Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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quarta-feira, 22 de março de 2017

Comando manda prender bombeira após fotos sensuais


Foto: Reprodução / Facebook
Foto: Reprodução / Facebook











A bombeira Lilian Vilas Boas, de Curitiba, foi punida com oito dias de prisão por ter feito um ensaio fotográfico com parte dos seios à mostra.
A determinação dos superiores — ainda não cumprida porque Lilian recorre na Justiça Militar — foi dada porque ela teria violado regulamentos do Exército e da Polícia Militar (PM) do Paraná.
As imagens foram feitas em abril para o Projeto Velvet, que, segundo o idealizador, busca a valorização feminina. “A ideia é fortalecer a beleza natural da mulher e a liberdade de poder se mostrar”, diz o fotógrafo Arnaldo Belotto.
Poucos dias após o ensaio ser publicado, as fotos circularam pelo WhatsApp e chegaram a um grupo de agentes de segurança dos Jogos Olímpicos do Rio. Lá o material foi visto por policiais que levaram o caso à corporação. Belotto diz ter sido chamado duas vezes a depor. “Questionaram como tinha acontecido, se ela tinha pago, se sabia que as fotos iam pro ar. Acabamos expondo inclusive essa hipocrisia na questão dos mamilos: bombeiros homens tiram fotos sem camisa e não são punidos”, diz Belotto.
O fotógrafo conta que outra participante, da Polícia Civil do Paraná, também fez um ensaio para o site, e pediu a retirada das fotos dias depois com medo da repercussão.
A nota de punição da bombeira, que tem 32 anos de idade e quase três na corporação, foi assinada pela tenente Gisele Machado. De acordo com a comandante do subgrupamento onde a soldado está lotada, Lilian infringiu artigos do Regulamento de Ética da Polícia Militar, o Regime Disciplinar do Exército e o Código da PM. Segundo a punição, ela transgrediu incisos do regulamento da PM que falam em “nunca denegrir ou desgastar sua imagem”, “proceder sempre de maneira ilibada na vida pública e particular” e “evitar publicidade visando a própria promoção pessoal”.
Segundo a tenente Gisele Machado, embora as imagens não façam qualquer alusão à Corporação, a militar teria cometido uma transgressão considerada média. “No nosso regulamento, vai de transgressão leve a grave, chegando a exclusão”, diz.
Procurados, a PM e o Corpo de Bombeiros informaram que “farão a reavaliação [do caso] sob todas as óticas”, caso o recurso de Lilian chegue ao comando, que não pode “emitir juízo de valor prévio” antes disso. A prisão foi ordenada pelo 7° Grupamento de Bombeiros, que abrange 30 bairros da região norte de Curitiba e 13 municípios da região metropolitana.
REPRODULÇAI
A soldado Lilian não tem concedido entrevistas. Já a União dos Praças do Corpo de Bombeiros se manifestou a favor da militar, dizendo que houve equívoco porque todo servidor dos bombeiros, mesmo militar, tem o direito constitucional de se manifestar e que não houve exposição da Corporação.
A OAB Paraná também saiu em defesa da mulher e considera que a punição reflete o machismo e as relações desiguais de gênero presentes em toda a sociedade.
Reprodução / Facebook
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Condições para mulheres são alvo de críticas
Mulheres trabalham no Corpo de Bombeiros do Paraná há mais de uma década – a primeira turma entrou em 2005 – e são mais de cem, mas ainda sofrem com falta de estrutura exclusiva para elas, segundo agentes ouvidas pelo Metro Jornal.
“Onde eu trabalho não tem nem vestiário, nem alojamento e nem banheiro separado para mulher”, diz uma bombeira que trabalha na região metropolitana de Curitiba. Segundo ela, as companheiras se submetem a situações de constrangimento porque nem todos os quartéis têm dependências exclusivas.
No 1° Grupamento de Bombeiros, que atende a mais de 40 bairros da capital, apenas dois dos seis quartéis, de acordo com a bombeira, têm alojamentos femininos. Em outros locais, há casos em que as-bombeiras precisam fazer “adaptações”. “Ela dormia na sala de TV, em um colchão no chão ou no sofá, e quando ela precisava usar o banheiro e se trocar, pedia licença, fechava a porta e usava o mesmo banheiro que os homens”, diz a agente sobre uma colega do 1º GB.
Com informações de Rafael Neves e Daiane Andrade.
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