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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Segundo namorada da vítima, PM matou porque não viu a esposa

Tatiana Paranhos, de 20 anos, é namorada de Diego e testemunha do crime
Tatiana Paranhos, de 20 anos, é namorada de Diego e testemunha do crime

Tatiana Paranhos, namorada da vítima, falou à Folha de Pernambuco sobre detalhes do crime

Por: Gabriela Castello Branco e Maiara Melo em 04/12/18 às 08H22, atualizado em 04/12/18 às 09H41


Uma tragédia anunciada. Conhecido pelo comportamento extremamente agressivo e afastado das atividades pelo Núcleo de Apoio ao Dependente Químico da Polícia Militar para tratar do alcoolismo, o sargento Moisés de Lima Carvalho, 49 anos, iniciou mais um episódio de violência familiar porque acordou na manhã do domingo e não encontrou a mulher em casa. Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco a namorada da vítima, Tatiana Paranhos, 20, descreveu os momentos que antecederam o crime e contou sobre a tumultuada relação do sargento com a esposa e os filhos. 

Durante a confusão, o sargento atirou nos dois filhos. O caçula, Diego Lima Carvalho, 24 anos, não resistiu ao ferimento e morreu no Hospital da Restauração. Sob forte comoção, velório e enterro ocorreram na segunda (3), no cemitério de Santo Amaro. O outro filho, Moisés de Lima de Carvalho Filho, de 27 anos, foi atingido no braço e pode perder os movimentos. Ele ainda não sabe que o irmão morreu e segue internado no Hospital Getúlio Vargas, onde deve passar por uma segunda cirurgia para reconstruir o osso do braço dilacerado pela bala

Segundo Tatiana, Teresa Carvalho, mãe de Diego e de Moisés, tinha ido à casa de uma vizinha quando o marido acordou. "Quando ela voltou, ele começou a xingá-la, coisa que ele sempre fazia", disse Tatiana. 

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"Os filhos nunca aceitaram e, no domingo, estavam decididos de que o pai sairia de lá (da casa)”. Diego, que estava dormindo com a namorada em uma casa próxima a dos pais, acordou com a discussão e foi até o local. Junto com o irmão, intervieram na briga. “Eu não estava dentro da casa. Eu estava próximo e Diego veio falar para eu ficar calma, que ele estava ligando para parentes e que ia resolver.” Segundo Tatiana, pouco tempo depois, quando tudo estava aparentemente calmo, houve os disparos. “A primeira coisa que veio à cabeça foi de que ele tinha atirado na mulher, que era o que ele sempre ameaçava”, relatou.

Mas Teresa saiu correndo para a rua pedindo socorro. “Ela estava desesperada. Eu pensava que tinha sido com o Moisés Filho, que era quem estava batendo mais de frente com o pai.” Foi quando ela viu o PM saindo da casa ajudando a carregar Diego, baleado na barriga. Moisés Filho estava com o braço ferido. “Ele (o policial) tinha bebido muito no sábado. No domingo, ainda não estava bêbado. Isso tudo aconteceu por volta das 9h.” 

Tatiana afirma que, na maioria das vezes, as brigas começavam por causa do comportamento machista de Moisés. “Ela era proibida de sair de casa, de ter uma vida social. Ele não aceitava.” A jovem explica, ainda, que Teresa sempre teve medo de se separar do marido ou de denunciá-lo porque vivia sob constantes ameaças. “Ele a ameaçava de morte, ameaçava a família e se matar. Dizia que ia tocar fogo na casa. Por isso ela ainda estava com ele.”

Casado com a irmã de TeresaJosé Genivaldo Dias disse, no velório de Diego, que se Moisés for solto ele voltará para matar mais pessoas. “Um homem como esse não podia ter a farda. Ele bebia todos os dias, ficava andando com uma pochete presa ao corpo e arma dentro. Intimidava as pessoas. Esperamos que ele seja punido, queremos justiça. Ele avisou que quando fosse solto viria atrás de Teresa, se ela o abandonasse. Tememos pela vida dela e de qualquer pessoa que esteja perto, porque quem atirou nos próprios filhos pode atirar em qualquer um.”

Moisés Filho, a pedido dos médicos, ainda não foi avisado sobre a morte do irmão. Em audiência de custódia realizada no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, o sargento Moisés teve o flagrante convertido em prisão preventiva e foi encaminhado ao Centro de Reeducação da PM, em Abreu e Lima. Amparada pelos familiares, e enquanto os presentes gritavam por justiça no sepultamento do corpo de Diego, Teresa chamava pelo filho que não vai mais voltar.


Segundo namorada da vítima, PM matou porque não viu a esposa

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