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quinta-feira, 20 de abril de 2017

PM executado no Recreio foi citado na CPI das Milícias e recebeu homenagens na Alerj

17/05/16 19:47

PM executado no Recreio foi citado na CPI das Milícias e recebeu homenagens na Alerj

Geraldo Antonio Pereira era sargento reformado Foto: Reprodução
Luã Marinatto
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A trajetória do sargento reformado Geraldo Antonio Pereira, executado na manhã desta terça-feira no Recreio, Zona Oeste do Rio, foi marcada por controvérsias. O policial ingressou na corporação em maio de 1983, aos 23 anos. Expulso da PM em 1997, após ser flagrado ao lado de colegas de farda agredindo moradores da Cidade de Deus, ele acabou reintegrado em 2002, por decisão da Justiça. Seis anos mais tarde, seu nome seria citado na CPI das Milícias, cujo relatório o apontou como um dos integrantes de um grupo paramilitar que atuava em Curicica, também na Zona Oeste.
O caso de 1997 ficou conhecido como Muro da Vergonha. Na ocasião, um cinegrafista amador filmou Geraldo e outros cinco policiais espancando 11 pessoas que moravam um conjunto habitacional na Cidade de Deus, comunidade de Jacarepaguá, mais uma vez na Zona Oeste da cidade. O sargento foi acusado de, com pancadas, causar o rompimento do tímpano de um guarda-vidas de 19 anos, que perdeu 25% da audição em virtude do ferimento. Reportagens da época contam que, já antes do ocorrido, Geraldo era conhecido entre os moradores como “Rambozinho, o terror da favela”. O processo, contudo, terminaria arquivado.

O local do tiroteio
O local do tiroteio Foto: Guilherme Pinto / Extra
O PM passou algumas semanas preso, mas obteve liberdade no mesmo ano. Na cadeia, chegou a ser agredido por bandidos da Cidade de Deus, numa suposta retaliação. Cerca de dez meses antes de ser filmado, Geraldo havia recebido uma bonificação de 50% em seu salário — suspensa quando o escândalo veio à tona — dentro da apelidada “gratificação faroeste”, dedicada a agentes que participavam de grandes operações ou protagonizavam “atos de bravura”, causando polêmica por, entre outras coisas, levar a um aumento nas mortes de suspeitos em confrontos. No caso do sargento, constava no Diário Oficial o bônus por ter “participado de operação que culminou com a prisão e morte de importantes traficantes de tóxicos”.
Reintegrado à Polícia Militar, Geraldo foi cedido à Polícia Civil e passou anos atuando junto à Delegacia Antisequestro (DAS). Por duas vezes, em 2005 e em 2007, recebeu homenagens na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), com moções de “aplauso e louvor” em virtude da “eficiência revelada no desempenho de sua funções e pelos relevantes serviços prestados à população” — ambas propostas pelo deputado José Nader, morto no ano passado. Quando foi para a reserva, em 2011, o sargento estava lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP), conhecida como a geladeira da corporação.

Geraldo Antonio Pereira em foto de sua ficha na PM, ainda em 1997
Geraldo Antonio Pereira em foto de sua ficha na PM, ainda em 1997 Foto: Jorge William / 08.04.1997
Geraldo morava na Zona Oeste há pelo menos 30 anos. Do fim dos anos 80 ao início da década seguinte, viveu em uma vila de classe média baixa na Taquara, em Jacarepaguá. Depois, mudou-se para uma casa de dois andares, em um condomínio mais nobre situado no mesmo bairro. Atualmente, seu endereço era no Recreio dos Bandeirantes.
No mesmo ataque que vitimou Geraldo, perpetuado dentro do Novo Rio Country Club, foram baleadas outras três pessoas. Uma delas é o ex-policial civil Hélio Machado da Conceição, conhecido como Helinho, que fazia parte do grupo de inspetores “inhos” ligados ao ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins. Em 2012, Helinho foi condenado por lavagem de dinheiro e envolvimento na máfia dos caça-níqueis. A investigação está a cargo da Divisão de Homicídios da Capital, que trabalha sobretudo com as hipóteses de que o crime estaria relacionado à contravenção ou a uma disputa entre milicianos.

Helinho, na época em que foi preso
Helinho, na época em que foi preso Foto: Fábio Costa / Extra / Arquivo

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