably return after his term in office”.
"Dick" Cheney foi “Chairman and Chief Executive Officer” da Halliburton Company de 1995 a 2000.
A Halliburton foi a principal articuladora da invasão militar norte-americana no Iraque e a principal beneficiada [mais de um bilhão de dólares] com aquela “guerra” pelo domínio das reservas de petróleo iraquiano. Invasão que, segundo instituição da Inglaterra, já causou a morte de mais de um milhão de iraquianos. Um crime de guerra. Um genocídio em prol do
Esses assuntos vieram-me à memória ao ler hoje (5) na “Folha de São Paulo” a transcrição do seguinte artigo do “The New York Times”]:
EUA TERCEIRIZAM OS RISCOS DA GUERRA
Por Rod Nordland, no “The New York Times”
CABUL, Afeganistão - ATÉ A MORTE É TERCEIRIZADA AQUI.
“Esta é uma guerra em que os
Os empregadores americanos aqui não têm a obrigação de relatar publicamente a morte de seus funcionários e frequentemente não o fazem. Enquanto os militares anunciam os nomes de todos os seus mortos na guerra, as empresas privadas notificam apenas os membros da família. A maioria dos terceirizados morre sem anúncio e sem contagem -e em alguns casos deixam seus familiares sem indenização.
"Ao continuar terceirizando empregos de alto risco que antes eram ocupados por soldados, os militares na verdade estão privatizando o sacrifício máximo", disse Steven L. Schooner, um professor de direito na Universidade George Washington em Washington, que estudou a questão das baixas de civis.
No ano passado, pelo menos 430 empregados de empreiteiras americanas foram relatados mortos no Afeganistão: 386 que trabalhavam para o Departamento da Defesa, 43 para a Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA e 1 para o Departamento de Estado, segundo dados fornecidos pela embaixada americana em Cabul e disponíveis ao público no Departamento de
Em comparação, 418 soldados americanos morreram no Afeganistão no ano passado, segundo o Departamento da Defesa compiladas por “icasualties.org”, uma organização independente que monitora as mortes na guerra.
Essa tendência tem crescido nos últimos anos no Afeganistão e se equipara à semelhante no Iraque, onde as mortes de terceirizados superam as de militares desde 2009. No Iraque, porém, isso ocorreu enquanto o número de soldados americanos era drasticamente reduzido, até sua retirada completa no final do ano passado.
Especialistas que estudaram o fenômeno dizem que como muitas empreiteiras não cumprem as atuais exigências mínimas de informação, o verdadeiro número de mortes de funcionários privados pode ser ainda maior.
"Ninguém acredita que estamos relatando menos mortes de militares", disse Schooner. "Todo mundo acredita que estamos relatando menos mortes de terceirizados."
Sob a “Lei Básica de Defesa dos EUA”, as empreiteiras de defesa americanas são obrigadas a relatar as mortes e ferimentos em zona de guerra de seus empregados -incluindo terceirizados e trabalhadores estrangeiros- ao Departamento do Trabalho, e a ter seguros que forneçam cuidados médicos e indenização aos empregados.
No caso de empregados estrangeiros, como eram muitos dos mortos, os sobreviventes recebem um benefício equivalente à metade do salário do funcionário por toda a vida; os empregados americanos recebem ainda mais.
Havia 113.491 empregados de empreiteiras de defesa no Afeganistão em janeiro de 2012, comparados com cerca de 90 mil soldados americanos, segundo estatísticas do Departamento da Defesa. Destes, cerca de 22% dos empregados eram cidadãos americanos, 47% de afegãos e 31% de outros países.
Ao todo, segundo o Departamento do Trabalho, 64 companhias americanas perderam mais de sete empregados cada uma nos últimos dez anos.
A maior empreiteira em termos de mortes em zona de guerra é aparentemente a gigante da defesa “L-3 Communications”. Se a “L-3” fosse um país, teria a terceira maior perda de vidas no Afeganistão, assim como no Iraque; somente os EUA e o Reino Unido a superariam em baixas.
Para cada funcionário terceirizado morto, muitos outros são seriamente feridos. Segundo o Departamento do Trabalho, 1.777 americanos terceirizados no Afeganistão foram feridos ou seriamente feridos a ponto de perder mais de quatro dias de trabalho no ano passado.
Marcie Hascall Clark começou o blog “Indenização da Lei Básica de Defesa” ["Defense Base Act Compensation Blog"] depois que seu marido, Merlin, um ex-perito em explosivos da marinha, foi ferido em 2003 enquanto trabalhava para uma empreiteira americana. Ela e o marido passaram os últimos sete anos lutando por centenas de milhares de dólares em pagamentos por incapacidade e em indenização médica.
"Foi um choque saber como o corpo, a mente e o futuro de meu marido valiam pouco", disse.”
FONTE: artigo de Rod Nordland, no “The New York Times”. Transcrito na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/29334-eua-terceirizam-os-riscos-da-guerra.shtml) [Título, imagens do Google e introdução em azul e entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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