Ex de Mércia está foragido, diz promotor;
defesa diz que Mizael não vai se entregar
MP diz que júri popular pode demorar mais de dois anos, caso defesa recorra
Do R7
Grizar Júnior/AE
O delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), Antônio de Olim, deixa casa de Mizael Bispo
O promotor Rodrigo Merli Antunes afirmou nesta terça-feira (7) que Mizael Bispo, acusado de matar Mércia Nakashima, já é considerado foragido da Justiça. O juiz Leandro Bittencourt Cano decretou a prisão preventiva do ex-PM e do vigia Evandro Bezerra da Silva. Por sua vez, a defesa de Mizael diz que ele não vai se entregar à polícia. Agentes procuraram Mizael na tarde desta terça-feira em sua casa e em seu escritório em Guarulhos, na Grande São Paulo. Até as 20h, ele não havia sido encontrado. Questionado se Mizael pretende se entregar, o advogado Samir Haddad Júnior negou.
- É um direito que lhe assiste e eu não sou carcereiro.
Até o horário, Evandro Bezerra da Silva também não havia sido achado pela polícia, mas não era considerado foragido. Isso porque, segundo o promotor, os policiais estão com dificuldade para localizar o número do endereço da casa do vigia.
A Justiça também decidiu nesta terça-feira que o ex-namorado da advogada assassinada e o vigia de posto de gasolina de Guarulhos, na Grande São Paulo, serão submetidos a júri popular. Os réus podem recorrer da decisão.
Samir Haddad Júnior informou que vai recorrer da prisão e do júri popular na semana que vem, quando volta de férias o desembargador que já foi favorável a Mizael.
De acordo com o promotor Rodrigo Merli Antunes, caso os réus recorram, o júri pode demorar mais de dois anos para acontecer.
- A data vai depender se eles vão recorrer. Se eles não recorrerem, o júri deve acontece em meados de 2011. Se recorrerem, aí não temos como falar. Pode chegar a demorar mais de dois anos.
Mizael é "perigoso"
Segundo o parecer do juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, o novo decreto de prisão preventiva “tem a missão importante de restabelecer a ordem pública” e “devolver a confiança nas instituições e na sociedade organizada”.
A liberdade dos réus, para Cano, acarreta risco à população. As personalidades de Mizael Bispo e Evandro da Silva foram descritas pelo juiz como “perigosa”, pois os reús não têm “freios morais” e demonstram “desprezo pela coletividade”.
Além disso, diz o magistrado em seu parecer, “está devidamente provado que Mizael possui outros envolvimentos criminais, como “crimes de lesão corporal e ameaça contra sua ex-esposa e sogra”.
- Ora, se há tempos vem se envolvendo com episódios dessa natureza, em especial contra mulheres, afigura-nos óbvia a sua periculosidade[...]. É difícil acreditar que elas [ex-mulher e sogra] tenham procurado uma delegacia, única e exclusivamente, por sentimento de vingança.
Cano ainda justifica a decretação da prisão preventiva com o argumento de que Mizael Bispo e Evandro da Silva teriam tentado fraudar provas para esconder a autoria do crime. O juiz cita a "limpeza do sapato" do ex-PM utilizado no dia do desaparecimento de Mércia e a “produção artificial de defeitos no rastreador do automóvel” do ex-namorado da advogada.
O crime
Mércia desapareceu no dia 23 de maio deste ano depois de visitar a avó em Guarulhos. Seu corpo foi encontrado no dia 11 de junho na represa de Nazaré Paulista. Um dia antes, o carro da advogada foi achado no mesmo local.
A audiência para ouvir as testemunhas do caso ocorreu entre os dias 18 e 21 de outubro, em Guarulhos. Além das 21 pessoas
listadas pela promotoria e pelos advogados dos acusados, o juiz interrogou os dois réus.
Os desembargadores da 12ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiram no dia 24 de novembro que o julgamento do caso Mércia Nakashima seria realizado em Guarulhos. A defesa havia entrado com recurso para que o júri ocorresse em Nazaré Paulista, a 64 km de São Paulo.
Mizael já pode ser considerado foragido', diz Ministério Público
Ex de Mércia teve a prisão pedida por constranger testemunhas.
Para promotor, 'acusados representam perigo à ordem pública'.
