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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Começa hoje o julgamento de PMs e guarda acusados da maior chacina de SP


Começa hoje o julgamento de PMs e guarda acusados da maior chacina de SP

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Luís Adorno
Do UOL, em São Paulo
  • Avener Prado/Folhapress
    14.ago.2015 - Bar onde oito pessoas foram baleadas na noite de 13 de agosto de 2015
    14.ago.2015 - Bar onde oito pessoas foram baleadas na noite de 13 de agosto de 2015
Previsto para durar entre sete e 12 dias, começa às 13h desta segunda-feira (18), no Fórum Criminal de Osasco, o julgamento de três dos quatro acusados pelo MP (Ministério Público) de terem participação em 17 assassinatos e em sete tentativas de homicídio ocorridos no dia 13 de agosto de 2015 em cidades da Grande São Paulo.

Ataques na Grande São Paulo deixam 18 mortos
Ao todo, 23 pessoas foram mortas em 8 e 13 de agosto daquele ano nas cidades de Osasco, Barueri, Itapevi e Carapicuíba. O episódio ficou marcado como a maior chacina da história democrática de São Paulo.
Segundo a Promotoria e a Polícia Civil, as mortes ocorreram por retaliação às mortes de um policial militar e de um guarda municipal. De acordo com relatório do TJM (Tribunal de Justiça Militar), os acusados integravam uma milícia paramilitar.
No dia 8 de agosto, seis pessoas foram mortas a tiros. No dia 13, outras 17 foram assassinadas, na mesma região.

Imagem relacionada
Ao todo, oito pessoas foram indiciadas por suspeita de envolvimento nos crimes: sete PMs e um guarda civil. Três PMs e o guarda foram presos e são réus. Os outros quatro foram afastados do trabalho operacional. Para o promotor Marcelo Oliveira, o fato de haver quatro presos para 23 mortes atesta que há assassinos ilesos.
Os acusados são os PMs Victor Cristilder Silva dos Santos, 32, Thiago Barbosa Henklain, 30, e Fabrício Emmanuel Eleutério, 32, além do guarda Sérgio Manhanhã, 43. O julgamento de Cristilder será, contudo, em outra data (ainda não marcada), porque ele foi o único a recorrer contra a sentença que os mandou a júri popular.
Os policiais estão detidos no presídio militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, e o guarda, no 8º DP (Distrito Policial), no Brás.

UM DOS PMS TERIA SIDO RECONHECIDO NESTAS IMAGENS

Contra os quatro acusados, pesam o reconhecimento de Eleutério por um sobrevivente; o suposto reconhecimento de Henklain em imagens em que atiradores assassinam frequentadores de um bar em Barueri; e uma comunicação feita pelo aplicativo WhatsApp entre Cristilder e Manhanhã, antes, no meio e depois dos ataques a tiros.
Segundo a Justiça de SP, 43 pessoas, sendo 31 homens e 12 mulheres, foram relacionadas para depor. Entre elas, policiais militares, civis, guardas civis, sobreviventes, testemunhas, parentes das vítimas e dos acusados. Elia Kinosita Bulman é a juíza responsável pelo julgamento.

"Está todo mundo com medo do julgamento"

Familiares, amigos e vizinhos das vítimas temem retaliação em decorrência do julgamento independentemente de seu resultado.
"Eu estou tensa. Está todo mundo tenso. A informação que está sendo passada na favela, na última semana, é toque de recolher. É só andar acompanhado", afirma Zilda Maria de Paula, 64. Ela é mãe de Fernando Luiz de Paula, morto com um tiro na testa aos 34 anos, enquanto bebia cerveja em um bar de Osasco no dia 8 de agosto.
De acordo com Zilda, que é empregada doméstica, "todo mundo está com medo porque a informação é de que, se eles [acusados] forem absolvidos, vão comemorar aqui [no bairro onde vive e o filho foi morto]. Já se forem condenados, os amigos do batalhão prometem nova matança", diz.
Ronny Santos/Folhapress
Zilda Maria da Paula, mãe de Fernando Luiz, morto com tiro na testa em bar de Osasco
"Imagina você sair e voltar de casa com esse medo de morrer? Depois do filho já ter sido morto --e pela polícia? É assim que estou vivendo", afirma a empregada doméstica. "Será que na Vila Madalena ou nos Jardins [bairros nobres de SP] a população também tem esse medo?", questiona.
Zilda e outra familiar foram chamadas para depor nesta segunda-feira. "Vou falar que não fui testemunha, porque não vi, mas é o depoimento de como ele [Fernando] era, o que eu sei da história", disse. "Já me falaram, do próprio MP, para não criar muita expectativa [do resultado]. Mas alguma coisa deve acontecer", complementou.
"Independentemente de pegarem dez, 20 anos de prisão, meu filho não vai voltar. A falta de um filho, morto pelo Estado, é algo que não quero que ninguém sofra", afirmou.

