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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Tortura Aprovada com Louvor


Por Christian Jafas
10/10/2007

Em 2006, o diretor Alex Gibney perdeu o Oscar de Melhor Documentário para "Marcha dos Pingüins" (2005), na ocasião, concorria com "Eron: Os mais espertos da sala" (2005) que investigava a falência da sétima maior empresa dos Estados Unidos. O caso foi um grande escândalo, os executivos simplesmente fugiram com bilhões de dólares deixando funcionários e acionistas sem um tostão.

Durante a festa de premiação, em meio a ressaca pela perda da estatueta dourada, um grupo de advogados sugeriu para Gibney se meter em outra polêmica questão e investigar as denuncias envolvendo tortura e abusos dos militares norte-americanos no Afeganistão.

Em 2005, o jornalista Tim Golden, do The New York Times, publicou uma série de reportagens, amparado em documentos oficiais, mostrando que a prática da tortura era comum nas prisões de Abu Ghraib, em Bagdá, e na Base Aérea de Bagram, no Afeganistão. 

As investigações do jornal começaram em 2002, após a morte do jovem taxista Dillawar, de apenas 22 anos. Preso e acusado sem provas de pertencer ao regime talibã, o afegão foi espancado e mantido em pé, algemado pelos pulsos. Na certidão de óbito, emitida pelo exército norte-americano, constava morte por homicídio, o documento estava escrito em inglês, e foi entregue à família da vítima que não fala a língua do Tio Sam. Em 2004, fotos que mostravam presos sendo humilhados por soldados na base de Abu Ghraib correram o mundo, mas a cúpula do exército considerou o caso como ‘obra de maçãs podres.      

A montadora Sloane Klevin acompanhou o documentário a convite do Festival do Rio e conversou com o público durante as exibições. Klevin disse que mesmo debatido a fundo pela imprensa escrita dos Estados Unidos o assunto não atingiu grande parte da população que não acreditava que o exército era capaz de torturar e matar prisioneiros de guerra.

Realizar Um Táxi para a Escuridão (Taxi to the dark side, 2007) foi a forma encontrada pelo diretor Alex Gibney de fazer o questionamento chegar a um povo acostumado ao audiovisual. O documentário contou com a colaboração dos correspondentes de guerra dos principais veículos da imprensa norte-americana e pelos jornalistas do NYT que divulgaram a morte de Dillawar dois anos antes.

Alex Gibney e Sloane Klevin sabiam que estavam mexendo num barril de pólvora. Quem ousa questionar os métodos do Governo Bush sofre sérias represálias por parte da máquina de poder da Casa Branca. Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 elevaram o grau de tolerância da população com o que era permitido fazer para defender a América.

Um Táxi para a Escuridão entrevista soldados que estavam nas bases militares de Abu Ghraib e Bagram, jornalistas, assessores militares e chega ao alto escalão de George Bush. O documentário parte do caso isolado do jovem taxista Dillawar e segue o rastro até a base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, onde a CIA e o exército desenvolveram e criaram métodos de tortura e testaram nos detentos. A produção do filme conseguiu pilhas de documentos oficiais entregues por fonte anônima que relatam passo a passo a aplicação da chamada engenharia da tortura: eletrochoque, LSD, mescalina, pentatol de sódio (soro da verdade) e uma série de métodos para induzir a privação sensorial.

Sloane Klevin termina sua breve conferência lamentando que ninguém foi condenado até agora. A capitã Carolyn Wood, oficial encarregada dos interrogatórios em Abu Ghraib e Bagram, nunca foi processada e é mantida intocável pelo exército norte-americano.   

MOSTRA FRONTEIRAS

UM TÁXI PARA A ESCURIDÃO (Taxi to the dark side)
Estados Unidos, 2007. 105 minutos.
Direção: Alex Gibney
Montagem: Sloane Klevin









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