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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dia de caos no IML de Goiânia por causa da greve

Da Polícia Civil..




Dia de caos no IML de Goiânia por causa da greve da Polícia Civil
Uma dor difícil de ser explicada. Durante todo o dia dezenas de pessoas permaneceram no saguão de entrada do Instituto Médico Legal (IML), de Goiânia, à espera da liberação de corpos de parentes. Foi difícil conter a revolta diante do que as famílias chamam de descaso e falta de respeito por parte dos grevistas. “Meu marido foi assassinado ontem as oito da noite. O corpo só foi levado para o IML por volta das seis da manhã do dia seguinte. E agora (mais de 12 horas depois) ainda estamos aqui à espera. Isso é falta de respeito. Nós não temos nada com a greve, só quero o corpo do meu marido”, desabafou, aos prantos, Lívia Traida Filov de Oliveira.
O marido de Lívia, Paulo Cézar de Oliveira, foi assassinato a tiro durante um assalto. Ele chegava em casa, no Setor Rio Formoso, região Sudoeste da Capital, quando foi atacado por vários criminosos. Antônia Medeiros, tia de Paulo, bem que tentou obter informação no guichê do IML, mas a resposta era de que somente a partir das 20 horas os corpos começariam a ser liberados. “Cadê as autoridades, nós não podemos pagar por essa greve. O que vamos fazer?”, questionou a dona de casa.
Até o início da tarde dez corpos estavam nas geladeiras do IML, dois teriam que ser retirado de hospitais e outros três estavam na rua, depois de assassinatos e acidentes de trânsito. Os médicos legistas estão trabalhando, mas sem os auxiliares de autopsia os corpos não podem ler liberados para velórios e enterro.
O desespero também tomou conta da família de Maria Gonzaga da Silva Arantes, de 71 anos. Ela morreu em um hospital de Goiânia depois de uma cirurgia. Como havia suspeita de erro médico o corpo teve que ser levado para o IML. A filha dela desabafou diante dos funcionários do órgão. “O problema é dinheiro eu pago pelos serviços. Minha família está no entorno de Brasília aguardando a liberação do corpo. Meu Deus, a quem devemos recorrer?”, disse Maria Nirce Arantes, filha da aposentada.
A situação de Florindo era ainda pior. O filho dele, Adrianao Moreira, foi assassinado na loja de rodas de propriedade dele, na Vila Bandeirante, às dez horas da noite de quarta – feira. O corpo só foi levado para o IML cerca de quatro horas depois. Até o início da tarde desta quinta – feira Florindo ainda tentava liberar o corpo do filho. “Meu filho não é lixo, é um ser humano, apesar de estar morto. Só queremos ter o direito de enterrar nosso filho com dignidade”, afirmou.
Vanderly Cardoso de Oliveira passou a noite e a madrugada no IML à espera da liberação do corpo do pai, que morreu em um hospital de Goiânia. O pai dele sofreu um acidente em Jussara, a 220 quilômetros da Capital, foi trazido para Goiânia, mas morreu horas depois. A morte de Geraldo Ponte de Oliveira foi confirmada as dez horas da manhã de quarta – feira. Mais de 24 horas depois Vanderley ainda não tinha conseguido levar o corpo para Jussara onde seria velado.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Silveira Alves, diz que apesar do sofrimento das famílias essa foi a única forma encontrada por eles para forçar o governo a negociar com os grevistas. “E a situação vai ficar ainda pior. Na segunda –feira vamos parar por 24 horas e na semana que vem vamos ter outra paralisação ainda mais pesada, vai ser uma semana sem liberar corpos e sem registrar boletins de ocorrências na delegacias”, afirma o sindicalista.
E o clima esquentou entre policiais e o Governo do Estado. Ficou decidido numa reunião extraordinária do Conselho Estadual de Políticas Salariais e Relações Sindicais (Consid) que os servidores que permanecerem paralisados terão pontos cortados. O cartão de abastecimento de veículos vai ser suspenso. Em nota enviada à imprensa a Secretaria de Gestão e Planejamento afirma que “em nenhum momento o governo de Goiás fugiu e nem fugirá ao diálogo com as lideranças dos servidores em greve” e garante que será mantida a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo por meio do conselho.

Veja a nota divulgada pela Segplan:

1 – Em nenhum momento o Governo de Goiás fugiu e nem fugirá ao diálogo com as lideranças dos servidores em greve;
2 – A justiça já decretou a greve ilegal e estabeleceu multa diária pelo descumprimento da medida;
3 – O movimento grevista não é total, permanecendo em funcionamento as delegacias de polícia e outros serviços;
4 – Está mantida a proposta de reajuste salarial apresentada pelo Governo do Estado de Goiás, através do Consind, às categorias em greve;

Diante do exposto, a Secretaria de Segurança Pública e o Consind evidenciam a tomada das seguintes providências:

A – Convocar os policiais civis e demais categorias em greve a retornar imediatamente ao trabalho;
B – Promover o corte de pontos dos servidores que mantiverem a paralisação;
C - Determinar a suspensão dos cartões de abastecimento dos veículos que não estão sendo utilizados no desempenho das atividades inerentes ao trabalho das categorias em greve;
D – Adotar medidas visando a remoção de corpos e a realização das perícias necessárias;
E – Intensificar a ação da Polícia Militar em todo o território goiano;
F – Manter aberto o diálogo, dando continuidade às negociações, buscando as melhores soluções para o contínuo aperfeiçoamento das atividades dos policiais civis e demais categorias.
Fonte: oloares ferreira





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