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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cineasta canadense conta detalhes da agressão sofrida em protesto no Rio

15/07/2014 06h49 - Atualizado em 15/07/2014 11h52

PM aparece em vídeo chutando o rosto de Jason O'Hara.

'Não me surpreendi com a atitude deles', conta a vítima.

Henrique Coelho

Do G1 Rio

Vídeo mostra agressão sofrida por cinegrafista canadense (Foto: Reprodução Internet)Vídeo mostra agressão sofrida por cinegrafista canadense (Foto: Reprodução Internet)
Dois dias após o protesto na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio, em que pelo menos 15 jornalistas relataram ter sido agredidos por policiais militares, o jornalista canadense Jason O’hara, 35 anos, afirma estar indignado com a ação da PM. Em um vídeo publicado na internet, Jason O'Hara aparece caído no chão em uma das esquinas da praça, quando um PM se aproxima e chuta o rosto do canadense. O caso já havia sido relatado pelo G1 nesta segunda-feira (14).
Em entrevistaJason afirmou que esse foi um dos momentos mais dramáticos nos quatro anos em que está trabalhando no Brasil, mas disse que a atitude do policial não o surpreendeu. O canadense destacou ainda que o chute no rosto não foi a única agressão que ele sofreu.
“Alguns soldados passaram correndo por mim, mas um dos policiais me bateu com um cassetete na cabeça e nas costas. Vários outros policiais também me bateram. Não tive nenhuma surpresa com o que aconteceu comigo. Já vi vários casos assim, mas quando é com um estrangeiro existe maior atenção. Tem muita gente sendo morta nas favelas e ninguém fica sabendo”, disse.
Além da agressão sofrida, o canadense afirma que teve a câmera roubada por um policial militar. “Um policial retirou a minha GoPro [marca de um modelo de câmera], que disparava 70 fotos por segundo, que estava acoplada ao meu capacete. Outro policial, logo depois, me deu um chute na cabeça. O que me salvou foi o fato de estar com capacete e máscara”, afirmou Jason.
PM ignorou denúncia, diz vítima
Segundo Jason O'Hara, ao tentar denunciar o que tinha acontecido, foi ignorado por outro PM e ainda ouviu uma resposta mal-educada.
“Expliquei que havia sido roubado por um policial, e perguntei a ele o que poderia fazer. Ele me perguntou de onde eu vinha, eu respondi que era do Canadá. Então ele disse: ‘Vai lá para o Canadá para saber’", contou.
Jason foi diretor do documentário Ritmos de Resistências, sobre as UPPs no Rio, e, há quatro anos, vive entre o Canadá e o Brasil, fazendo filmagens sobre remoções realizadas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ele ainda está produzindo o seu primeiro longa-metragem, "Estado de Exceção", com o mesmo tema.
Em nota, a Polícia Militar alegou que dados da Inteligência mostravam que um grupo tinha a intenção de se dirigir à entrada do Maracanã, colocando em risco a segurança de milhares de torcedores. A corporação ainda afirmou que todas as denúncias e imagens recebidas relativas a excessos cometidos por policiais militares serão encaminhadas à Corregedoria e apuradas.
Jornalistas agredidos
Além de Jason, segundo o Sindicato dos Jornalistas, outros 14 profissionais da imprensa foram agredidos durante o ato. O protesto era pacífico até o momento em que os manifestantes tentaram sair da praça em direção ao estádio. A PM fez um cerco no local, impedindo a passagem das pessoas e atirou bombas de efeito moral para dispersar a multidão, dando início ao tumulto. 
O fotógrafo do Portal Terra, Mauro Pimentel, 28 anos, também diz ter sido alvo de agressões por parte da PM quando fazia uma reportagem sobre a manifestação. Ele conseguiu fotografar o rosto do policial que bateu com um cassetete em seu rosto.
Fotógrafo registrou momento em que disse ter sido agredido por policial. (Foto: Mauro Pimentel / Portal Terra)Fotógrafo registrou momento em que disse ter sido agredido por policial. (Foto: Mauro Pimentel / Portal Terra)
Sindicato vai recorrer a ONGs de direitos humanos
Após o protesto, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro publicou ato de repúdio à violência da polícia. “Além dos casos de agressões, houve também o cerceamento ao trabalho dos jornalistas e comunicadores em meio à repressão aos atos de protesto realizados na Tijuca. Os profissionais de imprensa foram impedidos de deixar a Praça Saens Peña durante duas horas, junto de cerca de 200 manifestantes. Esse grupo teve de enfrentar, sem possibilidade de refúgio, agressões físicas e o efeito das bombas de gás lacrimogêneo", diz o comunicado.

Com os novos casos de violência policial contra jornalistas e comunicadores registrados neste domingo, o Sindicato dos Jornalistas afirma que 92 profissionais e comunicadores foram vítimas de agressões e cerceamento desde maio do ano passado. O sindicato vai encaminhar uma nova versão atualizada desse relatório às autoridades da Justiça e da Segurança Pública nos níveis estadual e municipal, assim como às autoridades e ONGs de direitos humanos nacionais e internacionais.


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