Policial acusado de liderar organização criminosa foi preso na manhã desta terça-feira durante a Operação S.O.S. Malibu
atualizado 16/11/2021 9:40
Festas, carros importados e viagens pelo mundo. Essa era a rotina do terceiro sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Ronie Peter Fernandes da Silva. Conforme o Metrópoles revelou, o militar foi preso na manhã desta terça-feira (16/11), durante a Operação S.O.S. Malibu, deflagrada pela Polícia Civil (PCDF). Ele é suspeito de liderar uma quadrilha de agiotas.
Ativo nas redes sociais, o militar postava detalhes de viagens para Rússia, Espanha, Emirados Árabes, Portugal, Ilhas Maldivas, Tailândia, Dubai, Estados Unidos e México. Os passeios tinham direito a voos de jatinho, hospedagem em hotéis 5 estrelas e muitas fotos.
Veja fotos das viagens do PM:
Donos de uma concessionária especializada em veículos de luxo, os irmãos Ronie da Silva e o empresário Thiago Fernandes da Silva, que também foi preso, mantinham uma coleção pessoal de automóveis importados.
Nos últimos dois anos, a organização criminosa comprou oito veículos da marca Porsche, de valor unitário próximo a R$ 1 milhão, e, nos últimos seis meses, movimentou mais de R$ 8 milhões distribuídos em sete contas bancárias.
Três veículos da Porsche e um veículo BMW X4 foram apreendidos durante a ação. Os carros estão avaliados em R$ 3 milhões. Também foram bloqueadas as sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, com sequestro dos R$ 8 milhões faturado com o esquema de extorsão.
Os irmãos costumavam fazer fotos e vídeos nos veículos de luxo. Em dezembro de 2020, Ronie Silva divulgou imagem de seu “presente de Natal”: um Porsche Carrera. O carro custa, em média, R$ 840 mil.
Em janeiro deste ano, o sargento divulgou a compra de uma BMW i8 avaliada em R$ 500 mil. No mesmo mês, o policial adquiriu outro Porsche Carrera 0 Km. O PM chegou a postar que estava “chegando de Porsche para comprar outro Porsche”. Em abril, o militar adquiriu mais um carro de luxo. Na ocasião, ele explicou que o modelo era exclusivo e disse: “Há quase 1 ano esperando esse carro chegar no Brasil”.
Por meio do Instagram, o sargento mostrava, diariamente, passeios pelas ruas de Brasília e testava a potência dos motores nas rodovias. Confira:
Veja os carros do policial militar:
Segundo investigações da Divisão de Roubos e Furtos da Polícia Civil do Distrito Federal (DRF/Corpatri), a engrenagem criminosa era altamente lucrativa e demandava saques em espécie de quantias milionárias. Em ação controlada comunicada à Justiça, equipes de policiais da DRF acompanharam dois saques milionários ocorridos em agências bancárias do DF totalizando de R$ 800 mil e R$ 530 mil.
Em um vídeo publicado por Ronie Silva no Instagram, é possível ver uma das casas dos irmãos em Vicente Pires. O imóvel conta com piscina, área de lazer, churrasqueira, ambientes climatizados e uma garagem repleta de carros importados.
S.O.S. Malibu
O esquema milionário de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro capitaneado pelo sargento da PMDF e seu irmão, foi desmantelado em operação deflagrada nas primeiras horas desta terça-feira (16/11), pela Polícia Civil (PCDF). Equipes da DRF cumpriram 15 mandados de busca e 7 de prisão em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo. A operação foi batizada em menção ao nome da concessionária de veículos dos irmãos.
A Operação S.O.S Malibu teve como principais alvos o sargento da PMDF Ronie Peter Fernandes da Silva e seu irmão, o empresário Thiago Fernandes da Silva. Ambos são apontados nas investigações da Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri) como os líderes de uma organização criminosa especializada no empréstimo de dinheiro a juros exorbitantes, caracterizando a agiotagem ou usura.
Quem não pagava as prestações em dia se tornava alvo de violentas ameaças. Durante as cobranças, além de coagir as vítimas, o grupo tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados. A apuração ainda demonstrou que os valores da agiotagem eram ocultados por meio da compra de veículos de luxo registrados em nome de terceiros, além da utilização de empresas de fachada.
Organização estruturada
As apurações conduzidas pela PCDF definiu como funcionava a estrutura da organização criminosa. O esquema era hierarquizado e havia divisão de tarefas. Na cadeia de comando havia os irmãos Ronie e Thiago, que emprestavam os valores e cobravam os endividados, mediante grave ameaça.
Também foram presos na operação cinco operadores financeiros do grupo, responsáveis pela dissimulação, isto é, pela sequência de transações e saques em contas de empresas de fachada, que visavam conferir aparência lícita aos valores faturados com a agiotagem. Três deles também eram responsáveis pela ocultação do dinheiro, pois cediam os nomes para o registro dos veículos de alto luxo, cujo verdadeiro dono era o sargento Ronie.
Os mandados de prisão, busca domiciliar e apreensão e sequestro foram expedidos pelo Juiz da Vara Criminal de Águas Claras. Valores e outros objetos apreendidos serão descritos oportunamente. A operação contou com o apoio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo.
O Metrópoles procurou a PMDF para comentar a prisão do sargento, mas, até a última atualização desta reportagem, a corporação não havia se manifestado. O espaço segue aberto.
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