Policiais que atiraram em carro de juiz têm prisão temporária decretada
Para juiz do Tribunal do Júri, agentes têm instinto homicida e envergonham a Polícia Civil do Rio
Rio - O juiz Fábio Uchoa, da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, decretou, na tarde desta sexta-feira, a prisão temporária dos dois agentes da Polícia Civil, Bruno Rocha Andrade e Bruno Souza da Cruz, indiciados pela Corporação por tentativa de homicídio contra o juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, de 39 anos, durante uma blitz na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, na madrugada do último domingo, dia 4 de outubro.
O juiz trabalhista e sua família seguiam em seu carro, um Kia Cerato, para uma festa na Taquara, Zona Oeste do Rio. Ao ver uma blitz da Polícia Civil, o magistrado tentou retornar pensando ser falsa. Nesse momento, o carro foi atingido por tiros de fuzil. Além de Marcelo, sua enteada, Natália, de 8 anos, e seu filho, Diego, de 11, também foram atingidos.
Para o juiz Fábio Uchôa, os policiais têm instinto homicida e envergonham a Polícia Civil do Rio. Ele disse também que os indiciados não estariam autorizados a fuzilar um veículo em fuga, ainda que conduzidos por marginais, “pois não cabe à polícia aplicar verdadeira pena de morte, a quem quer que seja, simplesmente porque não obedeceu a ordem de parar e pôs-se em fuga, tão somente para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe”, ressaltou o juiz, citando parte da carta pública divulgada pela vítima Marcelo Alexandrino da Costa Santos e veiculada na internet no dia 6 de outubro.
Um dos agentes teria feito um disparo para o alto na tentativa de parar o veículo. De acordo com os policiais que faziam a operação, ocupantes de um outro carro, um Honda escuro, atiraram contra os policiais e teriam atingido o carro do juiz.
Perícia confirma que balas partiram do fuzil do policial
A pericia feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) confirmou que as balas que atingiram o juiz e sua enteada de 8 anos partiram do fuzil que estava com o policial Bruno Rocha Andrade. O outro policial, Bruno de Souza da Cruz, também foi indiciado porque fez disparos e sustentou a versão de uma troca de tiros com os ocupantes de um Honda civic.
De acordo com os peritos, os cartuchos arrecadados no local eram dos fuzis que estavam com eles. O agente Bruno Andrade estava com um fuzil IMBEL calibre 5.56 e o outro policial estava com um fuzil Norinco do mesmo calibre. Os fragmentos e balas encontradas no corpo do juiz e o projétil encontrado no corpo da enteada dele partiram da arma que estava com Bruno Andrade.
Em carta, juiz critica ação de agentes
A assessoria de imprensa do Hospital Pasteur, no Méier, Zona Norte, divulgou, na tarde desta quarta-feira, uma carta escrita pelo juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, de 39 anos, que foi baleado durante uma blitz, na madrugada do último domingo, na Estrada do Pau Ferro, próximo à Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá. O juiz agradece as vibrações positivas e fala sobre um "agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder".
Leia a carta completa do juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos abaixo:
“Às milhões de pessoas que, no Brasil e no mundo, têm-nos enviado mensagens e pensamentos de preocupação, carinho e solidariedade:
Eu e toda a minha família, do fundo de nossos corações, agradecemo-lhes e pedimos que continuem orando e nos enviando vibrações positivas, pois, apesar da distância, a tremenda energia que acompanha seus pensamentos nos tem ajudado a seguir em frente, vencendo a cada dia uma nova batalha contra todo o sofrimento físico, emocional, mental e espiritual que temos atravessado.
Todos os dias e em todas as horas, o planeta assiste às mais variadas violações dos Direitos Humanos. Porém, nada há de mais aterrador do que a imagem de um agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe.
Já é passado o momento da mudança. Já não se deve mais aceitar o inaceitável. Já não se pode mais observar a violência e o mau exercício da autoridade pública como convidados bem-vindos a nossas vidas.
Portanto, que essa vibração positiva que nos tem sido enviada se estenda também a todos os seres humanos, a fim de que, da criação de espaços de resistência, onde impere a dignidade, possa nascer uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.
Por fim, não podemos deixar de registrar nossa gratidão a todos os profissionais dos hospitais em que estamos internados. Sua dedicação é confortante e nos inspira a confiança em um amanhã sempre melhor.
Mais uma vez, muito obrigado. Marcelo Alexandrino da Costa Santos e família”
De acordo com a assessoria do hospital, o juiz ainda permanece internado num quarto particular, sem previsão de alta hospitalar. Ele está lúcido, respirando espontaneamente (sem aparelhos) e, além da equipe médica recebe acompanhamento fisioterápico e psicológico.
