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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Jovem morta durante operação da polícia em Bangu sonhava ser PM

 14/08/19 12:16

Margareth, de 17 anos, morreu durante operação
Margareth, de 17 anos, morreu durante operação Foto: Reprodução
Diego Amorim
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A jovem Margareth Teixeira da Costa, de 17 anos, morta na noite desta terça-feira durante uma operação na comunidade 48, em Bangu, Zona Oeste do Rio, tinha o sonho de ser policial militar. Filha caçula de nove irmãs, a jovem morava na região há cerca de três anos, quando deixou Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para viver com o companheiro. Aluna do 7° ano do ensino fundamental de uma escola pública, Margareth sonhava casar na igreja:

— Estávamos juntando dinheiro para casar, vendo as alianças já. Eu amo muito essa menina. Era uma garota cheia de sonhos. Vai ser difícil agora, eu sozinho, sem ela, com nosso filho pequeno — diz o operador de loja Daniel Coutinho, de 21 anos, que namorava com Margareth há quatro anos.

Daniel: 'Estávamos juntando dinheiro para casar'
Daniel: 'Estávamos juntando dinheiro para casar' Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

A jovem ia para a igreja com o filho, de apenas 1 ano e dez meses, no momento em que os dois foram atingidos. Segundo testemunhas, os dois ficaram no meio do fogo cruzado. Margareth chegou ao Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, com cerca de dez perfurações pelo corpo, carregada por policiais militares. Ela deu entrada na unidade, por volta das 20h, sem vida. Dois suspeitos também foram levados para o hospital, mas não resistiram aos ferimentos. Eles não foram identificados.


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Mariana da Costa, de 20 anos, irmã de Margareth, explica que a adolescente tinha combinado de encontrar Daniel na igreja. No entanto, ele não a encontrou no local e resolveu esperar em casa. Foi quando, por volta de 23h, a irmã de Daniel o avisou que uma jovem havia sido baleada com o filho.


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— Ele chegou a ver a poça de sangue no chão, mas não imaginou que fosse dela. Ontem (terça-feira), nós conversamos pela manhã, ela mandou uma foto dela com o meu sobrinho — diz, emocionada, Mariana.

A família soube da morte de Margareth por meio da imprensa, apenas na manhã desta quarta-feira, 12 horas depois do episódio.

— Eu soube hoje de manhã, quando outra irmã nossa me ligou após ver as notícias na TV. Aí ligamos para o meu cunhado e viemos correndo para cá — conta Rayane Carmo Costa, de 23 anos, irmã da vítima.

Margareth Teixeira tinha 17 anos
Margareth Teixeira tinha 17 anos Foto: Arquivo pessoal

O bebê, que foi baleado de raspão no pé esquerdo, de acordo com a Secretaria municipal de Saúde do Rio, apresenta quadro de saúde estável após passar por uma cirurgia. Ele chegou à unidade junto com a mãe. No momento dos tiros, a criança caiu do colo de Margareth e bateu a cabeça no chão e teve um ferimento leve na região.

— Ela sempre falou dos intensos tiroteios, ela estudava à noite. Não estava tendo operação na hora em que ela saiu de casa, ela sabia que era perigoso. Esse confronto começou quando ela estava na rua já. Mataram a minha irmã. Que bala perdida é essa que deixa uma pessoa toda furada? Minha irmã tem dez buracos no corpo — questiona Merielle Teixeira, outra irmã.

O pai de Margareth, que não quis se identificar, questiona a atuação da PM. Ele chegou bastante emocionado no hospital.

— Hoje foi minha filha, amanhã pode ser a filha de um deles. Trouxeram uma criança, ela só tinha 17 anos, dentro do carro da PM, como se fosse um bicho, sem avisar a ninguém da família — disse o homem na porta do hospital.

Em nota, a PM informa que equipes do 14º BPM (Bangu) realizaram uma operação para coibir confrontos armados entre grupos rivais na comunidade do 48. Com a aproximação dos PMs, houve intensa reação armada dos criminosos. "Foi instaurado procedimento apuratório pelo comando do batalhão para analisar a dinâmica do caso em paralelo com a investigação da 34ªDP (Bangu), onde o caso foi registrado.

