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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

MP investiga execução de traficante já preso por PMs do Batalhão de Choque na Rocinha

MP investiga execução de traficante já preso por PMs do Batalhão de Choque na Rocinha

Rafael Soares
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O Ministério Público investiga a execução de um traficante por PMs do Batalhão de Choque na Rocinha, na Zona Sul do Rio, na madrugada do último dia 6. A investigação foi aberta na última segunda-feira, após um casal de moradores da Rocinha prestar um depoimento bombástico a promotores da Auditoria Militar. No relato, eles revelaram que testemunharam policiais executarem um traficante já desarmado e imobilizado.
Segundo os depoimentos do casal, na ocasião, o traficante, baleado no pé durante uma troca de tiros, fugia de policiais por volta das 3h, quando arrombou a porta da residência do casal e os obrigou a escondê-lo. Em seguida, PMs do Choque chegaram à casa — seguindo o rastro de sangue — e capturaram o criminoso, que portava um fuzil calibre 556.
Após espancarem o homem na cozinha, os PMs deixaram o local com o bandido desarmado e imobilizado. Em seguida, o casal diz ter ouvido, de dentro da casa, o som de três tiros vindo do local onde os policiais e o traficante estavam.
A vítima foi identificada como Daniel Procópio Amaro, de 20 anos. Na ocasião, PMs do Choque afirmaram na Delegacia de Homicídios (DH) que trocaram tiros com bandidos e encontraram Daniel caído. Os PMs alegaram que o socorreram até o Hospital Miguel Couto, na Gávea. O fuzil foi apresentado pelos policiais na delegacia. O caso foi registrado como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial, o auto de resistência.
Coronel Pimenta (à direita) toma posse como novo corregedor da PM
Coronel Pimenta (à direita) toma posse como novo corregedor da PM Foto: Divulgação/PMERJ
No MP, o casal de moradores da Rocinha ainda revelou que fugiu de casa após a execução. Eles contaram que, desde então, os mesmos policiais voltam recorrentemente ao local, na Rua 2, parte alta da favela, para usar a casa como ponto de observação. O casal está morando há quase um mês na casa de parentes.
A denúncia é a mais grave de uma série feita por moradores da Rocinha ao MP e à Corregedoria da PM. Desde que o Choque começou a atuar na favela, há um mês, após a saída das Forças Armadas da favela. Ao todo, o órgão correcional da PM abriu 35 inquéritos contra agentes de várias unidades por crimes na favela no último mês — 20 são contra policiais do Batalhão de Choque.
Nesta quarta-feira, o MP determinou que todas as investigações envolvendo crimes cometidos na Rocinha sejam encaminhadas, da Corregedoria da PM, a promotores da Auditoria Militar. A medida foi tomada após a nomeação, ontem, do comandante do Choque, coronel Jorge Pimenta, como novo corregedor da corporação. Pimenta foi nomeado justamente no momento em que a Corregedoria apurava denúncias de crimes envolvendo policiais do Choque na Rocinha. Como o EXTRA revelou há duas semanas, os abusos investigados vão desde casos de invasões de casas a espancamentos e roubos.

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