quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tenente da PM ‘passa a mão’ em médica e a agride com socos em show sertanejo

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Tenente da PM ‘passa a mão’ em médica e a agride com socos em show sertanejo

13/09/2016

Divulgação

Uma médica, de 28 anos, o marido dela, de 26, e dois amigos passaram por momentos de terror durante um show do Festeja, festival de música sertaneja ocorrido no Mega Space, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, no sábado (10). A belo-horizontina foi agredida por um tenente da Polícia Militar (PM) após ser agarrada por ele. A mulher levou socos na boca e acabou presa por desacato, já que, indignada com a situação, esbravejou contra policiais da Rotam que faziam a segurança do local.

Ao Bhaz, a médica contou ter ido ao show junto do marido e de dois amigos, um homem e uma mulher. Por volta das 23h, ela sentiu fome e pediu ao companheiro para comprar um lanche. Eles estavam no camarote, em uma área chamada de “FrontStage”. Enquanto aguardava junto com um dos conhecidos, ela teve o corpo lançado para frente pelo tenente da PM e sentiu um toque por debaixo do shorts que usava. Ela se assustou e jogou um copo de suco que segurava na direção do militar, que não estava a trabalho. Irritado, ele deu dois socos no rosto dela que começou a sangrar imediatamente.

Festeja reuniu milhares de pessoas no Mega Space, em Santa Luzia, no sábado (10) Reprodução/Instagram

A médica e o tenente discutiram enquanto várias pessoas tentavam impedir que ele avançasse contra ela. Segundo a vítima, o agressor estava armado e ameaçou atirar. Apesar disso, a mulher conseguiu arrastá-lo para um dos portões onde policiais da Rotam estavam agrupados para denunciá-lo, mas teve uma surpresa.

Quando chegou ao local, os militares começaram a conversar com o agressor, já que se conheciam. O marido da vítima, que está com o braço quebrado, chegou neste momento junto com os amigos e uma grande confusão se formou. Todos os envolvidos foram presos por desacato e o rapaz que acompanhava o casal teve um braço quebrado. A amiga da médica ficou com hematomas pelo corpo.

O casal e os amigos foram levados a uma delegacia dentro de um camburão e o tenente foi para o mesmo local dirigindo o próprio carro. A médica diz ter encontrado dificuldade para registrar boletim de ocorrência para o caso e que deixou a unidade policial por volta das 4h. “Eu fui ao show para acompanhar meu marido, já que não conheço os cantores e iria ajudá-lo, pois está com o braço quebrado”, disse. “Meu marido foi buscar um lanche e o policial veio caindo para cima de mim, com a mão nas minhas pernas”, contou. “Várias pessoas estavam reclamando da atitude dele antes disso”, argumentou.

“Eu nunca imaginei que pudesse passar por esse tipo de situação. Fiquei assustada e joguei um copo de suco para que ele saísse de perto, estava muito em cima de mim e acabei levando dois socos”, explica. “Meus amigos e várias pessoas começaram a me ajudar. Não sei de onde tirei forças, mas o arrastei até um grupo da Rotam para pedir ajuda e as coisas só ficaram piores. Ele estava armado”, completou.

A médica contou ao Bhaz que já procurou uma advogada e que vai denunciar os policiais da Rotam junto à Corregedoria da Polícia Militar. “Eu estou me sentindo extremamente humilhada com essa situação toda e meu marido está chateado, se culpando pelo que aconteceu”, diz. “Ele não é o responsável pelas agressões que eu sofri e sim o policial que não sabe respeitar o próximo. Vou até onde for necessário para fazer valer meus direitos. Nenhuma mulher merece passar pelo que passei”, finalizou.

Respostas

O capitão Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, informou que o tenente acusado das agressões também foi preso, ao contrário do que informam as vítimas, e que deve responder pela ação na Justiça comum, pois estava de folga no momento do ocorrido. “Um procedimento interno vai ser aberto para apurar as circunstâncias do caso. Se houver a comprovação de que o tenente se excedeu, ele certamente será punido”, diz. “A Polícia Militar é uma instituição séria, que não aceita desvios de conduta, e busca zelar pelo bem comum”, explica.

De acordo com o capitão, o policial pode receber desde uma advertência até ser enviado para uma readequação de postura ou ser expulso da corporação, dependendo da gravidade do caso. Pessoas insatisfeitas com a abordagem de policiais devem procurar a Corregedoria da PM e denunciar posturas que considerem abusivas. O órgão fica na rua Rio de Janeiro, 471, 18º andar, no Centro de Belo Horizonte. Ainda é possível fazer as denúncias por meio do telefone da Ouvidoria Geral de Minas Gerais: 0800-2839191 ou pelo site: www.ouvidoriageral.mg.gov.br.

Ouvidoria Geral do Estado recebe denúncias direcionadas à Corregedoria da Polícia Militar Divulgação/Ouvidoria Geral

Procurada pelo Bhaz, a produção do Festeja BH informa ter tomado conhecimento da confusão após o contato e que “a vítima não procurou os organizadores do evento”. Apesar disso, a Nenety Eventos lamenta o ocorrido e se coloca à disposição para prestar esclarecimentos. “De acordo com relatos da própria vítima da suposta agressão, o procedimento adotado pela equipe de segurança do evento foi correto, que era separar a briga e inibir qualquer outro tipo de atrito”, diz um trecho da nota.

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