Dois fuzis, duas pistolas, uma granada, 18 carregadores, dois rádios transmissores, um cinto de guarnição e munições de pistola foram apreendidos na operação,

Jovem morta durante operação da polícia em Bangu sonhava ser PM


20 Comentários

  • Sebastião Hilario de Souza
    Gente, vem pra Minas, aqui a criminalidade passa longe do Rio 
    • Cel
      Não convida, se não você vai ter que vir morar aqui kkk kkk kkk kkk kkk kkk kkk 
  • Sebastião Hilario de Souza
    Na rua onde moro sujeito pode sair pelado depois que escurece que mal mal passa um carro. As crianças brincam com coleguinhas na maior paz do mundo 
  • xoxoteiro1980
    FALAR A VERDADE OFENDE O SR GOVERNADOR. ENTÃO PARABÉNS AO ATUAL GOVERNO, E BOM FINAL DE SEMANA PARA O SR NA ARGENTINA. AQUI CONTINUAREMOS COMO SEMPRE. EM MEIO A BALAS ENCONTRADAS. MAIS PARABÉNS!!! 
  • xoxoteiro1980
    JÁ QUE FALAR A VERDADE É OFENDER O GOVERNADOR, E OS POLÍTICOS QUE HONRAM NOSSOS VOTOS. ENTÃO PARABÉNS A TODOS OS QUE ESTÃO NO GOVERNO. E CONTINUAREMOS NESSA GUERRA SEM FIM. 
  • Mituzael Desouza
    Sonhar, eh bacana, agora seguir os procedimentos, eh que eh o dificil. Uma menina, ainda, ja com outra crianca de 2 anos. Que necessidade tinha essa menina de se amancebar-se tao cedo? fala serio....hum 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Áudios de Paraisópolis não inocentam PMs, afirma promotor

 19/12/19 por Arthur Stabile, Josmar Jozino e Maria Teresa Cruz

Hidejalma Muccio foi o responsável por denunciar 14 PMs da Rota que, em 2015, manipularam áudios do Copom para encobrir duas execuções em SP

Grafite na viela onde aconteceu o massacre de Paraisópolis | Foto: Arthur Stabile/Ponte Jornalismo

Os áudios do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) divulgados ontem pela TV Globo mostram que policiais militares em Paraisópolis, zona sul da cidade de São Paulo, mencionaram a perseguição a uma motocicleta pouco antes do tumulto que terminou em nove mortes, na noite de 1º de dezembro, mas não isentam os PMs de responsabilidade pelas mortes. Quem afirma é o promotor de justiça Hidejalma Muccio, do Tribunal de Júri do Ministério Público Estadual de São Paulo.

Muccio sabe do que está falando. Em 2015, denunciou 14 PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa mais letal da PM paulista, por forjar comunicações enviadas ao Copom para encobrir dois assassinatos. Segundo o promotor, os áudios isoladamente não são capazes de provar nada.

“Um áudio indicando uma perseguição não significa necessariamente a existência da perseguição e nem que ela de fato tenha sido desencadeada de forma legítima. Um policial mal intencionado pode usar isso para se precaver da eventualidade do levantamento de alguns dados”, afirma em entrevista à Ponte. Para comprovar que a perseguição realmente ocorreu, como alegam os policiais, é necessário reunir outras provas além dos áudios, como filmagens de câmeras de vídeo e depoimento de testemunhas.

O promotor também aponta que, mesmo que seja verdadeira a versão dos policiais, de que perseguiram dois homens numa motocicleta que atiraram contra eles e depois se misturaram aos frequentadores do baile funk da DZ7, dando início ao tumulto que terminou em massacre, nada disso isenta a PM de responsabilidade pelas nove mortes. “Não muda nada. Ou melhor, diria que agrava. Pouco importa saber se houve perseguição ou não houve, saber se a perseguição era legítima ou não era legítima. Jamais a polícia poderia entrar naquele local, com aquela quantidade de gente, colocando em risco a vida daquelas pessoas, com a justificativa de prender criminosos”, diz.

Áudios falsificados

Em 6 de agosto de 2015, segundo a denúncia do MPE, 14 PMs da Rota participaram de uma armação envolvendo uma falsa comunicação ao Copom. A denúncia conta que os PMs abordaram Herbert Lúcio Rodrigues Pessoa em Guarulhos (Grande SP) e o levaram para Pirituba, zona oeste da capital paulista, onde o executaram, junto com Weberson dos Santos Oliveira. As vítimas nunca tinham se visto na vida.

