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sábado, 2 de março de 2013

Adolescentes acusam PMs de abuso de autoridade

Daniel Derevecki / Gazeta do Povo
Daniel Derevecki / Gazeta do Povo / Menina mostra hematoma supostamente provocado por agressão policial Menina mostra hematoma supostamente provocado por agressão policial
Curitiba

Adolescentes acusam PMs de abuso de autoridade no Parolin

Quatro meninas e um menino reclamam que foram agredidos por policiais na quinta-feira à noite. Uma das jovens levou cinco pontos na cabeça. Policiais negam abuso e dizem que houve desacato e resistência à prisão
27/02/2009 | 14:19 Célio Yano
Cinco adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, acusam quatro policiais militares de abuso de autoridade durante uma abordagem no bairro Parolin, em Curitiba. Os jovens dizem ter sido agredidos com socos, chutes e golpes cacetete no início da noite de quinta-feira (26), quando conversavam na calçada. A Polícia Militar informa que será aberta uma investigação para apurar a denúncia de abuso, que é negado pelos policiais.
De acordo com a mãe de três dos cinco jovens, a ocorrência aconteceu por volta das 18 horas, na Rua Gastão Poplado. Ela conta que uma das meninas, de 16 anos, teria chamado o primo, de 14, de “veado”, por brincadeira, no momento em que dois soldados do 12º Batalhão da Polícia Militar (PM) passavam de carro. “Um dos policiais achou que ela estava xingando ele e já saiu batendo com o cacetete”, afirma a mãe.
Daniel Derevecki / Gazeta do Povo
Daniel Derevecki / Gazeta do Povo / Adolescente de 16 anos teve de levar cinco pontos na cabeça  
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Adolescente de 16 anos teve de levar cinco pontos na cabeça

“Uma sobrinha minha veio me chamar no trabalho, contando que minha filha estava apanhado dos policiais”, diz a mãe. Segundo ela, houve princípio de tumulto quando os vizinhos perceberam as agressões – alguns teriam tentado filmar a cena com telefones celulares. Os policiais militares teriam então disparado tiros de advertência para dispersar as testemunhas e chamado reforço pelo rádio. “Outros cinco carros de polícia chegaram e, sem saber de nada, já vieram para cima dos meninos”, relata a comerciante.
A mulher conta que, em determinado momento, um golpe de um dos policiais provocou um corte na cabeça da filha. “Eu tentei protegê-la e corri para dentro dos portões de casa”, afirma. “Ela gritava que não tinha insultado ele, mas o soldado ainda entrou no meu quintal para continuar a agredi-la”, acusa.
As agressões teriam durado meia hora. Três adolescentes – a menina de 16 anos, outra de 17 e o menino de 14 – foram apreendidos e levados nos próprios veículos dos policiais até o Hospital do Trabalhador, onde chegaram por volta das 19 horas. A mãe foi até o mesmo hospital com os outros dois feridos no carro da cunhada, já que, segundo ela, os policiais se negaram a levá-los na viatura. A adolescente de 16 anos que sofreu um corte na cabeça foi a que ficou mais machucada, e precisou levar cinco pontos.
Do hospital, por volta das 22 horas, os três apreendidos foram encaminhados à Delegacia do Adolescente, acusados pelos policiais militares de desacato e resistência à prisão. Depois de assinarem o boletim de ocorrência, foram liberados, mas intimados a comparecer a uma audiência diante de um juiz na semana que vem.
O advogado da família das vítimas, Osvaldo Calizário, disse que entrará com uma representação de acusação no Comando de Policiamento da Capital (CPC) contra os soldados, pedindo abertura de Inquérito Policial Militar (IPM). “Além do excesso de violência injustificada, houve claro desrespeito à Lei quando um dos policiais invadiu uma propriedade privada”, diz. “Além disso, colocaram em risco a vida de pessoas quando dispararam para cima”. Quatro policiais militares que participaram da ocorrência, entre eles uma mulher, tiveram os nomes anotados por testemunhas.
No fim da manhã desta sexta-feira (27), os adolescentes estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, para passar por exame de corpo de delito.
Versão da PM
O major Roberto Rueda Strogenski, responsável pelo 12º BPM, informou que, como houve lesões corporais nos apreendidos, confirmadas pelo Hospital do Trabalhador, a PM abrirá, como procedimento padrão, uma investigação para apurar se houve excesso de violência por parte dos soldados. Ele explica que ainda não chegou a falar com os policiais envolvidos, mas, segundo a versão relatada no boletim de ocorrência, a violência teria sido iniciada pelos adolescentes.
O fato foi registrado no mesmo horário e endereço citado pela mãe dos jovens e o advogado de defesa. Segundo Strogenski, dois policiais militares faziam patrulhamento de rotina no bairro, quando passaram pela adolescente. “Neste momento, ela proferiu palavras ofensivas aos soldados. Eles pararam, desceram do carro, e ela continuava a insultá-los”, conta o major. “Quando os policiais deram voz de prisão, por desacato, ela teria partido para a agressão física”.
Ainda de acordo com o relato da PM, um grupo de moradores do bairro, na tentativa de defender a adolescente, começou a atirar pedras contra os policiais. “Os dois chamaram, pelo rádio, uma equipe de apoio, composta por um soldado homem e uma mulher, que ficaria responsável pela revista da menina”, afirma Strogenski. “Depois, outras viaturas chegaram para acompanhar, mas apenas as duas primeiras foram registradas, já que foram as que participaram efetivamente da ocorrência”.
O major diz, ainda, que no boletim de ocorrência não foram citados os disparos que os policiais teriam feito em via pública ou a entrada em propriedade particular. Ainda segundo ele, dois militares também teriam ficado feridos.
Como ainda não tinha ouvido os policiais até o início da tarde desta sexta-feira, Strogenski disse que não pode afirmar se eles serão afastados das ruas enquanto respondem ao procedimento administrativo. Ele garante que o fato será apurado cuidadosamente. “Se realmente houve excesso por parte dos policiais, eles certamente serão responsabilizados”.

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