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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Quadrilha de PMs cobrava propina até para entregar geladeira no Rio, diz MP

Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
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  • Pablo Jacob/ Agencia O Globo
    O coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro (ao centro), o terceiro homem na hierarquia da Polícia Militar, é uma das 20 pessoas que foram presas
    O coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro (ao centro), o terceiro homem na hierarquia da Polícia Militar, é uma das 20 pessoas que foram presas
quadrilha liderada por policiais militares do alto escalão do batalhão de Bangu (14º BPM), bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, é acusada de cobrar propina "até para uma simples entrega de geladeira", afirmou nesta segunda-feira (15) o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Cláudio Calo. Até o momento, 22 PMs foram presos por envolvimento com o grupo criminoso.
Calo afirmou que a ação da quadrilha indica a existência de uma "corrupção institucionalizada" na Polícia Militar, já que envolve todo o Estado-Maior do 14º Batalhão. O ex-comandante do batalhão e atual chefe do COE (Comando de Operações Especiais) Alexandre Fontenelle Ribeiro, terceiro homem na hierarquia da corporação, é acusado de ser o líder do grupo. Ele foi capturado em sua residência nesta manhã.
De acordo com a investigação, os policiais cobravam taxas para facilitar ou não reprimir diversos tipos de serviço, sendo a maioria associada ao transporte de passageiros e de carga. Para liberar um mototaxista sem carteira de habilitação, por exemplo, os PMs exigiam pequenas quantias. Já para liberar entregas de eletrodomésticos, móveis, entre outros produtos, a propina podia chegar até a R$ 2.000.
Calo informou ainda que o total do faturamento dos criminosos ainda está sendo calculado. Durante a operação, os agentes apreenderam quantias de R$ 287 mil e R$ 33 mil, respectivamente, nas residências de dois dos policiais presos. Foram expedidos pela Justiça 25 mandados de prisão. Três pessoas são consideradas foragidas, sendo dois PMs e um civil. Os militares terão que se apresentar em sete dias sob pena de deserção.
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Violência no Rio de Janeiro em 2014200 fotos

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18.set.2017 - As polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro realizam nesta segunda-feira (18) uma operação para reprimir o tráfico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, depois de um fim de semana marcado por confrontos entre criminosos da região. A guerra na comunidade, que teve início por conta de uma disputa entre quadrilhas rivais, deixou pelo menos dois mortos no domingo (17)Imagem: Divulgação/PMERJ
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, também falou sobre a operação. "A gente trabalha externamente, mas internamente também. As coisas aqui não param. A gente tem mais investigações dessa natureza para serem feitas", afirmou Beltrame. "Temos mais investigações de milícias, de UPP, de tráfico. Não há um calendário de investigações. As investigações ficam prontas e elas acontecem."
Calo explicou que a quadrilha se organizava como uma empresa de sociedade anônima. Cada policial tinha uma atribuição definida previamente: desde as equipes de policiamento ostensivo (que faziam a arrecadação nas ruas) até oficiais do comando do batalhão, responsáveis pela distribuição do dinheiro.
"As equipes de policiamento ostensivo tinham a função de arrecadar a verba e repassar para a administração [da quadrilha]. Era uma verdadeira holding criminosa militar", disse o promotor. "Alguns praças do batalhão de Irajá forneciam propinas arrecadadas para integrantes do 14º BPM, o que demonstra uma institucionalização da corrupção e não algo isolado", completou.