Mizael foi procurado pela polícia nesta tarde no
escritório e em casa (Foto: Juliana Cardilli/G1)
O promotor Rodrigo Merli Antunes afirmou nesta terça-feira (7) que Mizael Bispo de Souza já pode ser considerado foragido da Justiça e da polícia. "O advogado dele falou que seu cliente não vai se apresentar. Então ele é foragido", afirmou o promotor por telefone ao G1.escritório e em casa (Foto: Juliana Cardilli/G1)
A Justiça de Guarulhos decretou a prisão do ex-namorado de Mércia Nakashima e do vigia Evandro Bezerra Silva. A Polícia Civil ainda não encontrou os acusados para cumprir o mandado de prisão. O juiz também decidiu mandar os dois a júri popular pelo assassinato da advogada.
“Pedi a prisão de Mizael porque ele constrange as testemunhas, forja provas e foge quando tem a prisão decretada. Evandro forjou álibi. Ele fugiu quando era procurado. Ele se dedica a atividades irregulares, exerce segurança armada irregular", afirmou o promotor. "Mizael tentou forjar provas do rastreador, quando tentou trocá-lo. Evandro tem envolvimento criminal, se dedica a atividade irregular de segurança armada. Testemunhas foram constrangidas e perseguidas. Além disso, tem a mudança de depoimento da ex-mulher de Mizael", completou.
Em seu pedido de prisão preventiva, do dia 26 de novembro, enviado à Justiça, o promotor alega que “os acusados representam perigo à ordem pública, já que possuem outros envolvimentos policiais e se dedicam a atividades ilegais (segurança particular armada sem autorização), demonstrando ambos uma predisposição à prática de ilícitos”.
Ao G1, Samir Haddad Júnior, defensor de Mizael, afirmou na tarde desta terça-feira que seu cliente não irá se entregar à polícia. “Ele não vai se apresentar. Vai que acontece algo com ele na prisão”, disse. O advogado de Evandro Silva não foi localizado às as 18h30 desta terça.
Pronunciados
A Justiça de Guarulhos, na Grande São Paulo, decidiu na tarde desta terça-feira levar Mizael Bispo de Souza e Evandro Bezerra Silva a júri popular sob a acusação de assassinarem Mércia Nakashima, de 28 anos, em maio deste ano. Além de terem de sentar no banco dos réus para serem julgados pelo crime por sete jurados escolhidos entre pessoas da sociedade, o ex-namorado da vítima e o vigia também tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, da 1ª Vara do Júri.
A sentença do magistrado foi divulgada nesta terça pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de SP. Cabe recurso. Os réus negam o crime.
Policiais civis foram, assim que decretada a prisão, até a casa e ao escritório de Mizael em Guarulhos, mas não tinham conseguido localizá-lo até as 17h30.
Para o juiz Leandro Bittencourt Cano, há “indícios suficientes de autoria”, que são “evidenciados pelas provas oral e documental”, para que se decidisse pelo pronunciamento de Mizael Bispo e Evandro Silva. O magistrado relacionou, em sua decisão, ao menos 12 indícios da participação deles no crime.
Entre os mais indícios mais contundentes, o juiz cita que “Mizael foi visto entrando no veículo de Mércia momento antes do momento fatídico”, segundo uma testemunha;
que os encontros entre Mizael e Evandro “passaram a ser rotineiros nas proximidades do dia do crime”;
as “três confissões de Evandro com delação do comparsa, sendo uma delas filmada” e as outras colhidas na presença de um advogado;
o resultado da reconstituição que se baseou em depoimento de testemunha sigilosa esclareceu a dinâmica do crime;
“por meio dos cruzamento de dados telefônicos foram constatadas diversas ligações entre Mizael e Evandro no dia do delito”;
e a presença de “fragmentos de uma alga compatível com as represas de Nazaré Paulista”, onde o corpo de Mércia foi encontrada, “no sapato de Mizael”, bem como "partículas ósseas" e "substância hematóide".
saiba mais
Sobre a decretação da prisão preventiva, o juiz afirmou que esta "está satisfatoriamente fundamentada na garantia da ordem pública. Em sua explicação, o magistrado afirma que "a liberdade dos réus acarreta em risco de lesão à ordem pública". "Isto porque, segundo o que consta, a periculosidade daqueles resta evidenciada", concluiu.Mizael tem 40 anos, é advogado, policial militar reformado, ex-namorado e ex-sócio de Mércia. Ele é apontado como o mentor do crime. Foi acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Segundo o Ministério Público, ele matou a advogada por ciúmes, já que não aceitava o fim do relacionamento.
