Mãe de morto por traficantes fica surpresa com absolvição de militares
Nove dos 11 militares foram absolvidos por juiz; dois vão a júri popular.
Militares são acusados de entregar três jovens de favela a traficantes.
A notícia da absolvição e liberação de nove, dos onze militares do Exército acusados de entregar jovens do Morro da Providência a traficantes de uma facção rival ao morro onde moravam, surpreendeu a mãe de uma das vítimas. Lilian Gonzaga da Costa ainda mora no local onde o filho foi morto.
Em julho de 2008, Wellington Gonzaga da Costa Ferreira, David Wilson Florenço da Silva e Marcos Paulo Rodrigues Campos foram assassinados por traficantes do Morro da Mineira, depois de serem entregues por militares que na época ocupavam o Morro da Providência.
Segundo o juiz, os nove militares eram subordinados e apenas cumpriam ordens. “Eu achei que eles (os militares) estavam juntos. Por que no dia eles não ligaram para o quartel, não chamaram alguém? Deixaram aqueles garotos na Mineira e viraram as costas”, disse Lilian.
Os onze militares, que participavam de uma missão no Morro da Providência, foram acusados de entregar os três rapazes a traficantes do Morro da Providência. Os jovens foram torturados e mortos. Dois deles vão a júri popular.
Na acusação, o Ministério Público Federal pede que todos os militares sejam levados a júri popular pelo homicídio dos três rapazes.
Os promotores dizem que “os denunciados, com intenção de matar, entregaram as vítimas aos traficantes de forma consciente e voluntária”. E que fizeram isso “por motivo torpe, já que procuravam se vingar de um suposto desacato das vítimas”.
Mas pela decisão do juiz Erick Navarro Wolkart, apenas o tenente Vinicius Ghidetti e o sargento Leandro Bueno, que comandavam o grupamento, serão levados a julgamento por homicídios triplamente qualificados.
Segundo o juiz, a ação foi “dolosa dos denunciados com a entrega das vítimas a traficantes que resultou em três homicídios”.
O tenente Vinicius e o sargento Leandro estão presos em uma guarnição do Exército, onde vão aguardar o julgamento aqui na Justiça Federal. Eles são agora considerados réus, e como a acusação é de homicídio serão levados a julgamento em júri popular, que por enquanto não tem data marcada.
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/05/mae-de-morto-por-traficantes-fica-surpresa-com-absolvicao-de-militares.html
Terça, 17 de Junho de 2008 - 09h56
Jobim repudia ação de militares que entregaram jovens a traficantes no Rio
O ministro Nelson Jobim (Defesa) repudiou a ação dos 11 militares acusados de entregar três jovens do morro da Providência (região central do Rio de Janeiro) aos traficantes do morro da Mineira, no sábado (14). Os três jovens foram encontrados mortos no domingo no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
Jobim qualificou a ação dos militares como inconseqüentes e inadmissíveis e afirmou que os autores deverão ser repreendidos "de forma exemplar". Ontem, três militares --um tenente, um sargento e um soldado do Exército-- afirmaram, em depoimento no Comando Militar do Leste, ter levado os rapazes à facção do morro da Mineira.
David Wilson Florêncio da Silva, 24, Wellington Gonzaga Costa, 19, e Marcos Paulo da Silva, 17, foram presos acusados de desacato à autoridade e levados ao quartel do Exército no morro da Providência, mas foram liberados.
Para o delegado da 4ª Delegacia de Polícia do Rio (Central), Ricardo Dominguez, que investiga o caso, o tenente não gostou da decisão de seu superior de liberar os jovens. "O oficial superior não quis registrar a queixa e punir os jovens, mas o tenente não acatou e decidiu, por conta própria, cometer o crime e deixar os jovens na mão dos traficantes no morro da Mineiro", afirmou Dominguez.
O delegado disse ainda que o tenente não se mostrou arrependido com o crime durante o depoimento. "Ele não mostrou arrependimento, essa é a verdade", disse o delegado.
Os outros oito militares presos deverão prestar depoimentos à polícia nesta terça-feira (17), segundo o delegado. O nome dos 11 militares presos não foi divulgado pela polícia.
Punição
Nelson Jobim não descartou que os militares sejam acusados de homicídio caso seja confirmada a hipótese de que a causa da morte dos jovens tenha como origem sua entrega a uma facção rival. "Corre-se aí uma indagação: se a causa final da morte dos rapazes teve origem na entrega, pode-se falar inclusive em eventual co-autoria."
"Veja o resultado de uma ação inconseqüente, inadmissível e que deverá ser repreendida de forma exemplar", disse.
O ministro não esclareceu se os 11 militares serão expulsos do Exército. Para ele, a leitura das declarações dos envolvidos à polícia leva à indignação", mas deve-se esperar que o processo seja conduzido dentro dos trâmites judiciais.
"A leitura dos depoimentos no leva à indignação, mostrando a absoluta falta de respeito à pessoa humana desempenhado por esses personagens, e isso deverá ter uma reação não só na sociedade, mas do Poder Judiciário, de forma radical."
Protesto
Após participar do enterro dos três rapazes do morro, os moradores realizaram um protesto em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, centro do Rio. Soldados do Exército e manifestantes entraram em confronto.
