Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Perri cita lista de visita e mordomias para justificar transferência de militares


Por: PABLO RODRIGO


Na decisão em que solicitou a transferência dos quatro militares presos por envolvimento no escritório clandestino de espionagem, por meio dos grampos telefônicos ilegais, para o presídio federal no Mato Grosso do Sul, o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, alega que um dos motivos para a transferência é o contato dos suspeitos com membros do governo do Estado, como os secretários Airton Benedito Siqueira (Justiça e Direitos Humanos), José Adolfo (Casa Civil) e Rogers Jarbas (Segurança Pública).

Marcos Lopes/HiperNotícias
desembargador/Orlando Perri/TJ/Tribunal de Justiça/incêndio/arquivos

"Cito como exemplo concreto a situação do Cb PM Gerson Correa, que, ao ser preso, indiciou entre um de seus visitantes o Cel. PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco, até então em liberdade. Destaco, também, para melhor subsidiar meu posicionamento, o caso do Cel. PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco, recolhido na Academia de Polícia Militar Costa Verde, que, em seu rol de visitantes, listou como amigos o Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Cel. PM Airton Benedito de Siqueira Júnior, o Secretário-Chefe da Casa Civil, José Adolfo Avelino Neto, o Secretário-Chefe da Casa Militar, então interino, Cel. PM Wendel Soares Sodré, ou seja, além de vários policiais militares. Ou seja: dos dez visitantes a que têm direito, o preso Cel. PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco listou apenas sua esposa, um irmão e um cunhado, e os outros sete amigos",diz trecho da decisão proferida na última quinta-feira (27).

"Curiosamente, em sua lista de visitas, constam nomes de pessoas que não fazem parte da lista apresentada pelo preso provisório, entre eles, o Secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, e de diversos policiais militares, demonstrando, assim, que o acesso é livre e irrestrito, citando, exemplificativamente, o Cel. PM Jonildo José Assis, Sgt Macedo Arlindo Santos, Maj. PM Frederico C. L. Lopes, Cel. Cruz, 2o Sgt. João Ricardo Soler, entre outros", complementa o desembargador.

Perri também ainda lembra que a permanência dos militares nestes estabelecimentos, poderia fazer com que outros envolvidos pudessem interferir nas investigações, como "mandar recado".

Reprodução
jardas/siqueira/adolpho
 Jarbas, Siqueira e José Adolpho estão entre os visitantes
"Como é cediço, o Ministério Público Estadual oferece denúncia em face de cinco réus, quatro deles, presos provisoriamente. Entretanto, as investigações irão prosseguir, não só para buscar o esclarecimento de novos fatos criminosos, mas, sobretudo, para apurar a participação (ou não) de outros possíveis militares envolvidos na trama delituosa. Por esta razão, permanecendo os presos militares nas unidades onde estão recolhidos provisoriamente, certamente outros supostos envolvidos terão maior facilidade de contatar os policiais denunciados, seja visitando-os pessoalmente, seja mandando recados, no intuito de prejudicar não apenas as investigações em curso, como, também, a própria instrução criminal na ação penal já deflagrada", explicou.

Perri também, classificou como "colonia de férias" as celas dos militares presos, chegando a compará-la com o episódio conhecido como "La Catedral" (Presídio construído pelo narcotraficante Pablo Escobar, que em negociação com o governo da Colombia nos anos 1980 e 1990, aceitou a se render, desde que ficasse preso em La Catebral, construída pelo próprio Escobar, que também cuidava da segurança do local).

"Guardadas as devidas proporções, que fique bem claro, a presente hipótese me fez recordar a situação por todos nós conhecida da “La Catedral”, prisão construída por Pablo Escobar, para que nela cumprisse sua pena, após acordo firmado com o governo colombiano. Segundo definição contida na rede mundial de computadores, [La Catedral é uma prisão próxima da cidade de Medellín, na Colômbia, onde Pablo Escobar permaneceu e foi vigiado por seus próprios homens. Ao cumprir um acordo que fez com o governo colombiano, Escobar construiu esta prisão de acordo com suas próprias necessidades, fazendo-a muito mais parecida com um clube do que com uma casa de detenção] Quero deixar claro aqui que não estou comparando os policiais militares presos com nenhum narcotraficante, tampouco que dentro das Unidades Policiais Militares circulem prostitutas", diz outro trecho de sua decisão.

Atualmente estão presos por conta dos grampos os coroneis da Polícia Militar Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco, o tenente-coronel Ronelson Barros e o cabo Gerson Ferreira Gouveia Júnior. 

A transferência foi proferida após uma vistoria realizada pelos juízes Geraldo Fidélis, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, e Bruno D'Oliveira Marques, da 11ª Vara Criminal, revelou que o cabo estava tendo acesso a internet e aparelho telefônico. 

A vistoria ainda revelou que havia itens como TV de tela plana, ar-condicionado, micro-ondas e geladeira na cela onde ele estava detido.

Lesco e Barros foram presos no dia 23 de junho e na semana passada o governador Pedro Taques (PSDB) exonerou os dois das funções que eles ocupavam na Casa Militar, secretário-chefe e adjunto, respectivamente. 

Zaqueu e Gerson foram presos em 23 de maio. Ao determinar a prisão de Zaqueu, o  juiz titular da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros da Silva, disse que o coronel  é apontado como o mandante das ações militares de interceptações telefônicas, enquanto o Cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior seria o operador do esquema, responsável por produzir relatórios dos grampos ilegais.

O "Escândalo dos Grampos" veio à tona no dia 11 de maio, quando Paulo Taques deixou a Casa Civil. No dia 14 de maio, o Fantástico trouxe a reportagem mostrando o esquema. 

Entre as vítimas da arapongagem em 2014 estão os dois coordenadores jurídicos das campanhas adversárias de Taques em 2014, José do Patrocínio (campanha de Lúdio Cabral - PT) e José Antônio Rosa (campanha de Janete Riva - PSD). E também o ex-candidato a governador, José Marcondes, o "Muvuca", a deputada estadual Janaina Riva (PMDB) e desembargador aposentado José Ferreira Leite. 

A denúncia foi oficializada à Procuradoria Geral da República (PGR) pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, em janeiro deste ano, exatamente um ano e um mês após ter pedido demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado (Sesp). 
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