MP investiga execução de traficante já preso por PMs do Batalhão de Choque na Rocinha
O Ministério Público investiga a execução de um traficante por PMs do Batalhão de Choque na Rocinha, na Zona Sul do Rio, na madrugada do último dia 6. A investigação foi aberta na última segunda-feira, após um casal de moradores da Rocinha prestar um depoimento bombástico a promotores da Auditoria Militar. No relato, eles revelaram que testemunharam policiais executarem um traficante já desarmado e imobilizado.
Segundo os depoimentos do casal, na ocasião, o traficante, baleado no pé durante uma troca de tiros, fugia de policiais por volta das 3h, quando arrombou a porta da residência do casal e os obrigou a escondê-lo. Em seguida, PMs do Choque chegaram à casa — seguindo o rastro de sangue — e capturaram o criminoso, que portava um fuzil calibre 556.
Após espancarem o homem na cozinha, os PMs deixaram o local com o bandido desarmado e imobilizado. Em seguida, o casal diz ter ouvido, de dentro da casa, o som de três tiros vindo do local onde os policiais e o traficante estavam.
A vítima foi identificada como Daniel Procópio Amaro, de 20 anos. Na ocasião, PMs do Choque afirmaram na Delegacia de Homicídios (DH) que trocaram tiros com bandidos e encontraram Daniel caído. Os PMs alegaram que o socorreram até o Hospital Miguel Couto, na Gávea. O fuzil foi apresentado pelos policiais na delegacia. O caso foi registrado como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial, o auto de resistência.
No MP, o casal de moradores da Rocinha ainda revelou que fugiu de casa após a execução. Eles contaram que, desde então, os mesmos policiais voltam recorrentemente ao local, na Rua 2, parte alta da favela, para usar a casa como ponto de observação. O casal está morando há quase um mês na casa de parentes.
A denúncia é a mais grave de uma série feita por moradores da Rocinha ao MP e à Corregedoria da PM. Desde que o Choque começou a atuar na favela, há um mês, após a saída das Forças Armadas da favela. Ao todo, o órgão correcional da PM abriu 35 inquéritos contra agentes de várias unidades por crimes na favela no último mês — 20 são contra policiais do Batalhão de Choque.
Nesta quarta-feira, o MP determinou que todas as investigações envolvendo crimes cometidos na Rocinha sejam encaminhadas, da Corregedoria da PM, a promotores da Auditoria Militar. A medida foi tomada após a nomeação, ontem, do comandante do Choque, coronel Jorge Pimenta, como novo corregedor da corporação. Pimenta foi nomeado justamente no momento em que a Corregedoria apurava denúncias de crimes envolvendo policiais do Choque na Rocinha. Como o EXTRA revelou há duas semanas, os abusos investigados vão desde casos de invasões de casas a espancamentos e roubos.
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