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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Assange denuncia: EUA mantêm Bradley

26 de Agosto de 2012 - 8h43

Sob tortura


Ao falar da sacada da embaixada do Equador em Londres, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, pôs em evidência o soldado Bradley Manning, que está há mais de 810 dias em uma cela solitária e sob tortura nos EUA, acusado de ter vazado centenas de milhares de telegramas do Pentágono e do Departamento de Estado, assim como vídeos de crimes de guerra, considerando-o, caso seja a fonte dos mesmos, como "um dos presos políticos mais importantes do mundo".


Preso desde maio de 2010 em um centro do corpo de marines em Quantico, na Virgínia, incomunicável, Manning vem recebendo, segundo seu advogado, David Coombs, "um tratamento humilhante e degradante". "É uma forma de tortura", disse à BBC Ann Wright, ex-militar que deixou o exército norte-americano em protesto contra a invasão do Iraque. De acordo com as denúncias, Manning é forçado a ficar despido, a permanecer em pé sem poder se encostar a alguma estrutura por horas a fio, a cada cinco minutos é obrigado a responder aos carcereiros e é acordado durante o sono se voltar a face para a parede. Como assinalou Ann, trata-se "das técnicas trágicas que a Marinha usou em Guantánamo e Abu Graib".

O porta-voz da secretária de Estado Hillary Clinton, P.J. Crowlely, foi forçado a se demitir após afirmar que Manning não fora declarado culpado de crime algum e que sua prisão era "contraproducente e estúpida". Com base nas denúncias, o relator da ONU para casos de tortura, Juan Mendez, tentou investigar a situação de Manning, mas foi impedido pelo Pentágono, que não aceitou que ele se reunisse sozinho com o soldado. Visita, só na presença de oficiais dos EUA. Mendez se declarou "desapontado e frustrado com a má-fé" do governo norte-americano. A Anistia Internacional também teve negado pedido para vê-lo.

Manning enfrenta mais de 22 acusações, inclusive a de "colaborar com o inimigo", e está ameaçado até mesmo de execução. Ativistas e entidades de direitos humanos têm organizado protestos em frente à prisão em que Manning está encarcerado e arrecadado fundos para sua defesa. Mais de 250 juristas enviaram uma carta aberta a Obama, em que afirmam "que não há desculpas para este tratamento degradante e desumano antes de um julgamento". Entre os signatários, está Laurence Tribe, que deu aulas de direito a Obama em Harvard e que chegou a declará-lo seu melhor aluno. Ele classificou as condições de prisão de "ilegais e imorais".

Como se sabe, os documentos não foram "passados ao inimigo" – se é que foi ele – e sim ao WikiLeaks e daí às páginas dos jornais e telas das emissoras de TV do mundo inteiro o que, como os "Papéis do Pentágono" fizeram em 1971 em relação à guerra do Vietnã, só ajuda a impulsionar uma saída dos atoleiros no Iraque e Afeganistão. O que os documentos vazados mostraram foram centenas de milhares de atos do governo dos EUA intervindo no mundo inteiro, e o desastre no Iraque e Afeganistão. Um dos mais impactantes documentos é, exatamente, um vídeo da guerra do Iraque, em que um helicóptero é orientado, pela base, a disparar contra oito civis iraquianos. Os assassinatos são consumados diante das câmeras.

Chantagem

Ao que tudo indica, a tortura contra Manning tem como um dos objetivos fazê-lo incriminar Assange, contra quem, segundo o jornal inglês "Guardian", já há um indiciamento secreto e já está pronto um tribunal. No governo Nixon, os "Papéis do Pentágono" acabaram por apressar o final da guerra, e o nome de Daniel Ellsberg virou história. No de Obama, 2012, o soldado Manning está na câmara de tortura.

Fonte: Blog Altamiro Borges, publicado originalmente no jornal Hora do Povo:


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