Evandro, 39 anos, trabalhava como vigilante em feiras livres para Mizael, e teria ajudado o advogado a cometer o assassinato. Ele responde por homicídio duplamente qualificado (emprego de meio insidioso ou cruel e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. De acordo com o promotor Rodrigo Merli Antunes, o vigia foi denunciado como partícipe porque sabia das intenções homicidas de Mizael e aceitou colaborar com a prática do crime.
Desaparecimento
Mércia desapareceu da casa dos avós em Guarulhos, em 23 de maio, quando saiu de carro. Após a denúncia feita por um pescador, o veículo e o corpo dela foram encontrados por bombeiros em uma represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, nos dias 10 e 11 de junho, respectivamente.
Não é a primeira vez que Mizael e Evandro têm a prisão decretada pela Justiça. O mesmo juiz chegou a determinar a preventiva deles em 3 de agosto. O advogado chegou a fugir e depois conseguiu a liberdade por conta de um habeas corpus do TJ-SP. O vigia chegou a ser preso em 9 de julho, quando afirmou que Mizael matou Mércia por ciúmes e falou que o ajudou a fugir da represa. Dias depois, revelou numa carta ao G1 que foi torturado por policiais para confessar um crime que não cometeu. Os desembargadores revogaram a prisão de Evandro em 9 de agosto.
06/02/2011 às 09h03
Foragido há 2 meses, Mizael vive "preso", diz advogadoR7
- Engana-se quem pensa que ele não está preso. É uma vida difícil. É uma pena antecipada. Os cerca de 300 processos que eram conduzidos pelo escritório de Mizael, que é advogado, foram transferidos por tempo indeterminado para as mãos de Ribeiro e de um outro advogado amigo do réu. Em 7 de dezembro passado, a Justiça também mandou prender Evandro Bezerra da Silva, que era vigia em um posto de gasolina em Guarulhos (Grande São Paulo). Foragido, ele é acusado de ter ajudado Mizael a concretizar o crime. "País de impunidade" Para a família da vítima, a sensação continua sendo de impunidade. Márcio Nakashima, irmão de Mércia, contou que não tem sido informado sobre os esforços da polícia para encontrar os acusados. Para ele, Mizael não vai se entregar. Questionado se ele acredita na prisão de Mizael antes do julgamento, ainda sem data definida, Márcio disse que todos tentam manter a esperança, mas sem criar muita expectativa. - Vivemos num país de impunidade. Um país que gosta de assassinos. Ele se referia à decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar o italiano Cesare Battisti, acusado de matar quatro pessoas na Itália. Confira também Mizael diz que reza por família de Mércia Justiça nega devolução de bens para Mizael STJ mantém prisão de Mizael ...O irmão da vítima, desiludido com a falta de notícias do acusado, conta que já não recebe muitas informações do paradeiro de Mizael. - O caso esfriou um pouco e sumiu da mídia. As pessoas esquecem e já não ficam tão atentas. Márcio diz que chegou a receber informações de possíveis esconderijos de Mizael. Ele afirma que repassou os dados para a polícia, mas não teve nenhuma informação se os endereços foram checados. Para o defensor de Mizael, o fato de seu cliente ainda não ter se entregado é um direito dele. - Vamos esgotar todos os recursos. E estou confiante que não precisaremos usá-los. O pedido de liminar [decisão provisória] para deixar o acusado em liberdade já foi negado pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Para decidir os próximos passado, os advogados do réu aguardam o julgamento do mérito do habeas corpus de libertação [decisão definitiva], que deve ser feito pelo TJ nas próximas semanas. - Se for negado, entramos novamente com a ação no STJ. Foragidos Só no Estado de São Paulo há cerca de 152 mil foragidos da Justiça, segundo informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública). O órgão não divulga oficialmente quantos policiais compõem a Divisão de Capturas, responsáveis pelas prisões. Além dos acusados de matar Mércia, a polícia está à procura do ex-médico Roger Abdelmassih, acusado de estuprar pacientes, e do estudante Jonathan Domingues, suspeito de espancar no ano passado homossexuais na avenida Paulista. No final do mês passado, quando Waldomiro Milanesi assumiu o divisão, o delegado admitiu que deve priorizar os casos com clamor público. Mas, até agora, nenhum dos foragidos mais conhecidos foram encontrados. |
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