PMs e policial civil são presos por receber propina do tráfico no RJ

Número de envolvidos no 20o BPM (Nova Iguaçu) pode chegar a 30 PMs.  Policial civil denunciado pode ser expulso da corporação. 
Henrique Coelho, em Do G1 Rio
A operação Boi da Cara Preta, da Polícia Civil do Rio e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, cumpriu quatro mandados de prisão nesta sexta feira contra três policiais militares e um policial civil denunciados por receber dinheiro do tráfico de drogas de 4 comunidades na posse de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A Polícia Civil e o Ministério Público têm certeza que há mais policiais envolvidos, inclusive com a presença de oficiais do 20o BPM (Nova Iguaçu). "O número pode chegar a 30", disse o delegado Paulo Freitas, da 58a DP (Posse).
O PM Luciano Leal, do 20o BPM (Nova Iguaçu), está foragido. A operação prendeu e apreendeu 15 pessoas desde junho de 2015, quando as investigações começaram após a prisão de sete traficantes. Três deles contaram que atuavam na função de pagar os "funcionários", que a investigação apontou serem policiais do 20o BPM.
"Os policiais militares e o policial civil forneciam informações privilegiadas e recebia dinheiro para não atuar no combate ao tráfico. Em vez de se empenhar nesse combate, eles se empenhavam em lucrar cada vez mais", afirmou.
Segundo o promotor Fabio Correia, do Gaeco, a pena pode chegar a 20 anos para os policiais envolvidos. "Em uma nova fase, vamos tentar chegar a outros nomes envolvidos, já que viemos acompanhando as investigações desde o início, através de depoimentos e escutas", afirmou o promotor. Eles foram denunciados por associação criminosa e corrupção passiva, com pena que pode chegar a 20 anos de prisão.
A corregedora da polícia civil, Adriana Mendes, pediu uma sindicância administrativa visando a instauração de um processo administrativo disciplinar do policial. Ele ainda está em estágio probatório, segundo ela, e pode ser expulso da corporação. "Ele foi encaminhado à corregedoria e depois irá para a Seap. Precisamos expurgar do quadro da polícia civil aqueles que não merecem lá estar", disse a corregedora.
Segundo a denúncia do MP, os traficantes realizavam um pagamento semanal aos PMs, as sextas-feiras, sábados e domingos. O policial civil recebia às terças-feiras.
Os valores chegavam a R$ 70 mil. Os DPOs recebiam R$ 9 mil por semana, em parcelas de R$ 3 mil cada sexta, sábado e domingo. Cada equipe do Grupamento Tático recebia R$ 5 mil por semana, e a P2 recebia R$ 3 mil. O policial civil recebeu R$ 3 mil por semana.
Os policiais militares presos são Fernando Rodrigues Machado, Leandro Fernandes da Silva (Peter), Leonardo Souza Moreira e o policial civil Vitor da Silva Gonçalves, na 56ª DP (Comendador Soares).