Ainda, de acordo com a denúncia, a Rota plantou duas armas na cena do crime: uma pistola .40 furtada do 3° DP de Diadema (Grande SP), e um revólver calibre .32, extraviado da Delegacia de Ribeirão Pires, no interior do estado, além de colocar explosivos, na tentativa de indicar que os suspeitos faziam parte de grupo criminoso.

Testemunhas relataram terem visto Hebert Lúcio Rodrigues Pessoa ser abordado pelos policiais em Guarulhos e ser colocado no camburão de uma viatura. Weberson teria sido pego em Pirituba.

Na versão dos policiais, eles haviam iniciado uma perseguição, os suspeitos teriam atirado, obrigando o revide. Áudios da comunicação do Copom sustentavam a versão, conforme documento obtido pela Ponte.

Na versão dos PMs, a equipe da viatura 91.210 informou à central que um dos suspeito disparou às 13h40, na Avenida Doutor Felipe Pinel, em Pirituba. “Indivíduo armado efetuou disparo contra equipe, os dois indivíduos se evadiu [sic] pelo mato, Copom”, relatam. Outra viatura da Rota, de número 91.292, e uma viatura de batalhão da área teriam participado da perseguição.

Depois, um novo aviso ao Copom é feito pelo comando da Rota. “Tentativa de abordagem a um veículo, três indivíduos resistiram a abordagem sendo que dois efetuaram disparos contra a equipe e o terceiro se evadiu na região de mato aqui no QTH [no local], QSL [entendido]?”, informou. “Pelo local, socorro médico constatou óbito de dois criminosos e o terceiro permanece as varreduras e as buscas com vistas ao indivíduo, pode liberar a rede”, prossegue o policial.

O promotor destaca a importância que as imagens de uma câmera de rua tiveram para refutar a versão. “Eles vieram de Guarulhos dirigindo o carro da vítima e sob escolta das viaturas da Rota. Uma câmera registrou a passagem do carro da vítima com as viaturas em velocidade baixa, tranquila, sem qualquer perseguição, uma movimentação normal”, explicou o promotor, que destacou a série de manipulações que os policiais fizeram. “Eles forjaram o local do crime, o armamento que introduziram no veículo para dizer que eram das vítimas, forjaram que as vitimas estavam juntas, enfim, uma situação absurda”, prosseguiu.

Os policiais militares envolvidos nas duas mortes são Luis Gustavo Lopes de Oliveira, Erlon Garcez Neves, Renato da Silva Pires, Moisés Araújo Conceição, Luiz Fernando Pereira Slywezuck, Emerson Bernardes Heleno, Tiago Belli, Marcelo Antonio Liguori, Elias Sérgio da Câmara, Eduardo de Oliveira Rodrigues, Leandro Augusto de Souza, Marcos Gomes de Oliveira, Arthur Marques Maia e Tiago Santana Oliveira.

Muccio denunciou todos eles e lamenta que estejam respondendo pelos homicídios em liberdade. “A prova é clara nesse sentido. Uma prova límpida que não deixa dúvida”, afirmou.

Eles respondem pelo crime de homicídio doloso (com intenção de matar). Em primeira instância, a Justiça de SP havia rejeitado a denúncia, depois o MPE recorreu e, nesse momento, os policiais respondem em liberdade ao processo que ainda está em fase de instrução.

Ponte procurou as assessorias de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e da PM da gestão João Doria (PSDB) para questionar a respeito do massacre de Paraisópolis e das mortes da Rota em 2015. Com relação ao massacre deste ano, a SSP se limitou a dizer, por telefone, que as circunstâncias das mortes seguem sendo investigadas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil de São Paulo. Com relação ao caso denunciado pelo promotor Hidejalma Muccio em 2015, a SSP-SP e a PM não se pronunciaram.


