Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

quarta-feira, 31 de maio de 2017

MP ouve policial militar e delegado sobre chacina no Pará

Depoimentos serão anexados a procedimento investigativo. Conteúdo não foi divulgado.


Segup afastou os envolvidos na operação que matou 10 agricultores em Pau D'Arco
O Ministério Público do Estado do Pará ouviu, nesta sexta-feira (26) um policial militar e um delegado da polícia civil que participaram da operação de cumprimento de mandados de prisão que resultou na morte de 10 pessoas em Pau D’arco, no sudeste do Pará. O conteúdo dos depoimentos não foi divulgado.
Nove homens e uma mulher morreram na ação ocorrida na quarta-feira (24). A Segup disse que os policiais foram recebidos à bala quando tentavam cumprir 16 mandados de prisão contra suspeitos do assassinato de um vigilante da fazenda, no fim de abril.
Fazenda onde ocorreu a chacina (Foto: Ascom/PC)Fazenda onde ocorreu a chacina (Foto: Ascom/PC)
Fazenda onde ocorreu a chacina (Foto: Ascom/PC)
Além dos policiais, o MP já ouviu familiares das vítimas e dois sobreviventes da chacina, um dos quais está internado no hospital de Redenção sob proteção da Polícia Federal. Segundo a promotoria, os depoimentos ainda são sigilosos, já que só podem ser divulgados após serem anexados ao Processo Investigativo Criminal, que foi aberto nesta sexta.
O Ministério Público também informou que já solicitou para a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) a lista com todos os envolvidos na operação.
De acordo com a Segup, 29 policiais, sendo 21 militares e oito civis, já estão sendo afastados das atividades rotineiras. Os agentes de segurança devem colaborar com as investigações.
Direitos humanos
Representantes da comissão de direitos humanos da Assembléia Legislativa do Pará, ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública e Coordenadoria de direitos Humanos do Pará estiveram nesta sexta nos municípios de Redenção e Pau D’arco para apurar os fatos da chacina.
O grupo coletou informações, que devem servir para a elaboração de um relatório sobre a situação de Pau D’arco em relação a violência no campo. Além de ouvir sindicalistas, a comissão visitou o hospital do município, onde constataram que não haviam feridos da chacina internados.
Movimentos sociais criticam atuação da PM
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou uma nota de solidariedade às vítimas, alegando que "a chacina de Pau D'arco é mais um triste episódio que evidencia oacirramento da violência no campo, vitimando trabalhadores e trabalhadoras rurais, a parte mais vulnerável dos conflitos envolvendo a posse e uso da terra no Pará".
A CUT disse ainda que denuncia "nacional e internacionalmente a atuação autoritária, desproporcional e despreparada da Polícia Militar do Pará diante do conflito de Pau D'Arco. Adotaremos todos os protocolos necessários junto aos organismos internacionais de Direitos Humanos para que apurem a responsabilidade do Estado com a escalada de violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais e os movimentos sociais que os representam".
O texto segue informando que os movimentos sociais esperam que as mortes das vítimas da chacina não sejam naturalizadas, e informa que a solução para os conflitos no campo depende da "democratização do acesso à terra e o reconhecimento de direitos territoriais historicamente violados".
OAB-PA acompanha investigação da chacina (Foto: Jalília Messias/TV Liberal)OAB-PA acompanha investigação da chacina (Foto: Jalília Messias/TV Liberal)
OAB-PA acompanha investigação da chacina (Foto: Jalília Messias/TV Liberal)
Sobreviventes
A OAB-Pará declarou que, segundo parentes das vítimas, há pelo menos oito sobreviventes escondidos, mas um homem que está internado em um hospital público no sudeste do Pará é considerado a única testemunha do caso por enquanto. Ele não corre risco de vida, mas permanece em observação na unidade de saúde e recebe proteção de homens da Polícia Federal.
"Nós já tomamos o depoimento dele, já foi gravado e a gente vai levar para o Ministério Público agora e analisar junto com os outros elementos que já recolhemos", diz o promotor de Justiça Agrária do município, Erick Fernandes, que esteve ouviu o trabalhador rural na noite de quinta.
"Ele relatou algumas coisas, mas algumas coisas vagas. Ele não foi muito concreto. E como a investigação ainda está se desenrolando, eu não poderia comentar a fala dele aqui por enquanto", explica o promotor.
Corpos das vítimas de chacina de Pau D'arco são velados no Pará (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Corpos das vítimas de chacina de Pau D'arco são velados no Pará (Foto: Lunae Parracho/Reuters)
Corpos das vítimas de chacina de Pau D'arco são velados no Pará (Foto: Lunae Parracho/Reuters)
Velório e sepultamento
Oito vítimas foram veladas na manhã desta sexta no ginásio da escola municipal Otávio Batista Arantes, em Redenção. De acordo a reportagem da TV Liberal, o velório durou cerca de três horas e os corpos seguiram para o sepultamento, devido o estágio avançado de decomposição em que se encontravam.
"Eu acho um pouco de descaso, porque disseram (autoridades) que iam chegar com os corpos preparados e não prepararam nada. O sofrimento é muito grande, porque é muita gente", disse o aposentado Marcelo Silva, parente de vítimas.
Nem todos os familiares conseguiram participar da cerimônia. "Só quem viu fomos nós. Nem os avós, nem as tias, ninguém viu mais. Nem os irmãos", afirma Manoel Pereira, parente de sete das oito vítimas veladas no ginásio.
Os corpos das oito vítimas foram sepultados no cemitério municipal Parque da Paz. Os corpos das outras duas vítimas da chacina foram sepultados em Pau D´Arco.
Corpos das vítimas do massacre em fazenda no Pará são vistos em hospital (Foto: Lunae Parracho/Reuters)Corpos das vítimas do massacre em fazenda no Pará são vistos em hospital (Foto: Lunae Parracho/Reuters)
Corpos das vítimas do massacre em fazenda no Pará são vistos em hospital (Foto: Lunae Parracho/Reuters)
Veja a lista das vítimas
Segundo o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, as vítimas são:
- Antônio Pereira Milhomem
- Bruno Henrique Pereira Gomes
- Hércules Santos de Oliveira
- Jane Júlia de Oliveira
- Nelson Souza Milhomem
- Ozeir Rodrigues da Silva
- Regivaldo Pereira da Silva
- Ronaldo Pereira de Souza
- Weldson Pereira da Silva
- Weclebson Pereira Milhomem
De acordo com a polícia, pelo menos 4 dos 10 mortos no episódio estavam com pedidos de prisão decretados. Os nomes dos mortos que teriam pedido de prisão decretados não foram discriminados.
2
 
COMENTÁRIOS
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este conteúdo não recebe mais comentários.
RECENTES
POPULARES
  • Maria Eduarda
    HÁ 4 DIAS
    A pergunta que não quer calar é: Cadê o assassino do vigilante da fazenda, que foi trucidado semanas antes do conflito? E cade o resultado da pericia das armas achadas com os invasores??? O que vemos é mais um caso em que "ja esta determinado que a policia massacrou , santos invasores"! E na realidade, se não tivessem invadido a fazenda e respeitado ordem judicial pra saírem de la pacificamente... estariam vivos e tranquilos recebendo suas Bolsas famílias!!
    • Abdiel
      HÁ 4 DIAS
      Mais um episódio onde a polícia é a vilã... E os invasores são as vítimas... Vítimas essas que usam armas (porte ilegal), vítimas que não respeitam a coisa alheia, vítimas que não respeitam ordem judiciais e policiais...

Nenhum comentário:

Postar um comentário