14/08/19 12:16
A jovem Margareth Teixeira da Costa, de 17 anos, morta na noite desta terça-feira durante uma operação na comunidade 48, em Bangu, Zona Oeste do Rio, tinha o sonho de ser policial militar. Filha caçula de nove irmãs, a jovem morava na região há cerca de três anos, quando deixou Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para viver com o companheiro. Aluna do 7° ano do ensino fundamental de uma escola pública, Margareth sonhava casar na igreja:
— Estávamos juntando dinheiro para casar, vendo as alianças já. Eu amo muito essa menina. Era uma garota cheia de sonhos. Vai ser difícil agora, eu sozinho, sem ela, com nosso filho pequeno — diz o operador de loja Daniel Coutinho, de 21 anos, que namorava com Margareth há quatro anos.
A jovem ia para a igreja com o filho, de apenas 1 ano e dez meses, no momento em que os dois foram atingidos. Segundo testemunhas, os dois ficaram no meio do fogo cruzado. Margareth chegou ao Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, com cerca de dez perfurações pelo corpo, carregada por policiais militares. Ela deu entrada na unidade, por volta das 20h, sem vida. Dois suspeitos também foram levados para o hospital, mas não resistiram aos ferimentos. Eles não foram identificados.
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Mariana da Costa, de 20 anos, irmã de Margareth, explica que a adolescente tinha combinado de encontrar Daniel na igreja. No entanto, ele não a encontrou no local e resolveu esperar em casa. Foi quando, por volta de 23h, a irmã de Daniel o avisou que uma jovem havia sido baleada com o filho.
— Ele chegou a ver a poça de sangue no chão, mas não imaginou que fosse dela. Ontem (terça-feira), nós conversamos pela manhã, ela mandou uma foto dela com o meu sobrinho — diz, emocionada, Mariana.
A família soube da morte de Margareth por meio da imprensa, apenas na manhã desta quarta-feira, 12 horas depois do episódio.
— Eu soube hoje de manhã, quando outra irmã nossa me ligou após ver as notícias na TV. Aí ligamos para o meu cunhado e viemos correndo para cá — conta Rayane Carmo Costa, de 23 anos, irmã da vítima.
O bebê, que foi baleado de raspão no pé esquerdo, de acordo com a Secretaria municipal de Saúde do Rio, apresenta quadro de saúde estável após passar por uma cirurgia. Ele chegou à unidade junto com a mãe. No momento dos tiros, a criança caiu do colo de Margareth e bateu a cabeça no chão e teve um ferimento leve na região.
— Ela sempre falou dos intensos tiroteios, ela estudava à noite. Não estava tendo operação na hora em que ela saiu de casa, ela sabia que era perigoso. Esse confronto começou quando ela estava na rua já. Mataram a minha irmã. Que bala perdida é essa que deixa uma pessoa toda furada? Minha irmã tem dez buracos no corpo — questiona Merielle Teixeira, outra irmã.
O pai de Margareth, que não quis se identificar, questiona a atuação da PM. Ele chegou bastante emocionado no hospital.
— Hoje foi minha filha, amanhã pode ser a filha de um deles. Trouxeram uma criança, ela só tinha 17 anos, dentro do carro da PM, como se fosse um bicho, sem avisar a ninguém da família — disse o homem na porta do hospital.
Em nota, a PM informa que equipes do 14º BPM (Bangu) realizaram uma operação para coibir confrontos armados entre grupos rivais na comunidade do 48. Com a aproximação dos PMs, houve intensa reação armada dos criminosos. "Foi instaurado procedimento apuratório pelo comando do batalhão para analisar a dinâmica do caso em paralelo com a investigação da 34ªDP (Bangu), onde o caso foi registrado.
Dois fuzis, duas pistolas, uma granada, 18 carregadores, dois rádios transmissores, um cinto de guarnição e munições de pistola foram apreendidos na operação,
Jovem morta durante operação da polícia em Bangu sonhava ser PM
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