Durante o protesto, os soldados arremessaram bombas de efeito moral contra cerca de 400 manifestantes. Ao menos um homem foi preso.
Um cordão com 200 soldados foi feito na entrada do prédio do comando. Quando os moradores se aproximaram, os soldados atiraram as bombas, segundo a Polícia Militar.
Vias próximas ao prédio foram parcialmente interditadas com a confusão. A avenida Marechal Floriano ficou bloqueada para a passagem de veículos. Não há registros de feridos com gravidade durante o protesto.
Ocupação
Nesta segunda-feira, o Exército repudiou o ato dos 11 militares e negou que tenha feito uso de violência ou implantado toque de recolher no morro da Providência, conforme relataram moradores. Segundo a denúncia, os militares que ocupam a favela desde dezembro do ano passado agem com violência e truculência contra a população local.
O Exército também afirmou que continuará a ocupação na favela até, ao menos, dezembro deste ano, prazo inicial para o fim das obras no local.
Os militares foram deslocados para o morro da Providência para realizar a execução do projeto Cimento Social, que consiste na elaboração do projeto básico; execução e fiscalização das obras; revitalização das fachadas e telhados; além da segurança das áreas das obras.
O Ministério das Cidades repassou R$ 1,9 milhão ao Ministério da Defesa para a realização das obras, que são feitas em esquema de mutirão pelos moradores.
Jobim qualificou a ação dos militares como inconseqüentes e inadmissíveis e afirmou que os autores deverão ser repreendidos "de forma exemplar". Ontem, três militares --um tenente, um sargento e um soldado do Exército-- afirmaram, em depoimento no Comando Militar do Leste, ter levado os rapazes à facção do morro da Mineira.
David Wilson Florêncio da Silva, 24, Wellington Gonzaga Costa, 19, e Marcos Paulo da Silva, 17, foram presos acusados de desacato à autoridade e levados ao quartel do Exército no morro da Providência, mas foram liberados.
Para o delegado da 4ª Delegacia de Polícia do Rio (Central), Ricardo Dominguez, que investiga o caso, o tenente não gostou da decisão de seu superior de liberar os jovens. "O oficial superior não quis registrar a queixa e punir os jovens, mas o tenente não acatou e decidiu, por conta própria, cometer o crime e deixar os jovens na mão dos traficantes no morro da Mineiro", afirmou Dominguez.
O delegado disse ainda que o tenente não se mostrou arrependido com o crime durante o depoimento. "Ele não mostrou arrependimento, essa é a verdade", disse o delegado.
Os outros oito militares presos deverão prestar depoimentos à polícia nesta terça-feira (17), segundo o delegado. O nome dos 11 militares presos não foi divulgado pela polícia.
Punição
Nelson Jobim não descartou que os militares sejam acusados de homicídio caso seja confirmada a hipótese de que a causa da morte dos jovens tenha como origem sua entrega a uma facção rival. "Corre-se aí uma indagação: se a causa final da morte dos rapazes teve origem na entrega, pode-se falar inclusive em eventual co-autoria."
"Veja o resultado de uma ação inconseqüente, inadmissível e que deverá ser repreendida de forma exemplar", disse.
O ministro não esclareceu se os 11 militares serão expulsos do Exército. Para ele, a leitura das declarações dos envolvidos à polícia leva à indignação", mas deve-se esperar que o processo seja conduzido dentro dos trâmites judiciais.
"A leitura dos depoimentos no leva à indignação, mostrando a absoluta falta de respeito à pessoa humana desempenhado por esses personagens, e isso deverá ter uma reação não só na sociedade, mas do Poder Judiciário, de forma radical."
Protesto
Após participar do enterro dos três rapazes do morro, os moradores realizaram um protesto em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, centro do Rio. Soldados do Exército e manifestantes entraram em confronto.
Durante o protesto, os soldados arremessaram bombas de efeito moral contra cerca de 400 manifestantes. Ao menos um homem foi preso.
Um cordão com 200 soldados foi feito na entrada do prédio do comando. Quando os moradores se aproximaram, os soldados atiraram as bombas, segundo a Polícia Militar.
Vias próximas ao prédio foram parcialmente interditadas com a confusão. A avenida Marechal Floriano ficou bloqueada para a passagem de veículos. Não há registros de feridos com gravidade durante o protesto.
Ocupação
Nesta segunda-feira, o Exército repudiou o ato dos 11 militares e negou que tenha feito uso de violência ou implantado toque de recolher no morro da Providência, conforme relataram moradores. Segundo a denúncia, os militares que ocupam a favela desde dezembro do ano passado agem com violência e truculência contra a população local.
O Exército também afirmou que continuará a ocupação na favela até, ao menos, dezembro deste ano, prazo inicial para o fim das obras no local.
Os militares foram deslocados para o morro da Providência para realizar a execução do projeto Cimento Social, que consiste na elaboração do projeto básico; execução e fiscalização das obras; revitalização das fachadas e telhados; além da segurança das áreas das obras.
O Ministério das Cidades repassou R$ 1,9 milhão ao Ministério da Defesa para a realização das obras, que são feitas em esquema de mutirão pelos moradores.
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