Comentários

3 comentários
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Marcelo Andrade
Esse promotor é um merda, quando se anda com seguranças e carro blindado se torna muito fácil criticar o trabalho policial.
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Jesaias Silva
Promotor a serviço do crime, tamos fundido, se serve de consolo pra esse promotorzinho, os 9 que curtiam funk agora curte o Sepultura.
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Caio Junior
Estar sentadinho em seu gabinete cercado de segurança, ar condicionado, cafézinho e outras mordomias, fica fácil criticar e duvidar do que aconteceu. Agora estar no calor do acontecimento ninguém quer.
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Tiro na cidadania

 O dançarino Douglas Rafael foi morto por um disparo, e não ao cair de um muro, como a polícia havia informado inicialmente. O crime provocou um violento protesto em Copacabana, repercutiu no mundo inteiro e pôs novamente em xeque a política de pacificação

postado em 24/04/2014 00:00
  •  
 (foto: Pilar Olivares/Reuters)
(foto: Pilar Olivares/Reuters)A perícia desmontou a versão divulgada inicialmente de que o corpo do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, encontrado morto na manhã de terça-feira dentro de uma creche no Morro do Pavão-Pavãozinho, Zona Sul do Rio de Janeiro, não apresentava perfurações de bala, e sim, escoriações sugerindo óbito por queda. Ontem, o laudo do Instituto de Medicina Legal confirmou o motivo da morte do rapaz, que trabalhava no programa Esquenta, de Regina Casé, na TV Globo: um tiro que varou o tórax.

Depois da repercussão do caso, que incluiu um protesto violento nas ruas de Copacabana na noite de terça-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, convocou a imprensa, ontem à noite, para informar que os 10 policiais da Unidade de Polícia Pacificadora a (UPP) do Pavão-Pavãozinho que participaram de uma operação na comunidade na noite de segunda-feira tiveram as armas ;relacionadas;. No entanto, a Delegacia de Homicídios esclareceu que não adianta apreender o armamento, já que não foi encontrado material para confronto balístico na cena do crime.

Para a mãe de Douglas, Maria de Fátima da Silva, os policiais mataram o rapaz e manipularam as provas que poderiam incriminá-los. Ela cita, por exemplo, o relato de vizinhos da creche onde o corpo foi encontrado sobre um ;entra e sai; de PMs no local, pela manhã, usando luvas cirúrgicas. E questiona por que a perícia só foi chamada às 11h. Maria de Fátima voltou a lembrar que o corpo e os documentos do filho entregues a ela estavam molhados ; o que sugere que houve uma lavagem do cadáver e da cena do crime.

A mulher não acredita que Douglas tenha sido confundido com um traficante. Ela contou ontem, à imprensa fluminense, que o filho tinha uma ;picuinha; com os policiais da UPP porque os agentes teriam roubado a moto dele depois de uma discussão com o rapaz. Maria de Fátima assegurou que o veículo continua rodando no Rio porque várias multas chegaram. Ela disse que é um hábito da polícia ;pegar as pessoas no meio da madrugada para matar;. E destacou que, se Douglas não fosse da TV Globo, teria virado ;outro Amarildo;. Segundo ela, os moradores chegaram à creche quando os policiais tentavam tirar o corpo dele do local.

Quatro dos 10 policiais que faziam uma operação no Pavão-Pavãozinho depois de receberem uma denúncia anônima sobre o paradeiro de um traficante já prestaram depoimento, segundo o delegado da 13; DP, Gilberto da Cruz Ribeiro, que cuida do caso. Ele informou que pretendia ouvir os outros quatro ontem ainda. Na comunidade, a tensão e o clima de revolta com a morte do dançarino ainda eram sentidos ontem, mas não houve protestos nas ruas dos bairros vizinhos, como Copacabana e Ipanema.

A apresentadora do programa Esquenta, Regina Casé, lamentou a morte do parceiro de elenco e cobrou providências. ;Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar, claro, essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve. Mas é preciso que a polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza. Mas é o único consolo;, disse. O sepultamento de DG será hoje, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Deu no...
CNN
O protesto que tomou as ruas de Copacabana, devido à morte do dançarino Douglas Rafael Pereira, ficou no topo das notícias da América Latina mais lidas na página da rede norte-americana. O veículo ressaltou que, mesmo em favelas pacificadas, é comum a ocorrência de tiroteios entre polícia e bandidos.

BBC
O site da BBC informou que as principais vias de Copacabana, uma das mais procuradas áreas turísticas do Rio, foram fechadas por manifestantes exaltados com a morte de uma dançarino. O enfoque também foi na Copa do Mundo. A publicação ressaltou que faltam apenas dois meses para o Mundial e que o Rio é um dos principais destinos.

