Os nove policiais civis de São Paulo, que trocavam dólares por dinheiro falso e acabaram envolvidos na morte de um integrante da Polícia Civil de Minas Gerais, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, na última sexta-feira (19), cometeram também falta funcional grave por exercerem outros trabalhos. Quatro dos homens - dois delegados e dois investigadores - estão presos por outros crimes. 
De acordo com a Lei Complementar 2007/79, delegados e policiais civis são proibidos de exercer, "mesmo nas horas de folga, qualquer outro emprego ou função, exceto atividade relativa ao ensino e à difusão cultural, quando compatível com a atividade policial". A ação em contrário é considerada falta grave e pode levar a sanções que vão da advertência à demissão do serviço público.  
Integrantes
Os policiais envolvidos na troca de tiros são de maioria jovem e não têm registros antecedentes e infrações funcionais graves. Um dos delegados presos em Minas, do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de São Paulo, estava em início de carreira e atuava em ações na capital paulista.
O dono de uma empresa de segurança de São Paulo teria sido contatado por um empresário interessado em levar uma quantidade expressiva de dólares até Juiz de Fora. A ele, foi pedido que recrutasse policiais para ajudá-lo na escolta. 
Outros policiais e um carcereiro foram chamados para dar suporte à operação. O delegado teria viajado a Juiz de Fora no avião fretado pelo empresário, enquanto os outros oito policiais foram em dois carros alugados.
A troca seria realizada no lobby de um hotel, próximo do Hospital Monte Sinai, mas o doleiro mineiro não teria comparecido no horário marcado. Os paulistas liberaram cinco profissionais para retornar a São Paulo. No entanto, antes que o resto do grupo saísse, um dos negociadores mineiros informou que o dinheiro estava no local, no subsolo do prédio. O empresário, o delegado e o dono de uma empresa de segurança foram até o local.
Segundo os policiais paulistas - versão que não é confirmada pela polícia mineira, o doleiro estava no estacionamento acompanhado dos policiais civis mineiros, que lhe davam proteção. Foi quando se descobriu que os R$ 15 milhões levados para a troca com os dólares eram falsos. Imagens de câmeras instaladas no local mostram que o doleiro tentou segurar o empresário e seu segurança reagiu, iniciando o tiroteio que matou um investigador mineiro. 
Houve revide e ele também foi baleado no tórax, passou por cirurgia e continua internado no Hospital Monte Sinai. Seu estado é grave, mas estável - ele foi autuado em flagrante pela morte do policial. O empresário paulista conseguiu fugir e voltou de avião para São Paulo. O doleiro foi acertado no pé, passou por cirurgia, teve alta e foi levado para o presídio de Juiz de Fora. Em 2009, ele já havia sido autuado por estelionato envolvendo dinheiro falso.
Conforme o registro da ocorrência na Polícia Civil de Juiz de Fora, os policiais paulistas usavam armas e objetos da corporação. Além de 16 pistolas, foram apreendidos coletes à prova de bala de uso restrito, distintivos de delegado, algemas, carregadores de munição, cartuchos intactos de uso restrito, cartuchos deflagrados e chumbo granulado destinado à fabricação de munição.
Processo
De acordo com a Polícia Civil de Minas, quatro agentes de São Paulo foram autuados em flagrante por lavagem de dinheiro. Outros quatro foram liberados. Também foi autuado em flagrante o proprietário do dinheiro falso por tentativa de estelionato. Um segurança paulista, que está internado, foi autuado por homicídio.
Três policiais civis mineiros foram autuados por prevaricação. Eles foram ouvidos e liberados após assinarem termo de compromisso para comparecerem sempre que solicitados pela Justiça.
As investigações continuam e a Polícia Civil mineira ainda aguarda o laudo da perícia do local e da necropsia do policial morto.