Acusados se dizem inocentes

Os quatro acusados afirmam que são inocentes. Em cartas entregues à reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", publicadas nesta sexta-feira (15), eles dizem que a investigação tem falhas, reforçam a admiração pela corporação e pedem ao júri e a Deus a absolvição.
Fabrício Eleutério afirma que a Justiça, "que tanto defendeu", hoje "comete uma injustiça por um depoimento mentiroso e cheio de dúvidas e contradições. Provo que sou inocente, com diversas provas, entre elas testemunhas, celulares, rastreadores, ligações e filmagens", escreveu. "Com um simples reconhecimento duvidoso dessa pessoa [testemunha], estou preso há dois anos e alguns dias, longe de minha família, noiva, amigos, profissão que tanto amo e tenho orgulho", complementou.
Thiago Henklain disse: "Colaborei com a Corregedoria da Polícia Militar e com a Polícia Civil em todo o momento, mesmo sabendo dos abusos cometidos e das inconstitucionalidades, de direitos não preservados, por parte de autoridades que até então eu confiava. A verdade é que quiseram me transformar em um monstro, em um assassino. A Justiça é feita com base na verdade real e não com ilações, com acusações mentirosas. Desses crimes que me acusam, eu não cometi."
Cristilder, chamado pelos companheiros, segundo o MP, de "boy", disse que foi "acusado e transformado em um criminoso inescrupuloso por meras suposições e uma convicção subjetiva e tendenciosa de delegados e promotores. Como cidadão e policial também ansiava pela prisão e identificação dos criminosos. Mas, em hipótese alguma, imaginei que criariam um culpado e menos ainda que seria eu a vítima de tamanha injustiça."
Já o guarda municipal disse que sua prisão é "ilegal e foi alicerçada com diversas mentiras, que se arrastaram até aqui. Fizeram isso com base em ilações a partir do enterro de um guarda municipal no dia dos crimes e de uma mensagem que troquei com um dos réus presos [um policial militar]."

PMs devem ser demitidos

Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que foi aberto processo de demissão contra seis PMs suspeitos de integrarem a milícia paramilitar, depois de intensa investigação, na qual foram ouvidas cerca de cem pessoas.
"Os inquéritos da Corregedoria da PM e do DHPP foram concluídos com o indiciamento de seis PMs e 1 GCM. Posteriormente, a Promotoria ofereceu a denúncia contra sete indiciados. A Justiça Criminal de Osasco acatou denúncia contra quatro deles --os 3 PMs Fabiano Emmanuel Eleutério, Thiago Barbosa Henklain e Victor Cristilder os Santos, além do GCM Sérgio Manhanhã-- que estão presos e são réus no processo", afirmou a pasta, em nota.
"A juíza rejeitou a denúncia contra os outros, que foram afastados do trabalho operacional", complementou, por meio de nota, a secretaria da Segurança.


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  1. Avatar de lac.camargo

    lac.camargo

    12 meses atrás
    O Gilmar resolve isso numa canetada só.
  2. Avatar de MESENGA

    MESENGA

    12 meses atrás
    Os vagabundos podem matar PM e Guarda, mas nao podem ser mortos sao coitadinhos...............
  3. Avatar de terralua

    terralua

    12 meses atrás
    lac.camargo..Com certeza, o TOFFOLI tambem...com uma rápidez mais do que o PENSAMENTO...
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