Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Tiro na cidadania

 O dançarino Douglas Rafael foi morto por um disparo, e não ao cair de um muro, como a polícia havia informado inicialmente. O crime provocou um violento protesto em Copacabana, repercutiu no mundo inteiro e pôs novamente em xeque a política de pacificação

postado em 24/04/2014 00:00
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 (foto: Pilar Olivares/Reuters)
(foto: Pilar Olivares/Reuters)A perícia desmontou a versão divulgada inicialmente de que o corpo do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, encontrado morto na manhã de terça-feira dentro de uma creche no Morro do Pavão-Pavãozinho, Zona Sul do Rio de Janeiro, não apresentava perfurações de bala, e sim, escoriações sugerindo óbito por queda. Ontem, o laudo do Instituto de Medicina Legal confirmou o motivo da morte do rapaz, que trabalhava no programa Esquenta, de Regina Casé, na TV Globo: um tiro que varou o tórax.

Depois da repercussão do caso, que incluiu um protesto violento nas ruas de Copacabana na noite de terça-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, convocou a imprensa, ontem à noite, para informar que os 10 policiais da Unidade de Polícia Pacificadora a (UPP) do Pavão-Pavãozinho que participaram de uma operação na comunidade na noite de segunda-feira tiveram as armas ;relacionadas;. No entanto, a Delegacia de Homicídios esclareceu que não adianta apreender o armamento, já que não foi encontrado material para confronto balístico na cena do crime.

Para a mãe de Douglas, Maria de Fátima da Silva, os policiais mataram o rapaz e manipularam as provas que poderiam incriminá-los. Ela cita, por exemplo, o relato de vizinhos da creche onde o corpo foi encontrado sobre um ;entra e sai; de PMs no local, pela manhã, usando luvas cirúrgicas. E questiona por que a perícia só foi chamada às 11h. Maria de Fátima voltou a lembrar que o corpo e os documentos do filho entregues a ela estavam molhados ; o que sugere que houve uma lavagem do cadáver e da cena do crime.

A mulher não acredita que Douglas tenha sido confundido com um traficante. Ela contou ontem, à imprensa fluminense, que o filho tinha uma ;picuinha; com os policiais da UPP porque os agentes teriam roubado a moto dele depois de uma discussão com o rapaz. Maria de Fátima assegurou que o veículo continua rodando no Rio porque várias multas chegaram. Ela disse que é um hábito da polícia ;pegar as pessoas no meio da madrugada para matar;. E destacou que, se Douglas não fosse da TV Globo, teria virado ;outro Amarildo;. Segundo ela, os moradores chegaram à creche quando os policiais tentavam tirar o corpo dele do local.

Quatro dos 10 policiais que faziam uma operação no Pavão-Pavãozinho depois de receberem uma denúncia anônima sobre o paradeiro de um traficante já prestaram depoimento, segundo o delegado da 13; DP, Gilberto da Cruz Ribeiro, que cuida do caso. Ele informou que pretendia ouvir os outros quatro ontem ainda. Na comunidade, a tensão e o clima de revolta com a morte do dançarino ainda eram sentidos ontem, mas não houve protestos nas ruas dos bairros vizinhos, como Copacabana e Ipanema.

A apresentadora do programa Esquenta, Regina Casé, lamentou a morte do parceiro de elenco e cobrou providências. ;Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar, claro, essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve. Mas é preciso que a polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza. Mas é o único consolo;, disse. O sepultamento de DG será hoje, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Deu no...
CNN
O protesto que tomou as ruas de Copacabana, devido à morte do dançarino Douglas Rafael Pereira, ficou no topo das notícias da América Latina mais lidas na página da rede norte-americana. O veículo ressaltou que, mesmo em favelas pacificadas, é comum a ocorrência de tiroteios entre polícia e bandidos.

BBC
O site da BBC informou que as principais vias de Copacabana, uma das mais procuradas áreas turísticas do Rio, foram fechadas por manifestantes exaltados com a morte de uma dançarino. O enfoque também foi na Copa do Mundo. A publicação ressaltou que faltam apenas dois meses para o Mundial e que o Rio é um dos principais destinos.

The Wall Street Journal
A notícia de dois grandes distúrbios no Brasil ocupou a manchete da seção América Latina da página do diário americano na internet durante todo o dia de ontem. A reportagem destacou o protesto nas ruas de Copacabana, bairro da praia mais famosa, e o incêndio de mais de 30 ônibus na Grande São Paulo.

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