O juiz trabalhista e sua família seguiam em seu carro, um Kia Cerato, para uma festa na Taquara, Zona Oeste do Rio. Ao ver uma blitz da Polícia Civil, o magistrado tentou retornar pensando ser falsa. Nesse momento, o carro foi atingido por tiros de fuzil. Além de Marcelo, sua enteada, Natália, de 8 anos, e seu filho, Diego, de 11, também foram atingidos.
Para o juiz Fábio Uchôa, os policiais têm instinto homicida e envergonham a Polícia Civil do Rio. Ele disse também que os indiciados não estariam autorizados a fuzilar um veículo em fuga, ainda que conduzidos por marginais, “pois não cabe à polícia aplicar verdadeira pena de morte, a quem quer que seja, simplesmente porque não obedeceu a ordem de parar e pôs-se em fuga, tão somente para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe”, ressaltou o juiz, citando parte da carta pública divulgada pela vítima Marcelo Alexandrino da Costa Santos e veiculada na internet no dia 6 de outubro.
Mesmo baleado, juiz conseguiu dirigit até o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, onde acabou batendo em um muro | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Ainda segundo o magistrado, há fundadas razões, de acordo com as provas colhidas até a presente data, de que os indiciados participaram do crime de tentativa de homicídio. Ao decretar a prisão temporária, ele considerou que os suspeitos demonstraram a intenção de prejudicar as investigações ao inventarem uma fantasiosa e falsa alegação de que teria ocorrido uma suposta troca de tiros com marginais. O juiz Fabio Uchôa lembrou também que as vítimas estão amedrontadas e encontram-se reclusas nos hospitais onde estão internadas.Um dos agentes teria feito um disparo para o alto na tentativa de parar o veículo. De acordo com os policiais que faziam a operação, ocupantes de um outro carro, um Honda escuro, atiraram contra os policiais e teriam atingido o carro do juiz.
Perícia confirma que balas partiram do fuzil do policial
A pericia feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) confirmou que as balas que atingiram o juiz e sua enteada de 8 anos partiram do fuzil que estava com o policial Bruno Rocha Andrade. O outro policial, Bruno de Souza da Cruz, também foi indiciado porque fez disparos e sustentou a versão de uma troca de tiros com os ocupantes de um Honda civic.
De acordo com os peritos, os cartuchos arrecadados no local eram dos fuzis que estavam com eles. O agente Bruno Andrade estava com um fuzil IMBEL calibre 5.56 e o outro policial estava com um fuzil Norinco do mesmo calibre. Os fragmentos e balas encontradas no corpo do juiz e o projétil encontrado no corpo da enteada dele partiram da arma que estava com Bruno Andrade.
Em carta, juiz critica ação de agentes
A assessoria de imprensa do Hospital Pasteur, no Méier, Zona Norte, divulgou, na tarde desta quarta-feira, uma carta escrita pelo juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, de 39 anos, que foi baleado durante uma blitz, na madrugada do último domingo, na Estrada do Pau Ferro, próximo à Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá. O juiz agradece as vibrações positivas e fala sobre um "agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder".
Leia a carta completa do juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos abaixo:
“Às milhões de pessoas que, no Brasil e no mundo, têm-nos enviado mensagens e pensamentos de preocupação, carinho e solidariedade:
Eu e toda a minha família, do fundo de nossos corações, agradecemo-lhes e pedimos que continuem orando e nos enviando vibrações positivas, pois, apesar da distância, a tremenda energia que acompanha seus pensamentos nos tem ajudado a seguir em frente, vencendo a cada dia uma nova batalha contra todo o sofrimento físico, emocional, mental e espiritual que temos atravessado.
Todos os dias e em todas as horas, o planeta assiste às mais variadas violações dos Direitos Humanos. Porém, nada há de mais aterrador do que a imagem de um agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe.
Já é passado o momento da mudança. Já não se deve mais aceitar o inaceitável. Já não se pode mais observar a violência e o mau exercício da autoridade pública como convidados bem-vindos a nossas vidas.
Portanto, que essa vibração positiva que nos tem sido enviada se estenda também a todos os seres humanos, a fim de que, da criação de espaços de resistência, onde impere a dignidade, possa nascer uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.
Por fim, não podemos deixar de registrar nossa gratidão a todos os profissionais dos hospitais em que estamos internados. Sua dedicação é confortante e nos inspira a confiança em um amanhã sempre melhor.
Mais uma vez, muito obrigado. Marcelo Alexandrino da Costa Santos e família”
De acordo com a assessoria do hospital, o juiz ainda permanece internado num quarto particular, sem previsão de alta hospitalar. Ele está lúcido, respirando espontaneamente (sem aparelhos) e, além da equipe médica recebe acompanhamento fisioterápico e psicológico.
O DIA ONLINE - RIO - Policiais que atiraram em carro de juiz têm ...
8 out. 2010 ... O juiz trabalhista e sua família seguiam em seu carro, um Kia Cerato, ... os policiais têm instinto homicida e envergonham a Polícia Civil do Rio. ... a fuzilar um veículo em fuga, ainda que conduzidos por marginais, ...
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