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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Idoso chama a PM e é agredido pelos policiais após confusão na Serra

 

O caso aconteceu no dia 20 de dezembro em uma propriedade rural no Bairro das Laranjeiras, na Serra. A esposa de Sebastião Eli de Souza foi quem filmou a ação dos PMs; veja abaixo

Publicado em 09/01/2020 às 19h06
Atualizado em 09/01/2020 às 23h44
Idoso é agredido por policiais após confusão na Serra. Crédito: Reprodução
Idoso é agredido por policiais após confusão na Serra. Crédito: Reprodução

Um senhor de 60 anos, identificado como Sebastião Eli de Souza, foi agredido por policiais militares após fazer um acionamento pelo 190. O caso aconteceu no dia 20 de dezembro em uma propriedade rural no Bairro das Laranjeiras, na Serra. A esposa de Sebastião, que não quis se identificar, foi quem filmou a ação dos PMs. A todo o momento, ela pede que os policiais parem e avisa que o marido é um homem honesto e com problemas de saúde. Veja abaixo.

Em entrevista por telefone à reportagem de A Gazeta, Sebastião contou que acionou a polícia porque um homem entrou com uma máquina derrubando aproximadamente 40 metros da cerca de arame da propriedade em que ele vive, que pertence à cunhada de Sebastião.

"Eu fui tirar satisfação, perguntei por que ele tava derrubando a cerca. Ele disse que tinha comprado o terreno. Chamei a polícia, era 9h10. Quando eles chegaram, eu estava com um serrote fazendo uns serviços e já vieram apontando a arma pra mim, me xingando", contou.

Sebastião explicou que estava com uma roçadeira e uma serra de poda mexendo na plantação quando os militares apareceram. "Me derrubaram, me algemaram, gritei e minha esposa veio correndo, começou a filmar", detalhou o idoso.

No vídeo, é possível ver que, mesmo rendido e já no chão, um dos soldados dá um pontapé em Sebastião. "Depois que minha esposa parou de filmar, eu já estava algemado e eles me arrastaram no mato passando por espinhos, arame de cerca e continuaram me chutando e me deram vários socos até me colocar na viatura", lamentou.

Sebastião diz que chegou até a Delegacia Regional da Serra naquele dia por volta das 10h30 e só conseguiu contato pessoal com o advogado horas depois. Maiko Gonçalves de Souza revelou que o cliente só foi prestar depoimento às 17h. O celular da esposa de Sebastião foi confiscado pelos PMs.

Idoso é agredido durante abordagem da Polícia Militar

Sebastião ficou machucado após a abordagem dos policiais e precisou ser atendido em um hospital da Serra
Sebastião ficou machucado após a abordagem dos policiais e precisou ser atendido em um hospital da Serra. Maiko Gonçalves de Souza
Sebastião precisou levar pontos no rosto por conta da agressão
Sebastião precisou levar pontos no rosto por conta da agressão
Sebastião precisou levar pontos no rosto por conta da agressão
Sebastião precisou levar pontos no rosto por conta da agressão
Sebastião precisou levar pontos no rosto por conta da agressão

"Saímos da delegacia às 18 horas. É um verdadeiro descaso, tanto o recebimento quanto a condução do meu cliente e amigo. Tive extrema dificuldade de falar com ele pessoalmente. Não queriam deixar eu conversar com o Sebastião, fui desrespeitado pelos policiais militares e civis que ali estavam", relembrou o advogado.

Maiko afirma que o tratamento mudou apenas quando ele teve contato com o delegado de plantão. "É flagrante que houve excesso na abordagem, tanto para imobilização dele. Não dá para discutir. Foi ele quem chamou a polícia, não as outras pessoas", finalizou. Sebastião teve que assinar um termo e foi liberado após pagar uma fiança de R$ 500.

O QUE DIZ A POLÍCIA

Em resposta aos questionamentos feitos por A Gazeta, a Polícia Militar diz que foi acionada por um casal que relatou estar numa propriedade e possuir autorização para passar uma máquina no lote e que, porém, o maquinista havia sido ameaçado por um senhor vizinho do terreno, que teria apontado uma arma. Veja a nota na íntegra.

"Na manhã do último dia 20 a Polícia Militar foi acionada por um casal, que relatou estar numa propriedade e possuir autorização para passar uma máquina no lote, no Bairro das Laranjeiras, porém o maquinista havia sido ameaçado por um senhor vizinho do terreno, que lhe apontou uma arma, e por este motivo saíram todos correndo do local.

Uma viatura prosseguiu até o endereço, onde encontraram o acusado portando um grande volume na cintura. Prontamente os militares deram voz de abordagem, que foi desobedecida. Neste momento, o homem levou a mão à cintura, simulando estar armado, porém, tirou de lá um pequeno serrote e o arremessou contra os militares. Logo em seguida, o indivíduo pegou um pedaço de madeira e tentou agredir os policiais, que em ato contínuo tentaram imobilizá-lo.

Durante a tentativa de imobilização, o acusado ainda tentou pegar a arma de um soldado, chegando a segurar o armamento, porém não conseguiu retira-la do coldre. Diante da situação foi necessário o uso progressivo de força para conter o homem.

Devido algumas escoriações sofridas por causa da resistência, o acusado recebeu atendimento médico e, posteriormente, foi encaminhado à Delegacia Regional de Vila Velha.

Cabe ressaltar que qualquer cidadão que se sinta prejudicado com atendimento realizado pela polícia, pode se encaminhar à Corregedoria, munido de provas, e formalizar a denúncia para que o caso seja analisado".

POSICIONAMENTO DA DEFESA

Quanto às informações da polícia, Maiko afirmou que em nenhum momento foi apresentada alguma arma, e que foi o próprio Sebastião quem chamou a PM.

"O que estava na cintura era uma capa de celular que fica fixada no cinto, mas não havia nenhum objeto que pudesse justificar o armamento. É uma farsa essa história, uma desculpa da mais esfarrapada possível", argumentou.

O advogado revelou que o cliente vai formalizar a denúncia na Corregedoria da Polícia Militar.

O que Sebastião portava na cintura, segundo ele, não era uma arma, e sim uma capinha de celular. Crédito: Sebastião Eli de Souza
O que Sebastião portava na cintura, segundo ele, não era uma arma, e sim uma capinha de celular. Crédito: Sebastião Eli de Souza

PM REFORÇA

Em uma nova nota enviada à imprensa, a Polícia Militar afirma que o boletim de atendimento do Ciodes registra o nome completo e telefone utilizado pelo solicitante que acionou o 190, a não ser em casos em que a pessoa peça para não se identificar.

"Quem solicitou a viatura informou que esse senhor estava proferindo ameaças e portando arma de fogo. Por este motivo a guarnição se deslocou até a região para averiguação do caso, momento em que os policiais foram desacatados e houve a resistência à abordagem", completa.

Em contrapartida, Maiko, advogado de Sebastião, afirma que foi o cliente quem chamou a polícia primeiro, mostrando até o registro de chamadas.

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