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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Mãe de adolescente morto em ação policial lamenta perda, no ES

26/10/2016 07h40 - Atualizado em 26/10/2016 07h40


Mãe contou que sonho de Wedeson Souza era ser policial. 
Morte motivou ataques a carro do Correios, da TV Gazeta e a lojas.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta
Mãe mostra foto do filho que guarda no celular (Foto: Carlos Alberto Silva/ A Gazeta)Mãe mostra foto do filho que guarda no celular (Foto: Carlos Alberto Silva/ A Gazeta)
A doméstica Adilza Moreira de Souza, de 36 anos, mãe do jovem morto em uma ação da polícia no Bairro da Penha, em Vitória, na manhã desta terça-feira (25), contou que o sonho do filho era ser policial.
A morte do jovem de 17 anos, Wedeson Souza, motivou protestos na Avenida Leitão da Silva, em Vitória, na manhã da terça-feira. Um carro dos Correios e da TV Gazeta foram depredados. Lojas foram apedrejadas e, na comunidade, um veículo foi incendiado no meio da rua.
Versão da polícia
O jovem morreu durante um confronto com policiais no bairro. A PM informou que o rapaz de 17 anos já foi detido quatro vezes, sendo três por tráfico e uma por desacato. A equipe de militares fazia uma patrulha pelo bairro quado viu um grupo suspeito. Eles fugiram e o jovem acabou sendo alcançado. O rapaz lutou com um policial, levou um tiro na barriga e morreu. Os policiais disseram que acharam cocaína e crack em uma sacola com o rapaz.
A polícia disse que o jovem morto tentou tirar a arma da polícia. "Na verdade, a informações que a gente tem até o momento dão conta de que foi uma abordagem policial e que na verdade que os indivíduos, especificamente a vítima, não atendeu os procedimentos policiais. Avançou para o policial entrou em luta corporal e, durante, o policial efetuou um único disparo", afirmou o subcomandante geral da PM Ilton Borges.
Ainda segundo o subcomandante, todo o fato vai ser investigado. "Vai ser uma investigação na Polícia Civil e Militar, todas as informações vão ser apuradas e todas essas versões confrontadas com perícias para chegar a uma conclusão do que realmente aconteceu. O que a gente está apresentando uma versão inicial", completou.
Líder comunitário Sandro Rocha reclamou da abordagem da polícia no bairro (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Líder comunitário reclamou da abordagem da
polícia no bairro (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Versão dos moradores
Uma moradora que não quis dar o nome disse estava trabalhando quando a polícia chegou. "Eles fizeram essa abordagem totalmente despreparada. Jogaram bala de borracha, ameaçaram atirar essa bala no meu marido. Isso é sempre desse jeito aqui. A polícia chega achando que todo mundo é bandido", disse.
O líder comunitário Sandro Rocha disse que o adolescente que foi morto pela polícia estava indo comprar pão, quando foi abordado.
"Hoje de manhã o menino saiu para comprar pão e foi cruelmente assassinado por um policial, que despreparado, pensa que todo mundo é bandido. Só porque o menino é preto, de cor. Eu acho que se fosse um branquinho duvido se ele não abordava primeiro e perguntava quem é a pessoa. Mas como a gente vive numa comunidade carente, onde todo mundo é levado como suspeito. E aconteceu mais um fato, mais uma pessoa negra morrendo na comunidade periférica", disse.
Ele ainda afirmou que a comunidade vivia há algum tempo sem nenhum conflito. "Três anos que não tem nada aqui e vem um policial que deveria proteger a gente faz uma coisa dessas aqui. A comunidade não vai ser a mesma, porque vai voltar o que era antes. E a comunidade quer justiça", completou.
Mãe
A mãe de Wedeson, a doméstica Adilza Moreira de Souza contou que o jovem era o mais brincalhão e divertido dos seus quatro filhos.
“E também o mais carinhoso”, completa a própria mãe, descrevendo o filho de 16 anos. Enquanto realizava os procedimentos para retirar o corpo de Dedé do Departamento Médico Legal (DML), ela contou que o filho queria ser policial, estudava e que temia perder um filho para a violência do bairro.
O Wedson conhecia o bairro? Sabia onde estava indo?
Há três anos, quando houve a ocupação, os tiroteios aconteciam frequentemente, eu mudei com meus filhos para Itararé, na tentativa de protegê-los. Mas os meninos foram criados no alto do morro, iam todos os dias. Percebi que eu estava pagando aluguel à toa e voltei para lá.
Quando foi a última vez que vocês conversaram?
Na tarde de segunda-feira, eu deitei no sofá e ele ficou junto de mim. Conversamos muito e ele estava feliz com o fato de ter conseguido compradores para os 15 cachorrinhos que a cadela dele criou. Chegou a dizer ‘Mãe, o dinheiro vai nos ajudar com o Natal. Não será tão bom quanto do ano passado, mas ajudará’, disse meu menino.
Por que Wedeson saiu de casa?
Eu estava fazendo café enquanto ele saía de casa para comprar pão, como fazia todos os dias. Saiu de casa com a carteira no bolso, o celular e uma oração da igreja, como fazia todos os dias.
Como você soube que ele havia sido baleado?
Ele havia dado um abraço no irmão mais velho que ia sair pra trabalhar. E foi comprar o pão. Quando ouvimos os tiros, meu filho mais velho correu e viu o irmão baleado. Os PMs o colocaram dentro da viatura e meu filho mais velho foi junto, Wedeson morreu nos braços dele.
Seu filho foi apreendido alguma vez?
Ele já foi levado pela polícia por desacato por ter sido vítima de preconceito por ser preto e pobre, assim, era sempre abordado. Mas não havia nada de droga com ele. Meu filho queria ser policial e morreu por um tiro deles.
Garoto já foi apreendido por tráfico e desacato
No perfil do Facebook de Wedeson as fotos mostram um garoto que gostava de jogar futebol e ao mesmo tempo exibia fotografias de arma.
A imagem principal do perfil do garoto, aluno do 5º ano do ensino fundamental, era o desenho de um menino negro e a frente dele dois caminhos distintos: um que indicava a escola e no outro lado, armas eram oferecidas a caminho de um presídio. A mãe afirma que nada de ilícito havia com Wedeson quando ele foi morto.

Segundo a Polícia Civil, o adolescente foi apreendido quatro vezes. Em 2014, com 14 anos, foi flagrado, segundo a PM, com 49 buchas de maconha, 9 papelotes de cocaína e 2 pedras de crack, em junho.
Já em novembro, ele foi levado por desacatar PMs. Em dezembro do mesmo ano, o garoto foi parar na delegacia por portar 120 buchas de maconha e 28 pedras de crack. Em 2015, aos 15 anos, foi conduzido por desacato. Por ser menor e por nenhum dos delitos oferecem risco grave, Wedeson foi reintegrado à família.
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/10/mae-de-adolescente-morto-em-acao-policial-lamenta-perda-no-es.html

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