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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Ex-delegado do caso Tayná defende investigação na Polícia Científica

05/10/13 - 00h03 - atualizada em 05/10/13 às 00h10

Silvan Pereira está preso, acusado de torturar suspeitos de matar menina. Ele afirma que os presos à época eram, de fato, os autores do crime

Do G1 PR, com informações da RPC TV



O delegado Silvan Rodney Pereira, primeiro responsável pelas investigações da morte da menina Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, defende que a Polícia Científica do Paraná deveria ser investigada. Segundo ele, a perícia apresentou duas versões para esclarecer o caso. Uma delas leva à conclusão de que a garota teria sido estuprada antes de ser morta.

Para o delegado, se houve erro nas investigações, isso partiu da perícia. “Eu acredito que quem tem que ser investigado é a Polícia Científica do Paraná”, afirma.

O laudo oficial do Instituto Médico-Legal apresentado dias depois da morte mudou as investigações do caso e resultou na soltura dos quatro homens presos por Silvan. Segundo ele, o grupo foi o responsável pela morte da garota. “Tenho convicção de que eles são os autores desse crime”, afirma. Os rapazes foram colocados no programa de proteção a testemunhas e levados para outro estado.

Além do laudo que apontou não haver indícios de que a menina não sofreu violência sexual antes de ser morta, os quatro suspeitos alegaram ao Ministério Público que sofreram tortura no período em que estavam detidos e que só por isso confessaram o crime. Um dos autores da tortura, de acordo com o grupo, foi o próprio Silvan. Por isso, a justiça decretou a prisão do delegado e de outros policiais também denunciados pelos suspeitos.

Silvan diz que ouviu duas versões dos peritos que analisaram a cena do crime. Um deles teria feito um desenho, que confirmaria a tese inicial de estupro. “Aqui ficaram marcas do sutiã que foi colocado nela [Tayná], marcas que só ficam em cadáver. Se você estiver vivo, essas marcas não ficam. Isso aqui, ele me fez”, diz mostrando o desenho.

O diretor da Polícia Científica, Leon Grupenmacher, informou que não pode dar informações sobre o caso, já que o processo segue sob segredo de justiça. Contudo, ele afirmou que não há divergências entre os laudos dos peritos.

Material genético

Uma das últimas reviravoltas do caso levantou ainda mais suspeitas sobre os policiais que foram acusados de tortura. Em setembro, a Justiça determinou que todos deveriam colher material genético, para que fosse confrontado com o sêmen encontrado no corpo de Tayná.

Silvan disse à RPC TV, que aceita fornecer o material genético, porém, se diz ofendido com a suspeita. “Eu fico muito ofendido com essa suspeita porque não tem fundamento. Como eu de delegado passo a investigado?”, alegou. Ainda conforme o delegado, ele sequer conhecia a família de Tayná antes das investigações.

O delegado também nega a acusação de tortura aos quatro rapazes. “Na minha delegacia, eu não torturei e eu não tenho conhecimento de que eles foram torturados. Agora tenho conhecimento hoje que eles foram torturados em outras delegacias”, comentou.


Primeiro delegado a cuidar do caso

O delegado preso era responsável pela Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, e foi o primeiro responsável por investigar a morte de Tayná. Dias depois da prisão dos quatro suspeitos, ele chegou a considerar o caso como encerrado.

As reviravoltas após a denúncia de tortura, porém, causaram mudanças nos rumos da investigação. Atualmente, o caso está nas mãos do quarto delegado e ainda não se sabe quem matou a menina.

No dia 5 de setembro, o Conselho Nacional do Ministério Público encaminhou um ofício ao Ministério Público do Paraná, pedindo que o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) acompanhasse as investigações do caso. Na avaliação do Gaeco, o órgão poderia iniciar uma investigação paralela à que tem sido conduzida pela Polícia Civil.


Corpo exumado

No dia 28 de agosto, o corpo da adolescente foi exumado para, segundo o MP,  esclarecer duas questões – se a garota foi vítima de violência física quando ainda estava viva e se, no corpo dela, não havia indícios de que ela teria sido estuprada. Como o processo corre em segredo de justiça, os promotores não falaram sobre a exumação, que foi acompanhada por dois promotores, dois técnicos do Instituto Médico-Legal (IML) e um médico legista. Porém, o promotor do MP responsável pelo caso, Paulo de Lima, que participou do procedimento, explicou como o exame pode colaborar com as investigações.

“A perícia realizada no corpo de Tayná foi muito bem feita. Agora o fato é que, com as investigações, novos elementos surgiram, o que necessitou que nós fizéssemos o procedimento de exumação, que foi focado principalmente no aspecto de se buscar lesões físicas acontecidas em vida e, também, nós tratamos da questão da violência sexual ter ocorrido ou não”.

“Seria prematuro dizer, mas eu acredito que [no crime] é muito mais sensível o sinal do homicídio do que da violência sexual, mas não está descartado, de modo algum, que tenha ocorrido a violência”, afirmou o promotor à época.


Tortura

O MP apresentou denúncia, no dia 1º de agosto, contra 21 suspeitos de tortura contra os quatro homens que haviam sido presos como suspeitos de matar e estuprar Tayná. Dos 21 suspeitos de tortura, 16 são policiais civis, um é policial militar, dois são guardas municipais e dois são presos de confiança. Além da denúncia por prática de tortura, alguns também foram acusados por falso testemunho, lesão corporal de natureza grave e abuso de autoridade e crime de natureza sexual.

A repercussão do caso e dos possíveis erros na investigação inicial acabou respingando na cúpula da Polícia Civil. O então delegado-geral, Marcus Vinicius Michelloto foi substituído por Riad Braga Farhat, que comandava a Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc).




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