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sábado, 5 de outubro de 2013

Denúncia do MP aponta 'versão fantasiosa' de PMs

04/10/2013 19h17 - Atualizado em 04/10/2013 21h26


Do caso Amarildo.......

Documento diz que policiais tentaram 'teatralizar conversas'.
Policiais são acusados de tortura e ocultação de cadáver.

Isabela MarinhoDo G1 Rio


A denúncia do Ministério Público sobre o caso Amarildo afirma que policiais militares criaram uma "versão fantasiosa" para atrapalhar a investigação do sumiço do ajudante de pedreiro na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio.
A juíza da 35ª Vara Criminal da Capital, Daniela Alvarez Prado, aceitou a denúncia e decretou nesta sexta-feira (4) a prisão preventiva dos 10 policiais militares por torturar, matar e ocultar o corpo de Amarildo de Souza.

O documento afirma que "previamente ajustados entre si, os denunciados, aproveitando-se do fato de as câmeras localizadas na frente da base estarem providencialmente com defeito, montaram versão fantasiosa da saída do denunciado da sede da UPP e passaram a fazer notícia de que este teria sido sequestrado e morto pelos traficantes daquela comunidade".

Policial se passou por traficante
O documento do Ministério Público descreve que, quatro dias após o desaparecimento, um dos policiais, sabendo o número de um telefone que estava apreendido e que era monitorado pela polícia, usou o celular de um morador da comunidade, se passando pelo traficante Catatau, e afirmou que era um dos autores da morte de Amarildo.

Comandante da UPP mandou buscar pessoas ligadas ao tráfico
De acordo com a denúncia, o major Edson Santos, na época comandante da UPP da Rocinha, inconformado com o fracasso da Operação Paz Armada, realizada na sua área, determinou aos demais policiais denunciados que localizassem e levassem para a sede da UPP pessoas que fossem ligadas ao tráfico, com a finalidade de extrair informações sobre a localização das armas e drogas.
Uma ligação ao soldado Douglas Roberto Vital Machado acabou fazendo com que os PMs chegassem até Amarildo, que estava em um bar, com a chave de um paiol do tráfico, diz o MP.
Cronologia Amarildo - atualizada (Foto: Arte G1)
O documento diz ainda que "no dia 14 de julho de 2013, em horário que não se pode precisar, mas após as 19 horas, no Parque Ecológico da Rocinha, perto da sede da UPP, na região chamada de Portão Vermelho, os PMs torturaram Amarildo com emprego de violência, "causando-lhe sofrimento físico e mental, com fim de obter informações da vítima". As lesões produzidas foram a causa eficiente da morte da vítima, segundo a Promotoria.
Os suspeitos vão responder judicialmente pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver. São eles: Luiz Felipe de Medeiros, Jairo da Conceição Ribas, Douglas Roberto Vital Machado, Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinícius Pereira da Silva, Anderson César Soares Maia, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha, além do então comandante da UPP, o major Edson dos Santos.
A PM informou, na noite desta sexta, que os 10 acusados se apresentaram no Quartel General com seus advogados. Antes de serem levados para uma unidade prisional, eles passarão pela Polícia Civil.
PMs negam
Segundo o criminalista Marcos Espínola, advogado de Victor da Silva, Douglas Machado, Jorge Luiz Gonçalves Coelho e Marlon Campos Dias, a conclusão do inquérito não contém provas que incriminem seus clientes e a prisão é um exagero. “Não há necessidade de prender réus primários, com bons antecedentes, residência fixa e emprego, podendo ser encontrados a qualquer momento para colaborar com o processo”, explicou, em nota enviada pela assessoria de imprensa.
Testemunhas deixam Rio
A terceira testemunha do caso Amarildo incluída no Programa Nacional de Proteção à Testemunha deixou o Rio de Janeiro nesta quinta-feira (3). De acordo com a polícia, ela é uma ex-moradora da Rocinha, na Zona Sul do Rio, que atuava como informante dos policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade e temia ser morta tanto por PMs quanto por traficantes. E afirmou o ajudante de pedreiro, desaparecido desde 14 de julho, tinha ligações com o tráfico.
Segundo a polícia, em seu depoimento na Divisão de Homicídios (DH), ela contou que Amarildo de Souza chegava a guardar chaves de casas usadas como esconderijo de armas e drogas. E admitiu ter avisado os policiais sobre a localização do ajudante de pedreiro no dia em que ele desapareceu.
Em setembro, mãe e filho, também moradores da Rocinha, já tinham sido retirados da cidade pela Polícia Federal. No primeiro depoimento, eles disseram que traficantes mataram Amarildo. No entanto, um mês depois, as testemunhas afirmaram ter sido coagidas pelo então comandante da UPP, Major Edson Santos, a dar essa versão em troca de dinheiro.

Entenda o caso
Amarildo sumiu após ser levado à sede da UPP da Rocinha, onde passou por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo no dia 14 de julho, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltarem à sede da Unidade de Polícia Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens de Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho.
Na sexta-feira (27), uma ossada achada em Resende, no Sul Fluminense, passou por uma necrópsia, motivada pelas suspeitas de que poderia ser de Amarildo. O relatório, porém, foi considerado inconclusivo, e a ossada será novamente analisada no Rio de Janeiro. O resultado deve sair entre 10 e 15 dias.
Reconstituição
O delegado Rivaldo Barbosa, acompanhado por peritos, fez a reconstituição do caso em duas etapas.
A primeira etapa, no início de setembro, reproduziu as ações desde a primeira abordagem dos policiais da UPP ao ajudante de pedreiro. A reconstituição durou mais de 16 horas, entre a noite de domingo (1º) e a manhã de segunda-feira (2), e foi considerada uma das maiores reconstituições já feitas pela Polícia Civil, segundo informou a assessoria da corporação.
A segunda, no dia 8 de setembro, refez o trajeto do carro da PM que levou Amarildo, com base no GPS do veículo. O aparelho mostrou que depois de deixar a Rocinha, o carro fez um percurso de quase 2h30 pela cidade. No caminho, o veículo parou três vezes antes de voltar à comunidade.

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