The Wall Street Journal
A notícia de dois grandes distúrbios no Brasil ocupou a manchete da seção América Latina da página do diário americano na internet durante todo o dia de ontem. A reportagem destacou o protesto nas ruas de Copacabana, bairro da praia mais famosa, e o incêndio de mais de 30 ônibus na Grande São Paulo.

PMs ocultaram provas do assassinato do menino Jesus, testemunham moradores

 PMs ocultaram provas do assassinato do menino Jesus, testemunham moradores

Mário Magalhães

A mãe, Maria, o pai, José, e o menino Jesus – Foto Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo/UOL

 

Os policiais militares que estavam nas proximidades do lugar onde Eduardo de Jesus Ferreira foi assassinado na quinta-feira disseram que, nos instantes que antecederam a morte do menino, envolviam-se em tiroteio com traficantes de drogas no complexo do Alemão.

Mas os peritos que estiveram no local onde o garoto de 10 anos foi baleado encontraram poucas _ou nenhuma_ balas e cápsulas. Disparadas por armas de fogo, deveriam ser achadas em profusão de cardume de sardinha, em caso de disparos numerosos.

Também não foi encontrado o projétil que atravessou a cabeça de Dudu. Há indícios, mas não confirmação, de que seja munição de fuzil.

Se encontrada, a bala seria comparada a outros projéteis a serem disparados em teste pelas armas que estavam de posse dos PMs, incluindo fuzis.

Cada arma tem características próprias que deixam marcas nas balas. As oriundas da mesma arma terão sempre ranhuras muito similares, como se fossem impressão digital.

O sumiço do projétil impede a comparação balística direta.

O mistério sobre o desaparecimento de balas e cápsulas em torno do corpo de Jesus já não é, a rigor, um mistério. Moradores do Alemão contaram que, em seguida à morte do menino, PMs apressaram-se a recolher esse material.

Noutras palavras, de acordo com o que os moradores testemunharam na Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, os policiais ocultaram provas e manipularam a cena do crime.

É o que informam hoje os repórteres Sérgio Ramalho e Vera Araújo.

Todos os depoimentos até agora indicam que Jesus foi assassinado por um PM quando inexistia tiroteio.

A mãe do garoto, Terezinha Maria de Jesus, afirma ser capaz de identificar o policial que tirou a vida do seu filho.

O menino que sonhava ser motorista ou bombeiro estava na porta de casa, onde não ficava quando ocorriam as frequentes trocas de tiro no morro.

O governo do Estado do Rio anuncia para hoje o começo da ''reocupação'' do complexo do Alemão.

''Ocupação'' é expressão de guerra relativa a território hostil.

Enquanto as autoridades considerarem favela como trincheira inimiga, tratando os moradores como bandidos, novos meninos Jesus serão mortos.

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  1. Avatar de montagnese

    montagnese

     

    5 anos atrás

    sabemos o desfecho dessa covardia. bobagem comentar.

  2. Avatar de Cabeça-de-Bagre

    Cabeça-de-Bagre

     

    5 anos atrás

    Resultado, se não há o projétil, não há provas contra os PMs. Absolvidos.

  3. Avatar de aurelioiron

    aurelioiron

     

    5 anos atrás

    Enquanto favela existir isso vai continuar acontecendo.

  4. Avatar de zonga

    zonga

     

    5 anos atrás

    é estarrecedor.

  5. Avatar de wasantos

    wasantos

     

    5 anos atrás

    Caro Magalhães. Os policiais podem ter recolhido cápsulas , o que é errado em uma cena de crime, coisa jamais preservada em nosso país. Mas achar projétil é uma impossibilidade. Um´projétil de fuzil pode ser achado a 1 km de distância. Supostamente era um projétil de fuzil? Então se foi retirado, cadê o buraco que ele fez na parede? Se o garoto estava em frente de casa e não havia tiroteio onde estão os buracos de bala nas casas partindo só de um lado? Aguardemos a investigação, e mesmo se encontrado o projétil, a balística de comparação visual é muito ineficaz para fuzis pois o projétil fica muito destruído. Para seu conhecimento, é mais comum usar metalurgia para determinar a que lote pertencia o projétil, e assim determinar que era um lote pertencente a polícia, ou não. Vai estudar balística cara!

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