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domingo, 19 de fevereiro de 2023

PM filmado ao dar série de socos e arrastar advogado é condenado, em Goiânia

 Tenente recebeu pena 2 anos e 8 meses de prisão pelo crime de tortura, que poderá ser cumprida em regime aberto, além de ter perdido cargo. Crime aconteceu em 2021, perto da Praça da Bíblia.

Por Thauany Melo, g1 Goiás

 

29/11/2022 16h58  

VÍDEO: Policial dá série de socos em advogado que era segurado por outros PMs, em Goiânia

VÍDEO: Policial dá série de socos em advogado que era segurado por outros PMs, em Goiânia

 O primeiro-tenente da Polícia Militar Gilberto Borges da Costa foi condenado por torturar o advogado Orcélio Ferreira Silvério Júnior, em Goiânia. A agressão aconteceu no dia 21 de julho do ano passado. As imagens mostram quando ele leva uma série de socos do policial militar (assista acima).

O tenente recebeu uma pena de 2 anos e 8 meses de prisão, que poderá ser cumprida em regime aberto, além de ter perdido cargo na corporação. Cabe recurso da decisão.

 

O g1 não conseguiu contato com a defesa de Gilberto Borges da Costa até a última atualização desta reportagem.

 


A decisão cita que Gilberto da Costa não obedeceu ao que determina o Procedimento Operacional Padrão e agrediu o advogado de “forma gratuita”. Segundo o documento, ele não poderá não poderá exercer a profissão pelo dobro do prazo da pena aplicada.

 

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Além de Gilberto da Costa, também foram denunciados o cabo Robert Wagner Gonçalves de Menezes e os soldados Idelfonso Malvino Filho, Diogenys Debran Siqueira e Wisley Liberal. No entanto, eles foram absolvidos.

 

A promotoria defendeu que, conforme as provas, o crime foi praticado unicamente pelo primeiro-tenente Gilberto Borges da Costa. Foi considerado que os demais réus não agiram, no decorrer da ação policial, com a finalidade de submeter o advogado à tortura.

 

Em nota, a OAB afirmou que buscará o aumento da pena e, também, a condenação dos demais policiais processados. "A OAB-GO não se aquietará até que a reprimenda estatal seja exemplarmente imposta contra os violadores da lei, que desrespeitam a advocacia", disse a nota.

  

O g1 entrou em contato com a PM para saber o posicionamento sobre o caso, mas não obtveve retorno até a última atualização desta reportagem.

 

Momento em que policial dá série de socos em advogado, Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Momento em que policial dá série de socos em advogado, Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

 

Advogado agredido

O crime aconteceu em 21 de julho do ano passado, em frente ao Centro Comercial Praça da Bíblia, no Setor Leste Universitário.

 

O boletim de ocorrência informou que a confusão começou quando a PM abordou um cuidador de carros no estacionamento do camelódromo, em frente ao terminal Praça da Bíblia. Segundo o documento, o homem estaria ameaçando clientes a pagar pelo estacionamento.

 

Segundo o MP, o cuidador de carros tinha se envolvido em uma discussão com o tenente Gilberto dias antes.O militar entrou no centro comercial e questionou o motivo de uma testemunha ter interferido na abordagem em benefício do vigia de carros. Nesse momento, Orcélio Ferreira Silvério, administrador do centro comercial, foi conversar com o tenente, mas acabou agredido com tapas no rosto e ombros, enquanto era revistado.

 

 

O filho do administrador, Orcélio Ferreira Silvério Júnior, começou a gravar pelo celular a abordagem abusiva. Então, o soldado Diogenys avisou que era proibido filmar. Em seguida, o tenente Gilberto Borges foi até Orcélio Júnior, o agarrou pela gravata, empurrou sobre um carro e começou a agredi-lo com socos.

 

Em razão disso, o advogado desmaiou e, quando recobrou a consciência, estava sentado no chão sendo agredido com socos no rosto dados pelo tenente.

 

Advogado Orcelio Ferreira Silverio Junior que foi filmado sendo agredido pela PM, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/OAB-GO

 

Na época, os PMs disseram que precisaram conter o advogado porque ele desobedeceu a corporação, desferiu chutes e mordeu o dedo de um policial.

 

 

Orcelio Ferreira Silverio, pai do advogado, disse que o filho chegou a desmaiar e voltar dos desmaios por três vezes.

 

"Ele [PM] pegou meu filho e espancou. Meu filho desmaiou e voltou três vezes. Caído, ele deu seis murros na cara do meu filho", contou Silverio, na época.

 

Relato dos policiais

Na época, a equipe do Giro, que fez a abordagem, disse no boletim de ocorrências que foi acionada após ficar sabendo que um morador de rua estava "ameaçando e coagindo" condutores de veículos estacionados na Avenida Anhanguera para pagar uma quantia em dinheiro.

 

Conforme o documento, a corporação foi ao local e identificou o suspeito. Segundo a equipe, durante a abordagem, o advogado se aproximou com o celular em mãos filmando a ação.

 

Consta que, ao ser questionando pelo motivo da filmagem, o advogado respondeu estar a trabalho, sem dizer sua qualificação ou função ou o motivo de “estar invadindo o perímetro de segurança da abordagem policial”.

 

Conforme a ocorrência, o advogado teria desacatado os policiais “dizendo que eles não sabiam com quem estavam lidando e que era influente na alta cúpula da polícia”.

 

Os policiais relataram ainda, no documento, que o advogado “alterou o tom de voz” e apontou o dedo na cara de um policial, momento que foi dado voz de prisão por desobediência.

 

 

Conforme boletim, após isso, o advogado “partiu para a agressão física contra um policial e deferindo-lhe um soco no rosto, chutes e ponta pés, além de morder um dos dedos do PM”.

 

A polícia relatou que, mediante isto, foi necessário o uso da força para contê-lo. Consta ainda que, mesmo após algemado, segundo os policiais, o advogado ameaçou verbalmente a corporação usando “palavras de baixo calão”. O PM que disse ter o dedo mordido passou por exame de corpo de delito, conforme ocorrência.

 

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https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2022/11/29/tenente-da-pm-e-condenado-por-torturar-advogado-em-goiania.ghtml

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