Imagens mostram recruta da
Aeronáutica sendo torturado no
Pará....
Agressores e agredido ainda trabalham normalmente no quartel.
Aeronáutica diz que crime será punido exemplarmente.
Do G1 PA
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Imagens gravadas com um celular mostram um recruta da Aeronáutica sendo torturado por outros militares dentro do alojamento do Hospital da Força Aérea Brasileira, localizado em um quartel, em Belém. O jovem é obrigado por um grupo de soldados a marchar, realizar exercícios físicos e, ao final do "trote", é espancado. Alguns dos homens ainda pulam sobre o rapaz, que permanece sem reagir às agressões e fica encolhido no chão até o fim da violência.

A gravação tem nove minutos e foi realizada no último dia 20 de julho. Nas imagens, dois dos soldados aparecem com o rosto coberto. A sessão de tortura inicia com a realização de uma marcha e de uma sequência de exercícios físicos. Ao demostrar cansaço, o recruta é ironizado. "Tá suando ou tá chorando? Tá chorando!", ri um dos homens.
Após ser obrigado a realizar o último exercício, começa o espancamento. O rapaz é agredido com chutes e pancadas por todo o corpo. Os demais ainda pulam sobre o recruta, que tenta permanecer imóvel até o final do "trote".
Não é o primeiro caso
Um ex-militar que serviu por quatro anos na Aeronáutica no Pará diz que o "procedimento" é comum. Ele revela que quando chegou ao quartel recebeu até spray de pimenta no rosto. "É uma espécie de batismo", explica o homem que prefere não se identificar.
Um ex-militar que serviu por quatro anos na Aeronáutica no Pará diz que o "procedimento" é comum. Ele revela que quando chegou ao quartel recebeu até spray de pimenta no rosto. "É uma espécie de batismo", explica o homem que prefere não se identificar.
Ele conta ainda que o ciclo de agressões continua. Quem já foi agredido, passa a ser o agressor dos mais novos na corporação. Quem já passou por isso, "quer descontar e fazer a mesma coisa. Cheguei a fazer...", lembra.
O caso registrado pelo celular foi denunciado por um familiar da vítima e um inquérito foi aberto pela Aeronáutica para apurar o caso. Segundo a companhia, seis soldados que teriam relação com o crime foram identificados. Eles continuam trabalhando normalmente no quartel, mas foram afastados de atividades realizadas no alojamento e precisaram devolver as armas. Segundo a Aeronáutica, a vítima também continua trabalhando no local normalmente.
Telles Ribeiro, chefe interino do Estado Maior da 1ª Companhia da Aeronáutica, explicou que precisa esperar a conclusão das investigações, mas que os culpados serão punidos. Segundo ele, a Justiça Militar "é quem vai definir a existência ou não de crime e a dimensão da punição. Se não for constatada a realização de um crime, e retornando o processo, nós apuraremos o caso como transgressão disciplinar militar, que será punida exemplarmante. Isso não pode ser tolerado. Esse tipo de gente não pode estar nas nossas fileiras", defendeu o militar.
RevoltaProcurador Militar e Representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), assistiram às imagens e classificaram o caso como lamentável.
"É um crime militar porque trata-se de maus-tratos - não sabemos se houve lesão corporal - praticados por militares contra outro militar da ativa em uma unidade militar!", explicou Clementino Rodrigues, procurador da Justiça Militar do Pará.
O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA, Marcelo Freitas, diz que vai acompanhar as investigações. "É claramente um caso de tortura. A lei diz que submeter alguém que está sob sua guarda ou autoridade a intenso sofrimento físico ou psicológico como medida de caráter preventivo ou aplicação de castigo é tortura", classificou o jurista.
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