Quadrilha atuava em outro batalhão

De acordo com o Ministério Público, ao assumir o comando do 14º BPM (Bangu), o coronel Fontenelle providenciou a transferência de quatro oficiais que estavam sob seu comando no 41º BPM (Irajá): os majores Carlos Alexandre de Jesus Lucas, Nilton João dos Prazeres Neto, Edson Alexandre Pinto de Góes e o capitão Walter Colchone Netto.
O promotor Cláudio Calo explicou que o mesmo grupo já ordenava a cobrança de propina em localidades de Irajá. Com a troca de comando, argumentou Calo, Fontenelle preocupou-se em manter a configuração funcional do grupo a fim de perpetuar o esquema, dessa vez em Bangu.
"O comandante era responsável por nomear e manter no seu Estado-maior, em posições estratégicas do batalhão, essas pessoas que ele trouxe do 41º BPM. À época do 41º BPM, esses policiais já cometiam os mesmos crimes. Isso demonstra que a corrupção está institucionalizada", declarou Calo.
Segundo o subsecretário de Inteligência da Seseg (Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio), Fábio Galvão, o major Góes --que ocupava o cargo de coordenador de operações-- era o "grande articulador da propina no batalhão". Em sua casa, foram apreendidos R$ 287 mil na manhã desta segunda-feira (15). Segundo os investigadores, ele era um dos oficiais que tinha a incumbência de distribuir o dinheiro.
Outro oficial que se destacava na quadrilha era o capitão Colchone, que tem grande amizade com Fontenelle. Prova disso, argumenta o Ministério Público, é que Colchone foi levado para o COE Comando de Operações Especiais mesmo depois de ser preso e liberado por conta de um suposto envolvimento com a máfia dos caça-níqueis.
"Em vez de ir para a geladeira, que é o que acontece com o policial quando este responde a um processo, ele foi para uma unidade importante da PM por ordem do Fontenelle. Há uma forte amizade entre eles. É um fato que nos ajudou a elucidar a formação de quadrilha", explicou Calo.
A investigação mostrou também que Fontenelle e seus subordinados se preocupavam com a possibilidade de uma eventual discórdia entre os policiais do segundo escalão da quadrilha. Por esse motivo, o grupo providenciava o pagamento de propina em domicílio para um dos PMs presos nesta quarta. O acusado obteve licença total de serviço após ser atropelado, mas não deixou de receber a propina. "Os responsáveis pela arrecadação iam até a casa dele para fazer o pagamento", resumiu Calo.

Formação de quadrilha armada e concussão

A investigação de contra-inteligência durou cerca de 12 meses, e todos os crimes ocorreram entre o segundo semestre de 2012 e o fim do ano passado. Além do material apreendido hoje (dinheiro, documentos, extratos bancários, entre outros), o MP apresentará à Justiça elementos probatórios como interceptações telefônicas, escutas e depoimentos de vítimas. O material não foi divulgado para não comprometer o andamento do processo.
Os denunciados responderão pelos crimes de formação de quadrilha armada e por cada um dos crimes de concussão (extorsão cometido por servidor público) previstos na Justiça Militar. Além disso, o MP solicitará à Corregedoria da Polícia Militar a abertura de uma sindicância para verificar a evolução patrimonial e a movimentação financeira dos réus. Se forem constatadas irregularidades, o Gaeco deve denunciar os PMs também por lavagem de dinheiro.
Na denúncia, o Ministério Público também pediu ainda reparação por danos materiais e morais. "Morais, em respeito à Polícia Militar, porque a imagem do Estado do Rio de Janeiro foi afetada", finalizou Calo. (Com Agência Brasil)

  1. osni.dutra

    3 anos atrás
    Se os comandantes de Batalhões são criminosos, o que esperar da segurança pública para a população?
  2. Avatar de Tambzup

    Tambzup

    3 anos atrás
    Antigamente, as pessoas resolviam seus problemas sempre através do dialogo, somente em raríssimos casos, se usava da força, ou mesmo de atos mais radicais. Hoje em dia as pessoas se deterioraram de tal maneira, que aquelas que teriam e recebem para tal, cuidar do cumprimento da lei, da segurança, da violência e dos direitos das pessoas, usam suas prerrogativas para praticar atos nunca pensados em se tratando de uma Autoridade remunerada e equipada para desempenhar o seu papel. Elas fazem exatamente o contrário, libertam presos sentenciados, para nos assaltar, extorquir e até nos matar. N a minha modesta opinião é chegado o momento de se inverter os papeis e retornarmos ao começo, no tempo do fio de bigode como pala e lei. chega de tanta parafernalha para nos roubar e matar, tantos delegados, advogados, juízes e promotores, Desembargadores e Ministros, mesmo os do Supremo, que teriam a última palavra, raríssimas exceções, nos humilha, envergonha.
  3. Avatar de buls

    buls

    3 anos atrás
    Os policiais do Rio vivem com conforto que não diz com o ganho deles,casa e carros são camuflados pra não dar pista da corrupção,são verdadeiros marajás.
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