Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

Essa e a verdadeira cara da nossa Segurança Publica

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Policiais mataram e ocultaram o corpo do Juan...

08/07/2011 - 14h49

Órgãos públicos foram ineficientes e erraram no caso Juan, dizem especialistas

Fabíola Ortiz
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
  • Polícia do Rio confirmou morte de Juan Polícia do Rio confirmou morte de Juan
O enterro do corpo do menino Juan Moraes, desaparecido em 20 de junho e dado como morto na última quarta-feira (06), encerra um capítulo mas não conclui o caso, afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), ao criticar os órgãos públicos por terem sido “muito ineficientes” na condução do caso.
“Foi uma sucessão de erros e posturas equivocadas. Tudo indica que o Juan foi atingido pela polícia, e a solução que o policial encontrou foi desaparecer com o corpo. A Polícia Civil não investigou, não procurou o corpo, só com a pressão da imprensa. E a polícia ainda fez um laudo errado. Foi um conjunto de desastres”, disse Freixo ao UOL Notícias.

Reconstituição é feita nesta sexta-feira

Foto 9 de 12 - Policiais isolam as ruas que dão acesso ao local da reconstituição da morte do menino Juan de Moraes, 11, na comunidade Danon, em Nova Iguaçu (Rio de Janeiro). Juan desapareceu no dia 20 de junho, após incursão de policiais militares do 20º Batalhão à comunidade. Depois de um erro de perícia, a Polícia Civil do Rio anunciou quarta-feira que o corpo do menino havia sido encontrado na semana passada, em Belford Roxo Mais Zulmair Rocha/UOL
Segundo o deputado, muitas informações ainda precisam ser investigadas e explicadas. “Ficam muitas perguntas ainda. Como a perita não conseguiu identificar o corpo? E quantos outros casos a polícia agiu equivocadamente e que não se sabe?”
Para tentar descobrir o paradeiro de Juan, a Ong Rio de Paz lançou no começo da semana a campanha “Todo o Rio quer saber onde está Juan” e, depois das informações do corpo do menino que havia sido encontrado, a entidade de direitos humanos se pergunta agora “Quem matou Juan?”.
O presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos, disse concordar que houve uma série de equívocos que geraram muito desgaste para as autoridades. “O que não pode ser esquecido é o lado crônico, histórico e endêmico desse problema. Não são só os equívocos que a polícia cometeu, mas também o problema de desaparecimento de pessoas que foram executadas e que têm o corpo lançado em cemitérios clandestinos ou em rios.”
Em relação aos erros da perita que emitiu parecer sobre o reconhecimento dos restos mortais informando que se tratava de uma menina, Antônio Carlos afirmou que a perita foi precipitada ao afirmar inicialmente que o corpo não seria de Juan.
“No Rio de Janeiro, a gente não tem registro de erros crassos assim. Não houve perícia, o que houve foi um laudo pericial preliminar nada conclusivo que emitiu uma posição sobre a identidade, a perita se precipitou.”
O presidente da Ong Rio de Paz informou que a entidade vai continuar acompanhando o caso e que vai manter a campanha virtual na internet com uma fotogaleria de protestos da população.
“O que mais me preocupa nessa história é a impunidade, o fato de a polícia trocar tiros com traficantes. A polícia tem que entrar com mais cuidado e mais preocupada em preservar a vida dos inocentes. A pressão nesse momento é importante para obtermos a elucidação do caso”, afirmou.
O sociólogo José Augusto Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), destaca os altos índices de letalidade nas ações policiais, que, segundo ele, “não são compatíveis com a existência de uma sociedade democrática de um Estado de direito”.
“É tradição o uso excessivo da força e pura e simplesmente a execução extrajudicial. Virou rotina, uma prática como essa se viabiliza na medida em que existe uma atitude corporativista por parte dos órgãos de segurança em relação ao que acontece no cotidiano dos mais pobres”, disse.
Rodrigues concorda com Marcelo Freixo ao afirmar que “tudo leva a crer que mataram o menino sem nenhum motivo e tentaram se livrar do corpo”. Contudo, pelo fato de Juan ser um menino de 11 anos, a justificativa do auto de resistência (morte de suspeito em confronto) não iria colar”, informou.
O sociólogo comentou ainda que, para uma política de segurança que se sustente, é preciso que “se reforme parte do aparelho policial que atua através de meios ilegais, seja do ponto de vista da corrupção, seja da execução extrajudicial”.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admitiu ontem (7) que a polícia errou na condução do caso Juan, mas destacou que os responsáveis serão punidos. Para Rodrigues, a rotina não deve ser o descaso com jovens pobres da periferia, e sim a “investigação sistemática de toda violação da lei”.
 

Veja mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário