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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Páginas em redes sociais expõem tortura e exaltam violência policial

19 de Outubro de 2015 Publicado por: Folha Noroeste Categoria: Acontece

Páginas em redes sociais expõem tortura e exaltam violência policial

Filosofia do “Bandido bom é bandido morto” soma adeptos em páginas do Facebook
Foto: Divulgação
Folha de SP
Rapazes detidos com as costas açoitadas, imagens que exaltam a filosofia de que "bandido bom é bandido morto" e selfies, muitas selfies com armas, compõem perfis não oficiais da polícia brasileira em redes sociais.
Dois vídeos mostram policiais torturando rapazes com tatuagens de palhaço – o símbolo é associado ao assassinato de agentes. Um é obrigado a raspar o desenho com lixa e álcool, sob pena de tomar um tiro no pé, e o outro tem a marca retirada das costas a faca.
As gravações circularam pelo WhatsApp, aplicativo de celular de troca de mensagens. Foram também publicadas pelo perfil do Instagram "Anjos Guardiões", pelo qual 39 mil seguidores acompanham fotos de operações, crianças fardadas e detidos com rostos feridos e inchados.
Os vídeos foram apagados após o início da reportagem -assim como o perfil "Batalhão de Choque PMERJ", que publicava fotos de apreensões e vídeos violentos. A reportagem localizou 19 páginas do tipo no Instagram, que somam quase 305 mil seguidores, mas apenas um dos responsáveis por esses perfis.
Funcionário de uma loja de eletrônicos, Ronaldo Gomes, 18, sonha em ser policial. Há um ano criou o "Polícia Brasileira", hoje seguido por 67 mil pessoas, para "mostrar o trabalho do policial no Brasil". Ele é auxiliado por um agente da Polícia Militar do DF, que não quer ser identificado.
"A polícia é muito desvalorizada pelo governo e pela população. Muita gente fala mal da polícia, mas, quando é assaltado, ela é a primeira a ser chamada", afirma Gomes, que relata receber seis fotos por dia de policiais, em média.
Ele diz não ver problema nas imagens que posta, como a de um cassetete em que se lê "direitos humanos". "Quando um bandido é morto, a população cai em cima da polícia. Quando acontece alguma coisa com um policial, cadê os direitos humanos?", questiona.

Foto retirada de rede social
"BANDIDO MORTO"
Imagens de luto por agentes mortos fazem parte da "Rota Adm", de admiradores do grupo de elite da PM paulista, seguida por 64 mil pessoas. Para o vereador de São Paulo Conte Lopes (PTB), capitão aposentado da PM cujas fotos figuram nesse perfil, o lema recorrente "bandido bom é bandido morto" nesse tipo de página na internet representa o que a sociedade pensa.
Ele se refere à pesquisa Datafolha realizada no final de julho, que apontou concordância com a premissa por metade da população das grandes cidades brasileiras. "Bandido morto não comete mais nenhum crime. Os bandidos que morreram em tiroteio comigo não estupraram mais ninguém", afirma.
Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno diz que policiais às vezes esquecem que representam o Estado. "Uma coisa é um policial achar que bandido bom é bandido morto, outra é o que o Estado de Direito diz: não existe pena de morte no Brasil." Ela afirma temer que "o uso indiscriminado das novas tecnologias acabe descambando para a barbárie".
Para Everaldo Patriota, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, as postagens são "coisa de faroeste". Ele condena as imagens de detenções –e há muitas, com rostos dos suspeitos e frases como "menos um vagabundo". "É expor a imagem de uma pessoa que está sob custódia estatal."
O Instagram não comenta casos específicos. Suas diretrizes estabelecem que a rede social aceita fotos que mostrem violência com o objetivo de condená-la, mas rejeita quem a glorifica. Essas imagens são analisadas a partir de denúncias, que podem levar à retirada do material.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, diz ser cada vez mais comum o registro de reclamações sobre esse tipo de conteúdo em redes sociais. A PM de São Paulo diz que as "páginas citadas pela reportagem não têm vinculação oficial com a Polícia Militar".
Caso sejam identificados por corregedorias, agentes podem ser acusados na Justiça de tortura e abuso de autoridade ou na Justiça Militar por apologia ao crime.

Mulheres policiais também estão nas páginas virtuais
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